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Vista do Edifício Martinelli, em São Paulo, iluminado ao entardecer. As janelas superiores foram retiradas dos navios da empresa de navegação de Giuseppe Martinelli, refletindo sua ligação com a indústria naval | Instagram/ alexrlsfilho / Reprodução
O Edifício Martinelli, um dos marcos arquitetônicos mais emblemáticos de São Paulo, celebra seu centenário em 2024. Considerado o primeiro arranha-céu da cidade, ele marcou o início da verticalização da capital paulista e continua a ser um ponto de referência importante até os dias de hoje.
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Idealizado pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli, o prédio foi considerado o mais alto da América Latina durante muitos anos. Projetado pelo arquiteto húngaro William Fillinger, o Martinelli começou a ser construído em 1924 e teve sua primeira fase concluída em 1929.
Martinelli utilizou materiais luxuosos e inovadores, como janelas retiradas dos navios de sua empresa de navegação, para realçar a obra e refletir sua ligação com a indústria naval. Com 30 andares e 105 metros de altura, a construção foi finalizada em 1934.
Localizado no centro da capital paulista, entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e Avenida São João, a construção do Martinelli envolveu o trabalho de 600 operários e 90 artesãos. Foram utilizados materiais importados como cimento rosa da Noruega e Suécia, mármore italiano, além de portas e janelas da Alemanha e Lituânia, que permanecem originais até hoje.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro confiscou o prédio sob a alegação de dívida de guerra, já que o Brasil havia declarado guerra aos países do Eixo, incluindo a Itália. O Edifício Martinelli então passou a ser ocupado por famílias de baixa renda, transformando-se em um cortiço.
Durante esse período, o prédio entrou em uma fase de degradação extrema, com habitações precárias, ocupações irregulares e ocorrências de diversos crimes, incluindo assassinatos que marcaram sua história e contribuíram para sua fama de mal-assombrado.
Um dos casos mais notórios foi o assassinato de Davilson Gelisek, um garoto de 14 anos, encontrado morto em 1947 no fosso do elevador do Edifício Martinelli. Ele foi violentado e jogado do alto do prédio por um criminoso conhecido como "Meia-Noite".
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Davilson trabalhava como alfaiate na Rua Senador Feijó e havia desaparecido quatro dias antes de seu corpo ser encontrado. A autópsia revelou que ele morreu devido à queda de grande altura, e o caso gerou grande comoção na época.
Outro crime que deixou marcas na história do Martinelli foi a morte de Neide, uma garota de 17 anos, em 1965. Ela foi esganada e atirada do prédio após um baile.
Neide foi encontrada em estado deplorável, com fraturas expostas, e testemunhas relataram que ela estava acompanhada de um homem desconhecido antes de sua morte. O caso também foi arquivado por falta de provas, contribuindo para a fama de mistério e tragédia associada ao edifício.
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A partir desses crimes, muitas histórias e lendas urbanas surgiram ao redor do edifício. Isso alimentou o imaginário popular e transformou o prédio em uma referência de mistério na cidade.
A situação do Martinelli começou a mudar em 1975, quando o prefeito Olavo Setúbal iniciou uma intervenção significativa. O prédio foi desapropriado e completamente remodelado entre 1975 e 1979, passando a abrigar órgãos municipais e lojas no piso térreo.
Na década de 1980, suas fachadas foram tombadas como patrimônio histórico, garantindo a preservação de sua arquitetura original. Desde então, o Edifício Martinelli tem sido sede de várias secretarias municipais e continua sendo um importante ponto turístico e cultural da cidade.
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Como parte da revitalização do centro de São Paulo, a Prefeitura concedeu o uso do Terraço Martinelli ao Grupo Tokyo. A concessão inclui a restauração dos espaços, melhorias de acessibilidade e segurança, e a criação de um serviço de visitação pública.
O público terá acesso ao terraço no 26º andar, bem como aos andares 25º, 27º e 28º, além de um espaço no térreo. A concessão, com um contrato de R$ 61,3 milhões, obriga a empresa responsável a restaurar os espaços e implementar melhorias para garantir acessibilidade universal, seguindo determinações do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
A nova fase do Edifício Martinelli transformará o local em um centro de gastronomia, cultura, lazer e arte. A previsão é que todas as instalações sejam entregues até o final de 2024, com o mirante aberto ao público até o final deste ano. Esta iniciativa visa atrair novos moradores e investimentos para a região central de São Paulo, contribuindo para a revitalização e dinamização do centro histórico da cidade.
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