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A Hospedaria do Imigrante recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas de mais de 70 nacionalidades | Acervo/Museu da Imigração/APESP
No final do século XIX, a Câmara Legislativa do Estado de São Paulo, pressionada pelos fazendeiros de café, começou a debater uma lei para incentivar a imigração em substituição à mão de obra escravizada.
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Durante os debates, o deputado J.L. de Almeida argumentou que seria mais vantajoso incentivar a imigração de mão de obra chinesa. Ele justificou que a China enfrentava uma grande crise alimentar, com milhões de pessoas morrendo de fome e dispostas a trabalhar por comida.
O deputado Martinho Prado (ex-marido de dona Veridiana Prado) foi veementemente contrário à ideia. Ele argumentou que não era mais possível admitir a escravização de uma nova etnia no Brasil. Para ele, lucrar com a fome seria incentivar a escravidão, prática ainda presente no País.
O Brasil já havia tido uma experiência com imigração chinesa em 1808, quando o rei Dom João VI trouxe 400 chineses da colônia portuguesa de Macau. Eles foram destinados ao cultivo de chá no Jardim Botânico.
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A experiência fracassou, os chineses retornaram à China, mas o cultivo do chá chegou a São Paulo, originando o nome Viaduto do Chá.
São Paulo já enfrentava barreiras comerciais para exportar café devido ao escravagismo. Essas restrições geravam prejuízos crescentes, enquanto movimentos abolicionistas pressionavam para que as leis contra a escravidão fossem cumpridas.
Figuras como Luiz Gama e Antônio Bento desempenhavam papéis importantes nesse cenário.
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O crescimento das exportações de café aumentava a demanda por trabalhadores nos cafezais. Contudo, a mão de obra escravizada oriunda do Nordeste estava diminuindo, e a promulgação da Lei Áurea se aproximava.
Temendo perder competitividade, os barões do café transferiram a responsabilidade de seus prejuízos para o Estado.
Em 1878, enquanto a Lei Áurea ainda era protelada, a cidade de São Paulo criou uma lei que aumentava os impostos sobre a posse de pessoas escravizadas. Pouco depois, o Estado começou a oferecer incentivos para atrair imigrantes europeus.
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A imigração foi tão intensa que, em 1920, 59% dos habitantes de São Paulo eram imigrantes.
Entre 1870 e 1920, cerca de 1,4 milhão de italianos entraram no Brasil, representando 43% do total de imigrantes. Por essa razão, muitos brasileiros têm direito à cidadania italiana.
A imigração europeia foi essencial para a formação de bairros como Brás, Barra Funda, Bixiga, Mooca e Osasco. Esses bairros nasceram do crescimento industrial e da chegada em massa de imigrantes.
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Quando a Itália proibiu a imigração subsidiada, em 1908, o Brasil selou um acordo para incentivar a imigração japonesa.
A partir da chegada do navio Kasato Maru, em Santos, a comunidade japonesa começou a crescer no país. Entre 1917 e 1940, chegaram mais de 164 mil japoneses, dos quais 75% se estabeleceram em São Paulo.
Em 1912, surgiu a "Rua dos Japoneses" no bairro da Liberdade. Assim como a colônia italiana, São Paulo passou a abrigar a maior comunidade japonesa fora do Japão.
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Entre 1927 e 1950, a Guerra Civil Chinesa e a fome geraram um novo fluxo de imigração chinesa para o Brasil. Dessa vez, foi um movimento espontâneo e não incentivado pelo Estado.
Embora não tenha sido suficiente para criar bairros essencialmente chineses, essa imigração trouxe transformações culturais, especialmente na gastronomia, com pratos como frango xadrez e yakisoba.
Dessa onda de imigrantes, destacou-se Chu Ming Silveira, arquiteta famosa pela concepção dos protetores telefônicos, popularmente conhecidos como "orelhões".
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Um século depois, a imigração chinesa se espalhou pelo centro de São Paulo. Segundo o Observatório das Metrópoles (UFRJ), há mais de 12 mil chineses de primeira geração vivendo no centro da cidade.
Além disso, mais de 130 mil chineses e seus descendentes residem em São Paulo.
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