Brasileira cria sistema que purifica água no sertão usando luz solar

Em 2019, Anna Luísa Beserra, uma jovem de 21 anos de Salvador (BA), criou o Aqualuz, um dispositivo que purifica água usando apenas a luz do sol. A invenção já está mudando a vida de famílias no sertão nordestino.

O Aqualuz foi premiado pela ONU Meio Ambiente, tornando Anna a primeira brasileira a receber o título de Jovens Campeões da Terra. O projeto começou como uma resposta à falta de água potável no semiárido brasileiro.

Como funciona o Aqualuz?

O dispositivo é simples: uma caixa de inox com uma tampa de vidro e um filtro interno. Ele é acoplado a cisternas que armazenam água da chuva. A água é purificada pela exposição aos raios UV do sol.

Segundo informações do portal Uol, O processo é eficiente e acessível. Em duas horas, a água está pronta para consumo. Um adesivo na tampa muda de cor quando a água está segura para beber.

Inspiração na literatura e na ciência

A ideia surgiu quando Anna leu "Vidas Secas", de Graciliano Ramos. O livro retrata a seca no sertão e inspirou a jovem a buscar soluções para o problema. 

Em 2015, Anna adaptou o método SODIS, desenvolvido na Suíça, para criar o Aqualuz. O sistema elimina 99,9% das bactérias da água, conforme comprovado em testes laboratoriais.

Impacto no sertão nordestino

Atualmente, o Aqualuz está presente em 107 casas nos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas. Agricultores como Sebastião Rodrigues, de Piranhas (AL), viram suas vidas mudarem.

Ele diz que antes, os sobrinhos ficavam doentes toda semana. Agora, com o Aqualuz, isso parou. O dispositivo custa apenas R$ 0,30 para purificar 10 litros de água.

Reconhecimento internacional

Em setembro de 2019, Anna recebeu o prêmio Jovens Campeões da Terra da ONU. A honraria reconhece jovens que desenvolvem projetos inovadores para melhorar o meio ambiente.

No semiárido brasileiro, 28 milhões de pessoas dependem da água da chuva para sobreviver. O Aqualuz oferece uma solução barata e sustentável para um problema que afeta milhões.

Com custo baixo e manutenção simples, o dispositivo pode ser replicado em outras regiões do mundo que enfrentam escassez de água.