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Casal de lagartixas sorridentes está no Instituto Butantan | Instituto Butantan
Você não vai encontrá-la subindo as paredes nem sacudindo a cauda por aí. A lagartixa-de-crista (Correlophus ciliatus), popularmente conhecida como lagartixa sorridente, tem características bem diferentes daquelas outras lagartixas que costumamos ver em casa.
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A primeira é porque ela é uma espécie exótica, ou seja, não é natural nem populosa no Brasil. Além disso, ela chama atenção por ter pequenas cristas ao redor do corpo e dos olhos e um simpático sorriso de boca cerrada.
Dois exemplares da espécie, um macho e uma fêmea, vivem no Instituto Butantan aos cuidados da equipe do Museu Biológico. A bióloga Danusa Maia, que cuida dos animais, conta algumas curiosidades sobre a espécie.
Endêmica da Ilha da Nova Caledônia, na Oceania, a espécie foi descrita pela primeira vez em 1866 pelo zoologista francês Alphonse Guichenot (1809 -1876).
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Por anos ela foi considerada extinta até ser redescoberta em 1994 durante uma expedição na ilha liderada pelo herpetologista alemão Robert Seipp.
A reprodução feita em cativeiro permitiu o nascimento de novas lagartixas, fazendo com que a espécie deixasse de fazer parte da lista de animais extintos. Apesar disso, espécies que vivem no território continuam sendo consideradas ameaçadas.
Apesar de ser bem maior do que a lagartixa doméstica (Hemidactylus mabouia), a lagartixa-de-crista não é a sua irmã mais velha. De outra espécie, a Correlophus ciliatus pode medir de 15 a 30 cm, enquanto a menorzinha mede de 2 a 14 cm.
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Por ser uma espécie arborícola, ou seja, que vive em árvores, ela anda e se pendura sobre os galhos usando sua cauda semipreênsil.
É nas alturas que ela caça pequenos insetos e come frutas, o que a caracteriza como uma lagartixa onívora, enquanto as que vemos em casa geralmente são carnívoras e preferem comer mosquitos e aranhas.
O hábito de viver nas árvores, inclusive, a transformou em uma exímia saltadora. Quem já viu de pertinho uma lagartixa-de-crista certamente se surpreendeu com a rapidez do salto entre galhos ou mesmo em cima de seus cuidadores.
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Suas quatro patas têm cerdas chamadas espátulas que contribuem para que elas se prendam em superfícies menos retas, como as árvores, e as pequenas garras auxiliam na fixação.
“A lagartixa-de-crista pode apresentar variações no padrão e na cor, evidenciando tons de marrom, verde, cinza, vermelho e laranja. A cor, aliás, é uma forma dela se camuflar entre as árvores para afugentar predadores ”, explica Danusa.
A região de florestas tropicais da Nova Caledônia tem clima superúmido, o que faz a espécie precisar de bastante umidade para viver, seja na natureza ou em cativeiro.
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“A ilha da Nova Caledônia é uma localidade com até 80% de umidade. Por isso, umidificamos ao longo do dia o habitat do animal”, conta a bióloga.
Diferente de muitas espécies, ela tem hábitos noturnos: dorme durante o dia em cima da copa das árvores e desperta à noite, quando se alimenta.
Como outras espécies de lagartixas da família Diplodactylidae, a lagartixa-de-crista está protegida pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).
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Isso acontece porque a espécie é alvo do tráfico de animais, uma forma de comércio ilegal e predatório. Nestes casos, infelizmente, animais são transportados em péssimas condições, geralmente em caixas, chegando ao destino maltratados e desidratados.
Nestas e em outras situações de estresse, acontece um processo chamado autotomia, que é quando o animal solta sua cauda para confundir o predador e fugir. Porém, diferentemente de outras espécies de lagartixas ou lagartos, a cauda da lagartixa-de-crista não se regenera e ela fica sem o membro para sempre.
Por isso, Danusa recomenda que somente cuidadores especializados optem por ter a lagartixa-de-crista. E que sempre se saiba a real procedência do animal.
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No Brasil, o comércio legalizado de animais silvestres conta com estabelecimentos certificados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“O ideal é não ter o animal em casa se você não possui condições de cuidar da forma correta, já que a espécie requer um ambiente com temperatura e umidade controladas e uma alimentação específica.
Além disso, no comércio legal, o custo é alto porque requer documentação. Muita gente quer ter e não compra de forma legalizada para pagar menos, mas o tráfico de animais é muito cruel. Pense nisso antes de ter um animal”, conclui.
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* Texto originalmente publicado no site do Instituto Butantan.
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