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Cotidiano
Presidente do sindicato dos delegados disse que decisão de Derrite de dar mais protagonismo à PM em detrimento à Polícia Civil pode 'fragilizar a estrutura policial'
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Viatura Polícia Civil | Divulgação/Governo do Estado
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) protestou contra a exclusão da Polícia Civil na operação Fim da Linha, deflagrada, recentemente, contra empresas suspeitas de ligação com o crime organizado no Estado. A indignação se estendeu a uma declaração do secretário da Segurança Pública paulista, Guilherme Derrite, de que “a Polícia Militar vai assumir o protagonismo do combate ao crime organizado”.
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Segundo análise de autoridades e de especialistas da área, a decisão representa usurpação de funções da Polícia Civil, o que pode comprometer, inclusive, a segurança da população. O Sindpesp defendeu o trabalho integrado entre as instituições.
“As forças de segurança precisam trabalhar em sintonia, harmonia e sinergia no estado de São Paulo. À Polícia Civil cabe o papel de investigar e de promover operações. À PM cabe o trabalho nas ruas, de patrulhamento ostensivo e preventivo. Quando o Estado passa a transferir atribuições da Civil para a Militar, a própria PM fica sem fazer o que, prioritariamente, é de sua alçada”, disse a delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp.
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“Isso pode fragilizar ainda mais a estrutura policial como um todo. Sem contar que, a ponta, que é a população, que tanto clama por segurança, será prejudicada. Cabe à Secretaria de Segurança Pública unir as forças policiais e não confundir todo o trabalho”, completou ela.
A delegada também lembrou que a integração entre as Polícias Civil e Militar e o tratamento equânime das instituições, inclusive, foram promessas de Derrite, assim que assumiu a secretaria. Capitão da PM, o aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também é deputado federal licenciado pelo PL-SP.
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Derrite declarou, em evento recente, que as operações da polícia com o Ministério Público (MP) no Estado contra facções criminosas serão ainda mais frequentes e que “a PM vai assumir, com o MP, o protagonismo do combate ao crime organizado”, com direito à troca de informações e de dados, e com a utilização de seus setores de inteligência, “para que, as ações sejam mais eficazes e constantes”.
Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), saiu em defesa da Polícia Judiciária e refutou, veementemente, a ideia de Derrite.
“O enfrentamento ao crime organizado não pode ser refém de interesses corporativistas. A Polícia Civil de São Paulo tem muito a contribuir e não pode ser posta de lado. O Governo do Estado precisa respeitar a sua Polícia Civil”, escreveu o professor da FGV, pelas redes sociais.
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Em vídeo que passou a circular em grupos de policiais civis, o deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP) questiona Derrite sobre a exclusão da Polícia Civil na operação contra o PCC e critica a elaboração de TCs por parte da PM.
“Não dá para uma instituição usurpar a função da outra. Quantas chamadas do telefone 190 deixam de ser atendidas, atualmente? Milhares. A população liga no 190, não vai viatura, não vai ninguém. E vão colocar a PM para fazer TCs?”, questiona.
A presidente do Sindpesp defende a urgência na contratação de mais policiais civis no estado de São Paulo.
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“Não adianta distribuir atribuições de uma instituição para outra. É urgente a recomposição dos quadros da Polícia Civil. Hoje, o déficit é de 17.324 profissionais. Recentemente, o Governo de São Paulo autorizou a nomeação dos aprovados no concurso de 2022, ou seja, de um certame que se arrasta há dois anos. Mas não chamou todos os remanescentes aptos à contratação. Esse é outro problema para o qual precisamos de solução”, afirmou a delegada.
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