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Hebe, 95 anos: relembre a trajetória revolucionária da dama da televisão

Uma das maiores apresentadoras da história da televisão brasileira completaria nesta sexta-feira (8) 95 anos; ela faleceu em 2012 devido a um câncer

Ana Clara Durazzo

08/03/2024 às 11:00  atualizado em 17/07/2024 às 18:12

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Hebe Camargo influência até hoje a TV brasileira com sua trajetória

Hebe Camargo influência até hoje a TV brasileira com sua trajetória | Marlene Bergamo/Folhapress

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Hebe Camargo, uma das maiores estrelas da história da TV brasileira completaria 95 anos nesta sexta-feira (8). O coordenador de Rádio, TV e Internet da Faculdade Cásper Líbero, Renato Tavares, conversou com a Gazeta e ressaltou como Hebe Camargo se tornou a primeira dama da TV brasileira e como ela revolucionou o cenário televisivo. Confira a entrevista completa abaixo:
 

SBT planeja lançar séries documentais sobre Hebe Camargo e Gugu Liberato
 

Gazeta de São Paulo: Como você escreveria o papel da Hebe na história da televisão brasileira e o impacto cultural dela na tv popular?

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Renato Tavares: A Hebe tem uma grande importância histórica para TV brasileira porque ela participou desde as primeiras transmissões lá nos anos 50 até o falecimento dela em 2012, enquanto apresentadora. A Hebe conseguiu trazer um estilo de apresentação com criatividade, irreverência, originalidade em que conseguia deixar os entrevistados bem à vontade para responderem perguntas e criar uma relação de intimidade tanto para os seus convidados, quanto com o público que assistia.

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Para muitos ela é considerada a primeira dama da TV brasileira. Além disso, também é importante destacar que a Hebe Camargo conseguiu trazer para os programas dela a discussão de temas importantes para a sociedade relacionados às questões, por exemplo de diversidade e temas que levaram muito tempo depois para serem discutidos na televisão. Hebe conseguiu até em momentos de ditadura trazer discussões e conversas que eram importantes para a sociedade 

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Hebe Camargo conseguia deixar os convidados à vontade em seu programa através de seu carismaHebe Camargo conseguia deixar os convidados à vontade em seu programa através de seu carisma/ AgNews

Gazeta de São Paulo: Quais foram os principais desafios que a Hebe encontrou  ao longo da sua carreira e como ela enfrentou e superou eles? 
 
Renato Tavares: A Hebe enfrenta desafios, no começo ali, nas primeiras décadas da TV brasileira em relação à restrição da inserção do trabalho da mulher no mercado. Então ela teve que mostrar que mesmo no mundo dos apresentadores que era só masculino, que poderia ter mulheres em instâncias importantes na televisão.


Exposição homenageia Hebe Camargo em São Paulo
 

Ela também pegou uma época que existia até um preconceito em relação às pessoas que trabalhavam no meio televisivo como se não fosse um trabalho muito sério, ético ou profissional. A Hebe passou os desafios da evolução tecnológica, de pegar uma época em que a TV só praticamente conseguia se produzir ao vivo, depois trabalhar com diferentes tecnologias, do analógico como no passado preto e branco para o colorido.

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A Hebe chegou na fase da TV digital em alta definição e mesmo assim ela conseguiu atrair a atenção de todas as gerações. E isso se deve ao fato de que ela conseguiu ser realmente uma artista que chamava atenção.

Hebe Camargo enfrentou preconceitos no meio artístico devido ao fato de ser mulher Hebe Camargo enfrentou preconceitos no meio artístico devido ao fato de ser mulher/ Reprodução/Senado Federal

Gazeta de São Paulo: Você falando como coordenador de Rádio, TV e Internet, quais são os principais legados deixados por Hebe Camargo para as gerações futuras e apresentadores de comunicação e como ela ainda depois de morta, influência no trabalho de auditório? 

Renato Tavares: A Hebe deixou um legado de estilo de apresentação, de como trabalhar a questão opinativa e subjetiva. Não só a objetividade como também trabalhar com a informação o fato puro mas também de mostrar que há possibilidades para que apresentadores se coloquem, se posicionem.

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Ela conseguiu trabalhar a informalidade em conjunto com o carisma. Então ela adaptava o texto e a fala dela para o público, isso é: muitas vezes a pessoa que estava sendo entrevistada estava se sentindo ali como convidada ou com a sensação que realmente estava abrindo a sua casa para ela, só que por meio do programa de televisão.

Hoje nós temos o formato de programas de auditório com sofás e foi ela que conseguiu implementar muito bem essa ideia do sofá. De você ter uma apresentadora, ter uma “host” ali que recebe convidados diferentes para poder desenvolver uma conversa que seja interessante e que ao mesmo tempo respeite aquele tempo televisivo que a gente precisa ter nas grades de programações.


