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Primeiro cordão carnavalesco surgiu neste bairro da zona oeste | Claude Lévi-Strauss/ Inst. Moreira Salles
Os bairros de São Paulo preservam histórias curiosas, mas poucas são tão intrigantes como a de Barra Funda. A região correspondente ao distrito começou como lugar de predomínio de brancos, depois foi majoritariamente ocupada por pretos e culminou em uma verdadeira miscelânea de cultura paulistana.
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Poucos sabem, mas a região próxima ao centro já foi chamada de ‘Bara fonda’, um exemplo claro da forte influência cultural italiana no bairro.
A Barra Funda surgiu com o loteamento da Chácara Carvalho, pertencente à família Prado, e que era ocupado inicialmente por imigrantes italianos durante o início da industrialização de São Paulo.
Quando um imigrante italiano comprava um terreno na então longínqua Chácara Carvalho, contratava o chamado capo mastri, o mestre de obras italiano.
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Esse profissional riscava o chão, com a ponta do guarda-chuva, desenhando na terra uma planta baixa e dizia: “aqui vai ser o quarto, o corredor, a cozinha, o quintal e um porão”.
Esse “estilo de arquitetura” ficou conhecido como “ponta de guarda-chuva”.
Os italianos de Vêneto, região do nordeste da Itália cuja capital é Veneza, foram os primeiros moradores do bairro. Eles eram proprietários de pequenas oficinas, serrarias ou empregados das indústrias da região.
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Alguns também ofereciam serviços para os casarões dos Campos Elísios, no centro.
Uma das marcas culturais dos primeiros moradores da Barra Funda estava no modo de falar. Nas ruas do local se ouvia uma espécie de dialeto “italianado”. O futuro bairro exalava nas ruas uma forma quase exclusiva de comunicação.
A vizinhança pioneira também trouxe diversos elementos culturais que persistem até hoje, como os jogos de bocha e as discussões sobre futebol nas calçadas, esquinas e bares.
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A chegada dos trilhos de trem, construídos pela empresa São Paulo Railway, no início do século 20, alterou a ocupação do bairro que era predominante branca.
A então pouco miscigenada Barra Funda passou a receber centenas de negros que vinham trabalhar nos armazéns como carregadores de mercadorias, ensacadores e vendedores ambulantes.
A nova população acabou dando origem ao Largo da Banana, um local onde os ambulantes se reuniam e alternavam trabalho com momentos de lazer, regados a muito samba.
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Ali fizeram as primeiras rodas de batucada, cujo principal instrumento musical era um item usado para o trabalho: o caixote de madeira. A região atraiu cada vez mais moradores, a maioria migrante de baixa renda.
Surgia assim o berço do samba paulista, formado pelo casamento perfeito entre música e futebol. Isso porque, à época, o Palestra Itália comprou o Parque Antarctica e o samba se tornou febre nos fins de tarde pós-expediente.
Nem todo matrimônio dá certo e a união entre samba e futebol na Barra Funda começou a se desgastar com o boom econômico paulistano e a modernização.
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Em 1938 o então prefeito Francisco Prestes Maia colocou em prática o Plano Avenidas, um projeto para ligar o centro da cidade ao parque Antarctica. Para isso, ele criou o viaduto General Olímpio da Silveira, sobre a avenida Pacaembu.
Para essa obra foi contratado o escritório de engenharia de Francisco Matarazzo Neto, cujo projeto foi feito pelo Arquiteto francês Jaques Pillon, ao estilo Art Deco.
O progresso começou a enfraquecer o Largo da Banana com a construção de outro viaduto: o do Pacaembu sobre a linha férrea que demoliu as casas da sociedade negra, pondo fim ao Largo em 1958.
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Hoje o DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) reconhece a importância histórica do local com uma plaquinha embaixo do viaduto indicando que ali nasceu o Samba paulistano.
Há rumores de que a construção do Minhocão, o Elevado Presidente João Goulart, foi um dos principais responsáveis pela rápida degradação da Barra Funda.
A Barra Funda tenta atualmente uma renovação urbana. Antigos galpões abandonados deram lugar para as novas galerias de arte, rodas de samba, bares e novos empreendimentos imobiliários.
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Um dos principais distritos da zona oeste reserva mais do que uma história intrinsecamente ligada à cultura popular. Veja a seguir as principais curiosidades do bairro.
Nos anos de 1920 e 1930, o carnaval paulista era embalado pelo lança perfume e a sua produção era feita na fábrica L. Queiróz na Barra Funda. A empresa fabricava o lança-perfume Pierrot - e as Bebidas Palhinha.
Inaugurado em 16 de janeiro de 1917, alguns anos depois da inauguração do Teatro Municipal (1911), é um dos poucos remanescentes dos cerca de vinte e cinco teatros que existiam no início do século XX.
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Considerado o maior palhaço brasileiro, Piolin apresentava seus números no circo que ficava no número 201 da avenida General Olímpio da Silveira, onde foi construído o Minhocão.
A paróquia São Gerardo abriga o Sino da Independência de 1822. O sino ficava na torre da antiga catedral da Sé (demolida). O sino foi inaugurado na anunciação da Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822 com a presença de Dom Pedro II.
O Parque Antarctica foi inaugurado em 1890 pela cervejaria Antarctica. Em 1912 Roland Garros, piloto francês fez acrobacias com um monomotor lá.
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O Palestra-Itália só comprou o parque Antarctica em 1917 e se transformou em Palmeiras durante a Primeira Guerra Mundial em 1942. Atualmente, o estádio é chamado Allianz Parque.
O início remonta a 1914, quando foi criado o "Grupo Carnavalesco Barra Funda", liderado por Dionísio Barbosa, que saia pelas ruas do bairro da Barra Funda vestido de camisas verde e calça branca, a escola de samba foi fundada no bairro em 1953.
O sobrado onde o escritor Mário de Andrade viveu, na Barra Funda (na rua. Lopes Chaves, 546), foi projetado por Oscar Americano nos anos 1920. Em 1975, o imóvel foi tombado e hoje pertence à Secretaria de Estado da Cultura.
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