A dor de barriga de Dom Pedro no dia da Independência

No Museu do Ipiranga, em seu salão nobre, está um dos quadros mais conhecidos da história da independência do Brasil. Trata-se do famoso "Independência ou morte", de Pedro Américo. Mas o que poucos sabem é que esta obra não retrata necessariamente o que de fato aconteceu naquele dia.

O evento ocorrido há 204 anos, no dia 7 de setembro de 1822, reserva muitas histórias curiosas. Uma delas conta que Dom Pedro I teve uma dor de barriga incontrolável pouco antes de dar o famoso grito de independência.

Dor de barriga inesperada 

Ninguém sabe exatamente o que causou a dor de barriga no príncipe regente. Há quem diga que foram as notícias que chegavam da corte. Há quem conte que foi algo que ele comeu. 

Mas a verdade é que no dia 7 de setembro de 1822 ele seguiu para São Paulo e, ao longo do caminho, saltou de sua mula com uma forte dor abdominal. 

De acordo com o barão de Pindamonhangaba, que estava também na viagem, Dom Pedro I parou para se aliviar perto de uma colina no lugar que hoje é conhecido como alto do Ipiranga.

Enquanto se aliviava, ele teria deixado o Major Cordeiro, que viera do Rio de Janeiro, com papéis importantes da princesa Leopoldina e de José Bonifácio, aguardando.

Depois de finalizar este primeiro ato urgente, pegou as cartas para ler e, ao se inteirar sobre o conteúdo, comunicou os fatos as pessoas à sua volta e bradou: “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal”.   

Perceba que ele não disse “temos que nos separar de Portugal”. Isso porque a independência já havia sido conquistada pela princesa Leopoldina. 

Detalhes ilustrados erroneamente no quadro "Independência ou morte" 

O quadro que ilustra a cena do grito foi encomendado pelo governo imperial paulista de 1886 para decorar o museu do Ipiranga. 

A obra, criada com 7 metros de largura pelo pintor Pedro Américo, na Itália, colocou D. Pedro I como uma espécie de herói da independência. 

Porém, é sabido que a independência já havia sido negociada bem antes do dia 7 de setembro, pela princesa Leopoldina e por José Bonifácio de Andrada e Silva. 

A criação do mito, colocando Dom Pedro I como grande responsável pela independência, foi proposital. Era uma estratégia do governo paulista liderada pelos Barões do Café para valorizar as terras paulistas. 

Aliás, Don Pedro sequer estava vestido com os trajes de gala mostrados no quadro de Pedro Américo. Ele também não estava montado num cavalo branco quando deu o famoso grito, mas sim numa mula.