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Conheça os Caifazes, grupo que libertou escravizados em SP

Sociedade secreta criada em São Paulo no final do século XIX lutava por liberdade e fim da economia escravagista

Lincoln Paiva

20/01/2025 às 15:29  atualizado em 20/01/2025 às 16:16

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Grupo dizimou poder oligarquico com serviços jurídicos gratuítos a pessoas escravizadas e outras ações

Grupo dizimou poder oligarquico com serviços jurídicos gratuítos a pessoas escravizadas e outras ações | Fotomontagem/Jornal da USP

O movimento “Os Caifazes” foi criado em 1880 por Antônio Bento de Souza e Castro e inspirado no trabalho do advogado e abolicionista Luiz Gama.

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Enquanto Luiz Gama, ativista que já havia sido escravizado, atuava à luz do dia em defesa dos escravizados nos tribunais, os Caifazes eram juristas que agiam nas sombras para desorganizar economicamente a sociedade rural escravagista de São Paulo.

Uma rede diversa de resistência

Além de juristas, faziam parte do grupo de Caifazes tipógrafos, artesãos, pequenos comerciantes e ex-escravizados.

A atuação do grupo consistia em planejar em conjunto com os escravizados fugas em massa.

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Contexto internacional e resistência à abolição

Na época, havia grande pressão de outros países pelo fim da escravização, e o Brasil era classificado pela Inglaterra como um país atrasado, racista e selvagem.

A abolição da escravatura tornava-se inevitável, mas os fazendeiros escravagistas, que também dominavam a política regional e nacional, fizeram de tudo para atrasá-la.

Como resultado, o Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravização.

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Estratégias para desestabilizar a escravização

A fuga de escravizados promovia grande desestabilização nas propriedades rurais, e os Caifazes decidiram atacar diretamente a economia escravagista, criando estratégias de desorganização financeira.

O grupo atuava com o lema: “Liberdade a qualquer preço, modernização da sociedade brasileira por meio do trabalho assalariado e fim da monarquia”.

O objetivo dos Caifazes não era apenas libertar escravizados, mas também prepará-los para o trabalho assalariado.

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Refúgio e acolhimento no Quilombo do Jabaquara

Além de resgatar escravizados, o movimento oferecia lugares de acolhimento, geralmente no quilombo do Jabaquara, em Santos. O local chegou a abrigar mais de 20 mil refugiados.

Antônio Bento estruturou a rede dos Caifazes em várias cidades do interior de São Paulo e nas confrarias religiosas de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Santa Efigênia e São Elesbão, no centro da capital paulista.

Uma ideia inovadora e polêmica

De acordo com Maria Lúcia Montes, em seu artigo “Quando o crime compensa”, publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, os quilombos estavam ficando saturados.

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Foi então que Antônio Bento teve uma ideia inovadora para uns, polêmica para outros: retirar escravizados de uma fazenda e realocá-los em outra, com um contrato de trabalho assalariado.

Para os escravagistas, era melhor pagar um pouco do que perder toda a lavoura por falta de mão de obra. Assim, os Caifazes criaram uma espécie de sistema de terceirização do trabalho.

Protestos para sensibilizar a população

Além disso, os Caifazes realizavam sequestros de escravizados para expor as torturas que sofriam, organizando procissões na cidade de São Paulo para sensibilizar a população.

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Em 2006, a cidade de Santos instalou uma placa em homenagem ao Quilombo do Jabaquara, localizada na rua Professor Celso da Cunha Alves, número 94.

A trajetória de Antônio Bento

Antônio Bento Souza e Castro faleceu de tuberculose em 1898, dez anos após a abolição da escravatura.

Ele foi homenageado com uma placa do Departamento do Patrimônio Histórico na avenida Liberdade, no quarteirão onde morava com a família, e também dá nome a uma rua no Jardim Paulista, próximo ao Parque do Ibirapuera.

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Formação e atuação profissional

Nascido em 17 de fevereiro de 1843, na rua de São José (atual Líbero Badaró), Antônio Bento se formou em Direito na Faculdade de Direito de São Francisco. Foi promotor público, político, dono de jornais e presidente da Confederação Abolicionista.

Durante o mandato de José Elias Pacheco Jordão, ele foi nomeado promotor público das comarcas de Botucatu, Limeira, Paraibuna e Atibaia. Em 1871, tornou-se juiz em Atibaia.

Em 1880, retornou a São Paulo, fixou residência na rua do Carmo e passou a trabalhar ativamente no movimento emancipador liderado pelo advogado Luiz Gama.

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