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Quando era meio-campista do Fluminense, Breno Mello recebeu o convite para estrelar Orfeu Negro, produção que viria a ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro | Reprodução
Um jogador de futebol, chamado Breno Mello, protagonizou uma das reviravoltas mais impressionantes da história do esporte e dos cinemas. Quando era meio-campista do Fluminense, ele recebeu o convite para estrelar Orfeu Negro, produção que viria a ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro.
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Baseado em uma peça teatral de romance de Vinícius de Moraes, a trama foi gravada toda no Rio de janeiro e contava com outros atores brasileiros no elenco, além de uma estadunidense.
Lançado em 1959, o filme levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1960. Saiba mais detalhes abaixo.
Meio-campista de origem, começou a carreira no São José, do Rio Grande do Sul. Com uma carreira de sucesso pela região, foi campeão Gaúcho de 1954, pelo Renner.
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Atuou por grandes clubes, como Santos e Corinthians, e em 1958 chegou ao Fluminense, clube que viria a ser o principal de sua carreira pelo seu desfecho.
Em 1959, quando ainda defendia o Fluminense, foi convidado para estrelar Orfeu Negro (Orphée Noir, em francês). Ele, então, aceitou o desafio, deixando a carreira no futebol de lado, para uma decisão que iria mudar a sua vida.
Após vencer mais de 300 concorrentes, Breno Mello protagonizou Orfeu, contracenando com a estrela estadunidense Marpessa Dawn, que faz o papel de Eurídice.
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Na atração, Mello canta as canções "A Felicidade" e "Manhã de Carnaval", tendo sido dublado por Agostinho dos Santos.
Inspirado no romance teatral de Vinicius de Moraes "Orfeu da Conceição", a trama conta a história de Orfeu, um condutor de bonde e sambista do morro, que se apaixona por Eurídice, uma jovem do interior que vai para a cidade carioca fugindo de um estranho.
A história foi adaptada do clássico conto grego de Orfeu e Eurípides para o contexto carioca. Além de Breno Mello, outros brasileiros também estão no elenco, como as atrizes Lourdes de Oliveira e Léa Garcia. O filme venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1960.
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Contudo, embora conte com elenco brasileiro e uma história de Vinicius de Moraes, filmada inteiramente no Rio de Janeiro e sendo em português, o Oscar conquistado não veio para o Brasil.
Como o diretor do filme (e também roteirista) Marcel Camus era francês, a Academia considerou o filme produzido como vindo da França.
O filme também ganhou outros prêmios, como a Palma de Ouro em Cannes, em 1959 e o Globo de Ouro, além de contribuir para a globalização da bossa nova.
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Outro caso de "Oscar brasileiro", é o da atriz Luciana Arrighi, que recebeu a estatueta por "Retorno a Howards End".
“Reza a lenda que o Vinicius chamou o Marcel Camus para contar sobre essa peça que ele elaborou, e o Marcel ficou encantado, a ponto de ele decidir vir ao Brasil para acompanhar a peça”, contou o cineasta e pesquisador Joel Zito Araújo no programa Bem Viver, da Rádio Brasil Atual.
Segundo Araújo, a culpa desse ocorrido é da embaixada brasileira na França, que se recusou a inscrever o longa–metragem no Festival de Cannes como uma coprodução brasileira, italiana e francesa.
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Outra motivação seria a de um conceito racista, apontado pelo Vinicius de Moraes.
“O Vinicius [de Moraes] critica dizendo que o motivo que levou a embaixada brasileira e o Itamaraty a fazer isso foi racismo, porque era um filme que, conforme a embaixada, representava o Rio de Janeiro de uma forma que eles não gostariam que o Brasil fosse apresentado, como se fosse um país negro, quando na verdade o Brasil é ‘um país branco’, do ponto de vista do Itamaraty”, contou Joel, na entrevista.
Após a atração premiada, Breno ainda fez mais cinco filmes. Em 1964, retornou ao futebol, atuando pelo Água Verde, atual Paraná Clube, mas deixou o clube sem grandes feitos, sendo reserva.
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Até 2004, Mello esteve distante das telas e, desde então, foi procurado para aparecer no documentário para televisão À la recherche d'Orfeu Negro, para falar do impacto causado pelo filme Orfeu Negro na música brasileira.
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