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Entenda por que a rua da Consolação ganhou fama de mal-assombrada devido à aparição de fogo-fátuo no fim do século XIX (foto ilustrativa) | Pexels
Nas noites quentes da São Paulo do final do século XIX, uma névoa azul-esverdeada explodia em labaredas de fogo no local onde anteriormente ficava parte de um cemitério, na rua da Consolação. Muitos acreditavam que espíritos aprisionados vagavam pelo mundo dos vivos. A lenda assustou os moradores e criou um mistério até hoje pouco explicado.
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Em 1800, foi construída a igreja Nossa Senhora da Consolação. Mais tarde, a igreja deu origem ao bairro da Consolação, com sua famosa rua homônima e o Cemitério Municipal, em 1858.
No final do século XIX, a ocupação da avenida Paulista trouxe mudanças à região. A rua da Consolação precisou ser alargada e parte do cemitério foi demolida.
Os cadáveres do trecho desapropriado foram exumados. Contudo, as valas comuns não foram removidas. O terreno nivelado foi entregue ao trânsito público.
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Essa decisão causou polêmica. Para muitos, mexer em cemitérios era algo desrespeitoso e preocupante.
Pouco tempo depois, eventos misteriosos começaram a assustar os moradores. À noite, uma névoa azul-esverdeada surgia nas antigas valas comuns.
As luzes transformavam-se em labaredas e o fenômeno foi associado à presença de espíritos pecadores. Diziam que esses espíritos, obrigados a vagar pelo espaço, tinham sido perturbados pelo alargamento da rua.
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A superstição fez com que o trecho permanecesse desocupado por anos. Terrenos ao redor só foram vendidos décadas depois.
Apesar das lendas, o mistério da Consolação tem explicação científica. O fenômeno conhecido como fogo-fátuo ocorre quando gases provenientes da decomposição de matéria orgânica no subsolo entram em combustão.
Em ambientes sem oxigênio, microrganismos geram gases como metano e fosfina. Quando esses gases entram em contato com o ar, produzem chamas azuladas ou esverdeadas, com aparência fantasmagórica.
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O fogo-fátuo inspirou diversas lendas, como a do Boitatá, uma figura criada pelos indígenas para explicar fenômenos similares nas florestas.
Apesar de ser um processo químico natural, o fogo-fátuo alimentou o imaginário popular da época. A mistura de superstição e ciência ajudou a criar uma das lendas mais marcantes do centro histórico de São Paulo.
A rua da Consolação segue como um marco da cidade, carregando histórias de mistério, lendas e ciência em suas esquinas.
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* Com informações de "Os fantasmas da Cidade Antiga", Miguel Milano, Edições Saraiva, 1949.
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