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Entenda como foi o enterro de Silvio Santos na doutrina judaica | Lourival Ribeiro/SBT
O corpo de Silvio Santos foi sepultado neste domingo seguindo os rituais judaicos tradicionais, em uma cerimônia reservada a familiares e amigos íntimos.
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Nascido no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, o apresentador teve seu funeral no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo.
Os procedimentos foram orientados pela Congregação Israelita Paulista (CIP) e executados pelo Chevra Kadisha.
Na cultura judaica, a morte é vista como uma parte natural e inevitável do ciclo da vida. O judaísmo ensina que a vida e a morte são inseparáveis, e que a morte deve ser encarada com respeito, sem temor.
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Conforme a tradição judaica, a alma é eterna e continua sua jornada espiritual após a morte do corpo físico. O corpo, por sua vez, é tratado com o máximo respeito, pois é visto como o recipiente temporário da alma durante a vida na Terra.
Os rituais associados ao sepultamento refletem essa conexão espiritual. A purificação do corpo, conhecida como Tahará, é um dos rituais mais importantes, realizado por membros da comunidade judaica chamados Chevra Kadisha.
Durante esse processo, o corpo é lavado com água pura, simbolizando a purificação tanto física quanto espiritual, e é vestido com roupas simples e brancas, chamadas Tachrichim. Esse tratamento do corpo com dignidade e simplicidade reflete a crença na igualdade de todos perante a morte e o Criador.
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Esses rituais são feitos para garantir que a alma possa partir em paz, retornando ao seu criador sem impedimentos. A rapidez do sepultamento também é uma prática comum, realizada geralmente dentro de 24 horas, para que a alma possa descansar quanto antes.
Se o falecimento ocorrer no sábado, dia de descanso para os judeus e no qual os enterros são proibidos, deverá ser no dia seguinte, como ocorreu com Silvio Santos. A cremação para os judeus é proibida. A religião entende que a decomposição do corpo deve ocorrer naturalmente.
O Tahará é um dos rituais mais importantes no processo funerário judaico, simbolizando respeito e dignidade ao falecido. Realizado pela Chevra Kadisha, um grupo voluntário considerado sagrado, o Tahará envolve a lavagem cuidadosa do corpo com água pura, seguindo uma série de preces específicas.
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Essa purificação é uma prática essencial que reflete a crença de que o corpo deve ser preparado de maneira respeitosa e adequada para a sua devolução à terra.
Durante o Tahará, o grupo pede perdão em nome do falecido por qualquer pecado que ele possa ter cometido, garantindo que o corpo esteja limpo, tanto física quanto espiritualmente, antes de ser sepultado.
Este ritual é realizado no cemitério, em um local reservado e com muita reverência, pois se acredita que a alma do falecido continua presente durante esse processo.
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Após a purificação, o corpo é vestido com um conjunto de mortalhas simples de linho branco, chamado Tachrichim. Essa vestimenta é praticamente um lençol que envolve o cadáver a ser sepultado, e simboliza a igualdade de todos os seres humanos diante da morte.
No judaísmo, acredita-se que na morte, todos retornam ao Criador da mesma maneira, independentemente de sua posição social ou riqueza em vida. Essa simplicidade na vestimenta também reflete a humildade e a pureza com as quais a alma deve se apresentar perante Deus.
O uso do Tachrichim é um lembrete poderoso de que, no fim, todos são iguais e que o foco deve ser a espiritualidade e não os bens materiais
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No judaísmo, a simplicidade e a humildade são valores centrais refletidos até mesmo nos rituais de sepultamento. O caixão tem que ser simples e não pode ser aberto, pois na tradição judaica, é preciso respeitar a igualdade de todos perante a Deus.
A única decoração permitida, em alguns casos, é a Estrela de Davi, que pode ser gravada na tampa do caixão. Essa prática sublinha a ideia de que, no final, o foco deve estar na alma e sua jornada espiritual, e não nos bens materiais ou status que a pessoa possa ter possuído durante a vida.
Durante o sepultamento, é costume que os familiares e amigos próximos carreguem o caixão até o local final de descanso. Esse ato de carregar o caixão é visto como uma última demonstração de respeito e amor pelo falecido, permitindo que aqueles que o amavam participem diretamente do processo de despedida. Essa prática também reforça a comunidade e o apoio mútuo durante um momento de dor e perda.
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Após o sepultamento, a família do falecido entra em um período de luto intenso conhecido como Shivá, que dura sete dias. Durante esses dias, os familiares enlutados permanecem em casa, onde recebem visitas de amigos e membros da comunidade que vêm prestar condolências e oferecer apoio emocional.
Esse período é marcado por uma série de práticas e restrições, como a proibição de trabalho, o uso de roupas simples e a abstenção de atividades festivas, refletindo o profundo respeito pela perda e a necessidade de introspecção.
A casa dos enlutados torna-se um local de reflexão sobre a vida do falecido e de união, onde as pessoas compartilham memórias e procuram consolo na companhia mútua. O Shivá serve para ajudar os enlutados a enfrentar a dor da perda, com o apoio da comunidade, e permite um tempo dedicado para processar o luto de forma coletiva e espiritual.
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O Sheloshim se estende até o 30º nascer do sol após o enterro. O luto é menos intenso, mas há restrições como evitar celebrações e festas.
O Avelut se estende por 12 meses hebraicos. Neste período, os enlutados lembram do falecido e realizam orações específicas em sua memória. Ao visitar seus entes no cemitério, os judeus colocam pedras sobre os túmulos dos entes queridos, para marcar o local do sepultamento e garantir que a memória da pessoa não seja esquecida.
Durante o período de luto, uma das práticas mais importantes é a recitação do Kaddish, uma oração específica central na tradição judaica. O Kaddish é recitado pelos enlutados diariamente, muitas vezes durante os serviços religiosos não só para honrar o falecido, mas também para expressar a continuidade da fé e a aceitação da vontade divina.
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Embora a oração não mencione explicitamente a morte, ela pede pela paz, sendo um consolo espiritual tanto para os que ficam quanto para a alma do falecido. A tradição de recitar o Kaddish pode continuar por 11 meses após a morte, simbolizando o compromisso dos vivos em honrar a memória do falecido e contribuir para o descanso de sua alma.
Ao seguir os costumes judaicos de sepultamento, a morte de figuras públicas como Silvio Santos trazem visibilidade e relevância a essas tradições, mostrando a riqueza e a profundidade de uma fé que tem sido mantida viva por milhares de anos.
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