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A farmácia Botica ao Veado D'ouro foi reconhecida por um jornal como 'uma casa que honra a cidade' | Reprodução/Facebook
A cidade de São Paulo foi construída e reconstruída muitas vezes. No entanto, caminhar pelo centro histórico é como atravessar diferentes "camadas de história", que revelam o cotidiano do cidadão paulistano.
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Igrejas do século XVI, padarias e empórios do século XIX e tantos outros estabelecimentos que já não existem mais, mas deixaram lembranças, ajudam a contar a história da cidade.
Um desses lugares emblemáticos foi a antiga Botica ao Veado D’ouro, que fechou as portas em 2008, após 150 anos de existência. Apesar do encerramento, sua história permanece viva na Rua São Bento, no coração do centro histórico de São Paulo.
A sensação de voltar no tempo ocorre em diversas cidades pelo mundo.
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Em Florença, na Itália, por exemplo, entrar na Officina Profumo-Farmaceutica di Santa Maria Novella é como retornar a mais de 800 anos, até 1221, quando foi fundada a primeira farmácia do mundo.
Atualmente, sua sala principal é considerada o terceiro lugar mais visitado da cidade.
Preservar a história é um dos maiores patrimônios que uma cidade pode ter. Em São Paulo, as primeiras boticas foram criadas pelos jesuítas no século XVI, junto com a fundação da cidade.
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Contudo, essas farmácias só se espalharam significativamente após a chegada da família real ao Brasil, em 1808.
Em 1853, São Paulo contava com apenas uma ou duas boticas. Foi nesse período que o alemão Phillip Gustav Schaumann chegou ao Brasil.
Filho de uma família de classe média, ele era formado em farmácia em Hamburgo e provavelmente imigrou já com a intenção de abrir uma botica e fugir da guerra na Prússia.
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Naquela época, São Paulo representava uma cidade de oportunidades, especialmente para um jovem farmacêutico vindo de uma Prússia em crise.
Em 1858, Schaumann decidiu empreender junto com o também alemão Gustav Gravenhorst.
Este voltou para a Alemanha para comprar equipamentos para a farmácia, mas faleceu durante a viagem.
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Schaumann permaneceu em São Paulo, assumiu o negócio e batizou o estabelecimento como Botica ao Veado D’ouro.
Ele utilizou uma antiga escultura de um animal dourado. Um veado que carregava o brasão de sua família, como emblema do estabelecimento.
A Botica ao Veado D’ouro possuía uma particularidade: não fazia anúncios e nem conluios com médicos especialistas, mas ainda assim conquistou a confiança dos profissionais mais renomados da época.
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Em 1921, o jornal A Cigarra publicou uma nota destacando sua importância: "Uma casa que honra a cidade".
Schaumann aposentou-se e voltou para a Alemanha em 1887.
Faleceu em Hamburgo em 1892. Seu filho, Henrique Schaumann (que dá nome à avenida homônima no bairro de Pinheiros), assumiu o comando do negócio em 1879, aos 23 anos, recém-formado em farmácia em Hamburgo.
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Em 1905, Alfredo Thiele, um funcionário, comprou a botica. Mais tarde, ele vendeu o negócio para outros colaboradores.
Durante o século XX, a farmácia passou por diversas mãos, mantendo-se ativa até 2008, quando foi envolvida em um grande escândalo farmacêutico.
Os proprietários da época, que já não tinham qualquer ligação com os fundadores originais, foram presos, e a farmácia encerrou suas atividades após 150 anos de existência.
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Assim, um dos estabelecimentos mais tradicionais da cidade teve seu ciclo encerrado, mas sua história ainda ecoa nas lembranças do centro histórico de São Paulo.
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