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Conheça a história do cemitério da Liberdade, considerado o primeiro da cidade | Freepik
No bairro da Liberdade, um dos pontos mais icônicos de São Paulo, a descoberta de ossadas durante uma construção na rua Galvão Bueno trouxe à tona uma parte significativa da história da cidade. No local, que abrigou o Cemitério dos Aflitos entre os séculos 18 e 19, foram encontrados vestígios que remetem ao período em que o espaço servia de cemitério para escravizados e pessoas condenadas à morte.
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Esse achado arqueológico colocou o bairro da Liberdade em evidência, não apenas por sua tradicional cultura asiática, mas como um símbolo da memória dos negros que sofreram torturas e penas de morte na época colonial.
Hoje, movimentos sociais e historiadores defendem a criação de um memorial para homenagear as vítimas e preservar essa parte importante da história da cidade.
O Cemitério dos Aflitos foi o primeiro cemitério público de São Paulo, segundo o especialista em santos populares e cemitérios, Thiago de Souza.
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Criado em 1775 para atender à demanda sanitária crescente da cidade, que, na época, se limitava a enterrar seus mortos nas igrejas ou em terrenos improvisados.
No entanto, ele rapidamente se tornou um local de sepultamento de pessoas marginalizadas, incluindo escravos e condenados à morte, que eram enforcados no Largo da Liberdade, onde hoje está a estação de metrô.
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Para os estudiosos, o cemitério é mais do que um simples espaço de descanso final; ele representa as injustiças e sofrimentos enfrentados por aqueles que foram forçados à morte.
Segundo especialistas, a criação de um memorial seria uma forma de reconhecimento das vidas que passaram pelo local, garantindo que a história desses indivíduos não seja esquecida.
Atualmente, a Câmara Municipal de São Paulo discute um Projeto de Lei para transformar o terreno onde foram encontradas as ossadas em um Memorial dos Aflitos.
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O projeto tem como objetivo preservar o espaço como um marco histórico e educativo, ressaltando a importância da memória coletiva e das lutas dos antepassados.
Em audiências públicas, ativistas e representantes do movimento negro têm pressionado pela criação do memorial. Para eles, a iniciativa é essencial para dar visibilidade à história dos negros na cidade e promover uma reflexão sobre o passado escravista brasileiro.
Além disso, argumentam que o memorial pode ajudar a combater o apagamento histórico e a ressignificar o bairro da Liberdade, tão conhecido pela influência asiática, mas que tem um passado marcado pela opressão.
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A descoberta das ossadas na Rua Galvão Bueno ocorreu durante as fundações de um prédio particular, o que gerou controvérsia.
A obra foi embargada pela Prefeitura de São Paulo devido à presença de vestígios arqueológicos, e a Secretaria Municipal da Cultura informou que o terreno se tornou um sítio arqueológico de interesse público.
De acordo com o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), estão sendo realizadas análises de DNA e outras pesquisas que possam aprofundar o entendimento sobre as pessoas que foram enterradas ali.
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O órgão também planeja incluir a área no projeto Memória Paulistana, uma iniciativa que visa resgatar e preservar aspectos históricos de São Paulo.
O debate sobre a criação do Memorial dos Aflitos vai além de uma simples questão de construção civil. Trata-se de reconhecer e valorizar a memória coletiva de uma população que foi esquecida por muito tempo.
No entanto, a Secretaria da Cultura ainda não confirmou se o terreno será declarado de utilidade pública, o que permitiria a criação do memorial no espaço.
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Para o movimento negro e outros grupos sociais, a iniciativa é fundamental para fortalecer a identidade cultural da cidade e proporcionar um espaço de reflexão sobre os erros do passado.
A criação de um memorial no local traria uma mensagem poderosa de respeito e reconhecimento aos que sofreram injustiças e, ao mesmo tempo, reforçaria a importância de preservar e respeitar a diversidade cultural.
Com a obra embargada e o Projeto de Lei em análise, o futuro do terreno onde o Cemitério dos Aflitos se encontra ainda é incerto. Contudo, o debate público e o interesse da população indicam que a memória dos que passaram por ali não será facilmente apagada.
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Ao transformar o antigo cemitério em um memorial, São Paulo pode dar um importante passo para preservar sua história e oferecer um espaço onde todos possam refletir sobre os desafios enfrentados por seus antepassados.
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