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Cotidiano
Quatro em cada dez espaços públicos para cães estão na Vila Mariana, bairro nobre na zona sul
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Veja distribuição de 'parcães' por SP | João Luiz Bortone
Desde março de 2021, os moradores de quatro patas da Vila Marari, em Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, ganharam novidades. São três "parcães", espaços de lazer gratuito da Prefeitura de São Paulo exclusivos para cães (acompanhados dos tutores) circularem, com regras estabelecidas.
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Um deles foi implantado na praça Rubens Facchina em um lugar em geral usado para despejo ilegal de lixo, relata Andréa Maria da Costa, 54, residente na região e dona de quatro cachorros.
A bióloga ficou encantada com a notícia, mas sentiu que faltava um toque pet. "Quando eles [funcionários da subprefeitura] vieram inaugurar, eu pedi um bebedouro falei que precisava de um [local para] lixo, porque só tinha um cercadinho. Só que não vieram, então eu mesma fiz."
O espaço é um dos 96 já inaugurados desde 2016 na cidade de São Paulo, ano em que surgiram os primeiros "parcães" -há outros seis em construção, totalizando 102. No entanto, embora tenha chegado a 25 subprefeituras da cidade, a distribuição deles tem sido desigual pela capital.
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Dados obtidos pela Agência Mural via LAI (Lei de Acesso à Informação) junto à Secretaria Municipal das Subprefeituras mostram que quatro em cada dez espaços públicos para cães estão na Vila Mariana, bairro nobre na zona sul, e na Sé, na região central. São 12 e 11, respectivamente, mais do que na zona leste inteira.
Na conta geral, são 36 na zona sul, 21 na zona leste, 21 na zona oeste, 13 na norte e 11 no centro.
Subprefeituras da zona norte, como Pirituba, Jaraguá, Vila Maria e Vila Guilherme dividem um "parcão" entre si.
Outras periferias, como Parelheiros e Campo Limpo, na zona sul, Itaim Paulista e São Miguel Paulista, no extremo leste, não possuem nenhum destes espaços públicos para cachorros.
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A prefeitura afirma que para a instalação das unidades é considerado "o pedido feito pela população, local e espaço adequado para receber a estrutura".
Em geral, são praças que comportem a reformulação da área mínima de aproximadamente 25 m². Fácil acesso e segurança para os usuários são requisitos.
Quase metade dos "parcães" instalados vieram de verba parlamentar -emendas ao orçamento destinada por vereadores e deputados.
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Contudo, alguns desses espaços têm funcionado graças à ação dos moradores. Costa, por exemplo, pintou o "parcão", instalou bebedouros, rampinhas e pneus para os cachorros brincarem, chapelaria para as coleiras e bolsas, placa alertando aos donos para recolherem as fezes e porta saquinho, tudo feito com material reciclado.
Uma segunda porteira foi instalada na entrada e os bancos de concreto que ficavam encostados nas grades foram mudados de lugar para evitar que os animais fujam ou pulem para a avenida. "Agora só falta um bom grafite com a imagem dos cães, estou tentando algum voluntário para isso", acrescenta.
Esses reparos foram feitos com recursos próprios e do apoio de vizinhos que também frequentam o espaço. Desde a criação, cerca de 70 moradores participam de um grupo de WhatsApp para compartilhar informações, esclarecerem dúvidas e falar sobre o cuidado do local.
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"Antes, eu tinha que ficar dando voltas no bairro, e é cansativo. Agora, a gente solta, eles ficam à vontade, brincam, tomam água e tem outros cachorros que podem ser amiguinhos", conta Maria das Neves, 56, moradora do bairro. "A gente limpa, coloca água, deixa saquinho", complementa.
O "parcão" acumula histórias desde sua inauguração -como a de uma cachorrinha que não saia de casa havia sete anos. Também houve por ali a adoção de cães abandonados no lugar.
Do outro lado do mapa, em Perus, na zona norte, Ramon Vall Nicolas, 60, cita a vantagem do único "cachorródromo" do bairro, instalado em 2018 na praça do Samba, a 10 minutos da casa dele. Equipado e limpo frequentemente pela própria prefeitura, é para onde leva seus seis cães para desestressar.
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Enquanto os cachorros sobem uma rampa, pulam pneus, cavam buraco e comem grama, os tutores também aproveitam. "A gente acaba passeando também. É um escape para o cachorro e para o dono. É saúde, tanto para eles quanto para nós."
O comerciante explica que o bairro possui vários espaços informais de lazer, como terrenos baldios, mato e uma fábrica de cimento desativada. Muitas vezes, ele leva os bichos a esses locais, mas prefere o "parcão".
"Vou lá porque à noite é o lugar mais seguro. Nos outros, a gente não sabe o que vai encontrar", diz.
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Ramon gostaria que houvesse um número maior de espaços do tipo na região e que fossem mais amplos para que os cães circulassem. Em alguns dias, o local chega a receber mais de 15 visitantes pets. "Fica revezando, uma turma entra quando a outra sai."
Ele sugere o aproveitamento de locais mais extensos para implantação de "parcães", como no parque Anhanguera, no limite de seu bairro, trazendo mais ofertas aos moradores de sua região e do entorno que cresce cada vez mais em quantidade de pets. "Lá sim teria lugar para fazer algo bem grande", diz.
A prefeitura afirma que até julho, novas unidades serão entregues na cidade, por meio do Programa Praças da Família, que tem como objetivo inaugurar 100 espaços reestruturados para o público, incluindo "cachorródromos".
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"A população pode solicitar a implantação de um "parcão" entrando em contato com a subprefeitura de sua região, encaminhando pedido via email ou se dirigindo à praça de atendimento da administração regional", diz, em nota.
Atualmente, a população estimada de cães na capital é de 1,8 milhão segundo a Divisão de Vigilância de Zoonoses.
Subprefeitura Vila Mariana Sé Capela do Socorro Lapa Aricanduva Ipiranga Penha Pinheiros Jaçanã/ Tremembé Casa Verde Mooca Cidade Ademar Freguesia/ Brasilândia M'Boi Mirim Santana/Tucuruvi Butantã Ermelino Matarazzo Jabaquara Santo Amaro Cidade Tiradentes Itaquera Perus Pirituba/Jaraguá Vila Maria/Vila Guilherme Vila Prudente Campo Limpo Guaianases Itaim Paulista Parelheiros Sapopemba São Mateus São Miguel |
Quantidade 12 11 8 8 6 6 6 6 5 4 4 3 3 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 |
Fonte: Dados da Secretaria Municipal das Subprefeituras obtidos pela Agência Mural via Lei de Acesso à Informação
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