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Bruxas paulistas: conheça o intrigante caso de feitiçaria em São Paulo

Processo de 1754 revela como duas mulheres foram acusadas de bruxaria na São Paulo colonial

Joseph Silva

30/10/2024 às 21:30

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Conheça a história das bruxas paulistas

Conheça a história das bruxas paulistas | Reprodução/YouTube/Canal USP

A história das bruxas paulistas é um capítulo pouco conhecido da São Paulo colonial. Em 1754, Teresa Valente e Escolástica Pinta da Silva, mãe e filha, enfrentaram um processo criminal por acusações de feitiçaria. Entenda a seguir mais detalhes sobre as bruxas paulistas.

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Esse caso é um dos registros mais antigos de perseguição por práticas consideradas heréticas no Brasil. As duas mulheres foram acusadas de enfeitiçar Manuel Garcia, o primeiro marido de Escolástica, em uma disputa envolvendo bens e escravizados.

A acusação de feitiçaria em São Paulo

No processo, familiares de Manuel Garcia alegaram que as duas mulheres usaram feitiços para obter vantagens patrimoniais após a morte dele, ocorrida em 1746.

Segundo documentos da época, Manuel teria sido “infectado” por práticas de bruxaria antes de sua morte. A acusação tinha um objetivo claro: ganhar a posse dos bens de Garcia, o que incluía escravizados.

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Para justificar a acusação, os parentes de Manuel contrataram um enfeitiçador, Francisco, que espalhou rumores sobre as duas mulheres, afirmando que elas haviam usado bruxaria para matá-lo.

O julgamento das "bruxas paulistas"

A investigação foi conduzida pela Justiça Eclesiástica, que atuava em casos de heresia e desvio de comportamento segundo as normas católicas.

Na São Paulo colonial, essa justiça tinha forte presença e era uma das principais instituições de controle social, juntamente com a Inquisição.

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A denúncia contra Teresa e Escolástica incluía práticas de feitiçaria como tocar as pernas de Manuel para causar feridas e cegar seus olhos com um simples toque.

A feitiçaria como arma de vingança

No contexto da época, a feitiçaria era usada não apenas como uma prática espiritual, mas também como ferramenta de vingança e resolução de conflitos.

Acusações de bruxaria eram comuns em disputas por bens, especialmente contra mulheres em situações de vulnerabilidade.

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O caso das bruxas paulistas é um exemplo disso: após a morte de Manuel, a posição social de Teresa e Escolástica ficou fragilizada, e a acusação de feitiçaria foi uma maneira de atacá-las.

O resultado do processo

Apesar das graves acusações, as duas mulheres foram absolvidas após conseguirem provar que Manuel havia morrido de lepra, não por feitiçaria.

Testemunhas afirmaram que não houve envenenamento e que os supostos feitiços enterrados próximos à casa de Manuel não tinham relação com a doença.

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A Justiça Eclesiástica, ao não encontrar evidências concretas, encerrou o caso sem condenações.

A importância histórica do caso

O estudo desse processo revela não apenas a história das bruxas paulistas, mas também como a Justiça Eclesiástica atuava no Brasil colonial.

Documentos desse tipo são valiosos para entender a relação de poder, gênero e controle social na época.

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Casos de feitiçaria costumavam envolver mulheres, geralmente em situações de disputa de bens, como no caso de Teresa e Escolástica. Isso reflete a vulnerabilidade feminina no período colonial e como as acusações de bruxaria eram usadas para deslegitimar e despossuir mulheres.

O legado das bruxas paulistas

Histórias como a das bruxas paulistas não são apenas sobre feitiçaria, mas também sobre o papel das mulheres na história e como elas enfrentaram o poder institucional em diferentes épocas.

O processo revela aspectos culturais e sociais do Brasil colonial, mostrando como a fé, a superstição e a luta por bens se entrelaçavam.

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Hoje, o estudo de casos como esse ajuda a desmistificar a Inquisição no Brasil e destaca a importância de preservar a história das mulheres acusadas injustamente.

O caso das bruxas paulistas é um testemunho de como a sociedade colonial brasileira lidava com o que era considerado desviante, além de ser um marco na história de São Paulo.

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