Filho de Hebe expõe desafetos da mãe
 

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Além disso, ela ajudou a popularizar e a valorizar a importância do auditório. Não só de conversar com quem tá em casa, mas de valorizar a interação com o auditório e mostrar a essência do programa de variedades. Hebe conseguiu em seu programa, organizar a hora discutir diferentes temas, isso é: ela sabia a hora de começar uma discussão mais informativa, jornalística e hora de abrir espaço pra pautas de entretenimento, como por exemplo apresentações musicais.

Hebe acabava ditando modas, inspirando algumas pessoas, com o uso das cores do figurino/ AgNewsHebe acabava ditando modas, inspirando algumas pessoas, com o uso das cores do figurino/ AgNews

Gazeta de São Paulo: A Hebe tem origem humilde, do interior de São Paulo, em Taubaté. E segundo você ela trouxe o sofá, elemento comum nas casas brasileiras. Seria esse o elemento que gerou identificação da grande massa com ela?

Renato Tavares: Muita gente identifica que a origem do interior pode ter ajudado nessa informalidade na questão do “Carisma da Hebe Camargo”. O que  mais se percebe é que depois de alguns anos quando ela já fica muito famosa ela até passa a ostentar roupas de grife e joias.  Mas mesmo essa parte da joias, ela acaba caracterizando a Hebe como personagem, mas uma personagem que continua conversando com seu público, e que pensava no contexto social do Brasil.

Ela não criava assim um deslocamento, como se boa parte do público fosse do povo e ela fosse de uma elite privilegiada, Hebe continuava conseguindo estabelecer esse diálogo público, mesmo as vezes mostrando interesses muito ligados à moda e a joias. Nesse sentido muita gente acha até que a Hebe acabava ditando modas, inspirando algumas pessoas, com o uso das cores do figurino. 

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Hebe no papel entrevistadora e apresentadora,  mostrava uma essência de simplicidade, a de não se colocar acima dos convidados ou parecer melhor, mais famosa, mais conhecida com os convidados. Ela conseguia estabelecer realmente uma discussão, um debate, uma entrevista  bem de perto, olho no olho ou até mesmo com o selinho.

Aquele selinho que, inclusive, é visto mais como um sinal mais de respeito, de admiração e não tanto como a conotação sexual. Foi através disso que ela foi conseguir imprimir marcas, onde ela se permitia fazer coisas diferentes enquanto apresentadora.

A Hebe conseguiu chamar a atenção da mídia justamente por esses momentos de improviso falar o que pensa ou de criar características como falar diminutivo, chamar os convidados de gracinha, de comentar uma apresentação e até aquela questão do selinho, do beijo rápido ali na boca como uma questão de confiança de carisma.

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O selinho de Hebe Camargo é visto mais como um sinal mais de respeito, de admiração segundo Renato TavarezO selinho de Hebe Camargo é visto mais como um sinal mais de respeito, de admiração segundo Renato Tavarez/ AgNews

Gazeta de São Paulo: Em termos de inovação e influência, quais são os 5 momentos mais marcantes na trajetória profissional de Hebe e como eles moldaram a televisão brasileira?

Renato Tavares: Podemos pontuar a Hebe como uma artista completa, então colocar historicamente ela teve momentos como:

  • Cantora;
     
  • Já foi dupla até dupla sertaneja;
     
  • Já se apresentou de maneira solo como cantora;
     
  • Ela já foi atriz e
     
  • Já chegou a fazer até adaptações de produções humorísticas na Record no SBT.

Como apresentadora o momento mais importante, de auge na carreira de Hebe é quando ela consegue estar em perfeita sintonia durante muitos anos tendo aquele horário fixo de segunda-feira à noite. Já para o cenário de apresentação dos programas, uma das grandes influências é de como ela conseguiu segurar por muitos anos uma audiência significativa naquela faixa horária.

Há também o fato de que a Hebe sempre foi uma pessoa que contava com muita simpatia, era muito bem vista pelo mercado publicitário pelos anunciantes. Então eles enxergavam a Hebe como uma pessoa positiva para poder também divulgar, produtos e serviços.

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Outro ponto da Hebe também está ligado às causas sociais, como o exemplo de que a própria Hebe foi madrinha do Teleton, a  nossa primeira grande maratona televisiva de causa social, que resultou em até de chegar à venda de boneca, a Hebinha, para contribuir com a AACD. 

Pode destacar esses pontos, tivemos Hebe cantora, Hebe atriz, Hebe apresentadora associada ao SBT na segunda à noite, Hebe AACB, Hebe Embaixadora de projetos sociais.

Quem foi Hebe Camargo?

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Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani, nasceu em Taubaté, no interior de São Paulo, em 8 de março de 1929. Seu nome artístico era apenas Hebe Camargo, e entre seus ofícios, estava ser apresentadora, cantora, radialista, humorista e atriz brasileira. 

Após uma longa carreira consolidada, ela foi considerada como a Rainha da Televisão Brasileira, e fez uma fortuna milionária somente atuando como apresentadora de TV, além de ser a apresentadora mais premiada de todos os tempos. Ela faleceu no dia 29 de setembro de 2012 aos 83 anos, vítima de câncer, deixando um legado que até hoje influencia e inspira o cenário televisivo.

*Texto sob supervisão de Matheus Herbert 

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