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Conheça a história das bruxas paulistas | Reprodução/YouTube/Canal USP
A história das bruxas paulistas é um capítulo pouco conhecido da São Paulo colonial. Em 1754, Teresa Valente e Escolástica Pinta da Silva, mãe e filha, enfrentaram um processo criminal por acusações de feitiçaria. Entenda a seguir mais detalhes sobre as bruxas paulistas.
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Esse caso é um dos registros mais antigos de perseguição por práticas consideradas heréticas no Brasil. As duas mulheres foram acusadas de enfeitiçar Manuel Garcia, o primeiro marido de Escolástica, em uma disputa envolvendo bens e escravizados.
No processo, familiares de Manuel Garcia alegaram que as duas mulheres usaram feitiços para obter vantagens patrimoniais após a morte dele, ocorrida em 1746.
Segundo documentos da época, Manuel teria sido “infectado” por práticas de bruxaria antes de sua morte. A acusação tinha um objetivo claro: ganhar a posse dos bens de Garcia, o que incluía escravizados.
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Para justificar a acusação, os parentes de Manuel contrataram um enfeitiçador, Francisco, que espalhou rumores sobre as duas mulheres, afirmando que elas haviam usado bruxaria para matá-lo.
A investigação foi conduzida pela Justiça Eclesiástica, que atuava em casos de heresia e desvio de comportamento segundo as normas católicas.
Na São Paulo colonial, essa justiça tinha forte presença e era uma das principais instituições de controle social, juntamente com a Inquisição.
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A denúncia contra Teresa e Escolástica incluía práticas de feitiçaria como tocar as pernas de Manuel para causar feridas e cegar seus olhos com um simples toque.
No contexto da época, a feitiçaria era usada não apenas como uma prática espiritual, mas também como ferramenta de vingança e resolução de conflitos.
Acusações de bruxaria eram comuns em disputas por bens, especialmente contra mulheres em situações de vulnerabilidade.
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O caso das bruxas paulistas é um exemplo disso: após a morte de Manuel, a posição social de Teresa e Escolástica ficou fragilizada, e a acusação de feitiçaria foi uma maneira de atacá-las.
Apesar das graves acusações, as duas mulheres foram absolvidas após conseguirem provar que Manuel havia morrido de lepra, não por feitiçaria.
Testemunhas afirmaram que não houve envenenamento e que os supostos feitiços enterrados próximos à casa de Manuel não tinham relação com a doença.
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A Justiça Eclesiástica, ao não encontrar evidências concretas, encerrou o caso sem condenações.
O estudo desse processo revela não apenas a história das bruxas paulistas, mas também como a Justiça Eclesiástica atuava no Brasil colonial.
Documentos desse tipo são valiosos para entender a relação de poder, gênero e controle social na época.
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Casos de feitiçaria costumavam envolver mulheres, geralmente em situações de disputa de bens, como no caso de Teresa e Escolástica. Isso reflete a vulnerabilidade feminina no período colonial e como as acusações de bruxaria eram usadas para deslegitimar e despossuir mulheres.
Histórias como a das bruxas paulistas não são apenas sobre feitiçaria, mas também sobre o papel das mulheres na história e como elas enfrentaram o poder institucional em diferentes épocas.
O processo revela aspectos culturais e sociais do Brasil colonial, mostrando como a fé, a superstição e a luta por bens se entrelaçavam.
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Hoje, o estudo de casos como esse ajuda a desmistificar a Inquisição no Brasil e destaca a importância de preservar a história das mulheres acusadas injustamente.
O caso das bruxas paulistas é um testemunho de como a sociedade colonial brasileira lidava com o que era considerado desviante, além de ser um marco na história de São Paulo.
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