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Pouco antes de realizar um atentado, Alek postou em uma rede social: | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Um termo de origem inglesa tem ganhado destaque em debates sobre comportamento online e extremismo: "incels", abreviação de "involuntary celibates" (celibatários involuntários).
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Trata-se de homens que se dizem incapazes de estabelecer relações íntimas ou amorosas, muitas vezes culpando mulheres e homens sexualmente ativos por sua situação.
Embora não sejam um grupo formalmente organizado, os incels compartilham ideias em fóruns online, onde a frustração frequentemente se converte em discurso de ódio e apologia à violência.
Dois casos emblemáticos trouxeram visibilidade ao fenômeno. Em 2014, o americano Elliot Rodger, então com 22 anos, assassinou seis pessoas na Califórnia antes de tirar a própria vida.
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Rodger havia postado vídeos e textos nas redes sociais expressando ódio às mulheres e frustração por nunca ter tido uma relação íntima.
Ele descreveu o ataque como o "dia da retribuição", justificando seus atos como vingança contra uma sociedade que, segundo ele, o "privava" de amor e sexo.
Outro episódio ocorreu em 2018, quando Alek Minassian matou dez pessoas em Toronto, no Canadá, ao atropelar pedestres com uma van.
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Antes do ataque, Minassian publicou em uma rede social: “A rebelião incel já começou! Vamos derrotar todos os Chads e Stacys”, referindo-se, respectivamente, a homens atraentes e mulheres sexualmente ativas.
Os incels possuem um vocabulário próprio, com termos como “Chads” e “Stacys”, além de “blackpill” (“pílula preta”), que representa a crença de que o fracasso em suas vidas é irreversível.
Apesar de muitos relatarem problemas como depressão e ansiedade, especialistas alertam que a misoginia e o discurso de ódio não podem ser justificados apenas por questões de saúde mental.
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Segundo a psiquiatra Isa Kabacznik, da Associação Americana de Psiquiatria, esses fóruns agravam o isolamento dos participantes.
“Em vez de buscar ajuda ou superar decepções, eles encontram espaços que incentivam a perpetuação do ódio e dos comportamentos destrutivos”, explica.
Plataformas como Reddit têm tomado medidas contra grupos associados a incels. Em 2017, o site baniu o fórum “r/incel” devido ao conteúdo misógino e violento.
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Contudo, novos espaços continuam surgindo, mantendo ativas as discussões e a propagação de ideias extremistas.
Enquanto isso, surgem também iniciativas de apoio para aqueles que se identificam como incels, mas buscam superar seus desafios sem recorrer à violência ou ao ódio.
Esses esforços tentam oferecer alternativas positivas para lidar com a frustração e combater a radicalização, especialmente entre adolescentes, que são mais vulneráveis a discursos extremistas.
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O fenômeno dos incels expõe questões profundas sobre isolamento, misoginia e o impacto da internet na radicalização de indivíduos.
Embora nem todos os incels sejam violentos, os casos extremos reforçam a necessidade de um olhar atento da sociedade e de políticas para prevenir que frustrações pessoais se transformem em tragédias coletivas.
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