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A Apple afirma que a versão mais recente do Ceramic Shield para o iPhone 16 o torna "2x mais resistente" do que o vidro de qualquer outro smartphone | Benoit Lamothe | Pexels
Com os avanços na resistência dos smartphones, as tradicionais capas de proteção estão sendo questionadas. Seriam elas realmente indispensáveis? Empresas de tecnologia não fazem questão de vendê-las, mas certamente não reclamam quando você compra.
Para investigar o tema, o jornalista Thomas Germain, da BBC, passou um mês usando seu celular sem proteção - ciente de que o jornal não se responsabilizaria por eventuais danos. O resultado? Está logo abaixo.
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Hoje, existem usuários que defendem o uso dos celulares sem capas, alegando que o design moderno e minimalista dos aparelhos é prejudicado com a proteção extra. Segundo eles, além da estética, o manuseio também melhora.
Um amigo do jornalista (que vez o teste de 30 dias sem capinha), entusiasta dessa ideia, afirmou: “Eles fabricam celulares mais resistentes agora. Eu deixo o meu cair o tempo todo, e está tudo bem”. Fabricantes de películas de proteção reforçam essa opinião.
De fato, os smartphones atuais são muito mais robustos que seus antecessores. Mesmo assim, a maioria das pessoas continua optando pelo uso de capas.
Entre os adeptos do uso “livre”, exibir o celular sem proteção virou também um símbolo de status - um jeito de mostrar toda a beleza de um produto que representa o ápice da tecnologia.
“Parece insano ter um aparelho de luxo de US$ 1.000 [cerca de R$ 5.870] conhecido por seu design e materiais premium, e passar o dia todo tocando em uma capinha de plástico de US$ 30 [R$ 176]”, argumenta Yousef Ali, diretor executivo da Blast Radio, plataforma de áudio ao vivo para DJs.
“É como colocar capa de vinil no sofá para preservar o tecido”, emenda.
Boa parte dos smartphones da Samsung, Xiaomi, Sony, Google e Motorola utilizam Gorilla Glass, vidro que é usado no visor do celular fabricado pela americana Corning.
O processo de produção envolve a imersão do vidro em um banho de sal fundido a 400°C. “Esse processo extrai íons menores, como o lítio, e os substitui por íons maiores, como o potássio”, explica Lori Hamilton, diretora de tecnologia da Corning.
Essa troca cria uma camada de tensão compressiva que dificulta a propagação de trincas, tornando o vidro mais resistente a impactos.
Segundo Hamilton, os resultados evoluíram significativamente nos últimos anos. “Os smartphones de hoje são muito mais duráveis do que eram há uma década”, afirma.
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De acordo com Germain, o produto mais recente da Corning, presente no Galaxy S25 Ultra - o Gorilla Armor 2 - resistiu a quedas de até 2,2 metros em testes de laboratório.
Os números parecem confirmar essa evolução: um levantamento da seguradora americana Allstate mostrou que, em 2024, 78 milhões de norte-americanos relataram danos aos seus aparelhos. Em 2020, o número foi 11% maior.
Ainda assim, Hamilton faz um alerta: os aparelhos não são indestrutíveis. “Haverá falhas. Sempre há situações em que uma fissura se forma ou o impacto é forte o suficiente para causar danos.”
A revista Consumer Reports, que há quase 90 anos realiza testes laboratoriais de durabilidade, também tem acompanhado essa evolução. Um dos principais exames é o “teste de queda”, que lança os celulares repetidamente contra painéis de concreto.
“Quando começamos, um terço dos aparelhos falhava nos testes. Hoje, o desempenho é muito melhor”, conta Rich Fisco, responsável pelos testes eletrônicos da entidade.
"Faz muito tempo que não vemos um telefone falhar no teste de queda. O vidro melhorou. Hoje em dia, eles parecem estar se saindo muito melhor", continua.
Apesar do progresso, Fisco pondera: “É verdade, você não precisa mais usar capa de celular. Mas a verdadeira pergunta é: você gosta de apostar?” E confessa, com bom humor, que ainda protege o seu. “Sou pão-duro”.
Durante o experimento de um mês, o smartphone de Germain sofreu apenas uma queda significativa, no 26º dia. Ao sair apressado de casa, o aparelho escorregou das mãos e desceu batendo três vezes pela escada até parar no último degrau.
O dano? Um pequeno corte em uma das laterais do iPhone.
A conclusão do jornalista resume bem o dilema: é possível viver sem capinha, mas exige sangue frio - e talvez uma dose de sorte.
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