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A história do jacaré que vivia no rio Tietê e que ninguém conseguia capturar

Uma jornada inesperada do jacaré "Teimoso" no Rio Tietê envolve resgates frustrados, trânsito parado e o símbolo de uma São Paulo que luta contra a poluição

Raphael Miras

14/11/2024 às 16:23  atualizado em 14/11/2024 às 16:28

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Batizado pela população como "Teimoso", o jacaré tornou-se um personagem emblemático, resistindo a diversas tentativas de resgate, em um verdadeiro teste para o Corpo de Bombeiros de São Paulo.

Batizado pela população como "Teimoso", o jacaré tornou-se um personagem emblemático, resistindo a diversas tentativas de resgate, em um verdadeiro teste para o Corpo de Bombeiros de São Paulo. | Freepik

Em agosto de 1990, o Rio Tietê, famoso pela poluição e pelo mau cheiro, ganhou um ilustre e improvável morador: um jacaré-de-papo-amarelo. 

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A aparição do animal foi tão impactante que chamou a atenção de motoristas e moradores, causando congestionamentos, manchetes e uma operação de resgate que se estendeu por quase dois meses. 

Batizado pela população como "Teimoso", o jacaré tornou-se um personagem emblemático, resistindo a diversas tentativas de resgate, em um verdadeiro teste para o Corpo de Bombeiros de São Paulo. Confira mais detalhes da história a seguir:

A primeira aparição: entre a surpresa e o caos

A história começou em 14 de agosto de 1990, quando um motorista avistou o jacaré descansando às margens do Tietê, entre as pontes da Vila Maria e Vila Guilherme, na zona norte de São Paulo. 

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O animal, um jacaré-de-papo-amarelo, típico da América do Sul, estava sob o sol, alheio ao trânsito caótico que começava a se formar. 

Os motoristas, surpresos, estacionavam e desciam dos carros para tentar ver o jacaré, formando um congestionamento de cerca de três horas na Marginal Tietê.

Diante da comoção, os bombeiros foram acionados e logo constataram que não seria uma tarefa simples retirar Teimoso do local. 

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Acostumados com resgates urbanos, os bombeiros de São Paulo não tinham experiência com répteis dessa natureza e enfrentaram uma série de desafios técnicos e logísticos. 

Em uma tentativa de capturá-lo, chegaram a cercar o jacaré com redes e barcos, mas o animal escapava sempre, deixando para trás profissionais frustrados e espectadores curiosos.

O desafio do resgate e o apelido “Teimoso”

A saga de Teimoso logo tomou as manchetes dos jornais, e o apelido do animal surgiu como uma espécie de homenagem à sua resistência. 

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Em uma das tentativas, uma equipe de bombeiros montou um verdadeiro cerco: enquanto dois oficiais estavam em um barco no rio, um grupo em terra se posicionava estrategicamente e uma rede de quarenta metros era estendida para evitar a fuga do jacaré. 

No entanto, um helicóptero que fazia parte da operação acabou assustando Teimoso, que, ágil, escapou por baixo da rede, frustrando mais uma vez os planos de captura.

Para as equipes de resgate, o principal desafio era lidar com o comportamento imprevisível do animal e a necessidade de segurança. "Não estamos acostumados com esse tipo de operação", explicaram os bombeiros em entrevistas na época. 

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Mesmo com os constantes fracassos, a insistência das autoridades em capturar Teimoso era justificável: o jacaré estava em um trecho altamente urbanizado do Tietê, exposto a riscos e enfrentando condições adversas de sobrevivência.

A resistência em meio ao rio poluído

Uma das perguntas que surgiu foi como o animal conseguiu sobreviver por tanto tempo em um ambiente tão hostil. 

O trecho do rio onde Teimoso foi encontrado tinha baixa oferta de alimentos, além de um nível de oxigênio abaixo de um miligrama por litro, tornando-se um habitat inóspito para quase qualquer ser vivo. 

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Mesmo assim, Teimoso resistiu por semanas, alimentando seu apelido e a curiosidade da população.

O episódio trouxe à tona reflexões importantes sobre a situação ambiental do Tietê. A presença de um jacaré em um rio quase morto simbolizava tanto a deterioração das águas quanto a necessidade urgente de preservação. 

Na época, o caso reacendeu debates sobre projetos de despoluição que já eram discutidos há anos, mas que ainda aguardavam avanços concretos.

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O desfecho: o resgate de Teimoso e mais sete jacarés

A saga de Teimoso só terminou no dia 23 de outubro, após quase dois meses de tentativas frustradas. 

Em uma grande operação envolvendo a Polícia Florestal, a Guarda Metropolitana e o Corpo de Bombeiros, Teimoso foi finalmente capturado. 

Na mesma operação, outros sete jacarés também foram encontrados na área, revelando que o Rio Tietê havia se tornado temporariamente o lar de mais desses répteis do que se imaginava.

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Os animais foram encaminhados para o Parque Ecológico do Tietê, onde receberam tratamento adequado e passaram a viver em um ambiente protegido. 

Ainda que não houvesse certeza absoluta de que o jacaré capturado era Teimoso, os bombeiros e a polícia florestal confirmaram que as características físicas e o tamanho do animal batiam com o que havia sido registrado, e assim a história foi oficialmente encerrada.

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