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Cotidiano

Memória: conheça a história do Ponto Chic, o bar que criou o bauru

Restaurante, localizado no centro de São Paulo, acaba de completar 100 anos

Gladys Magalhães

24/03/2022 às 14:30  atualizado em 24/03/2022 às 16:12

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Fundado em 1922, Ponto Chic segue no mesmo lugar até hoje

Fundado em 1922, Ponto Chic segue no mesmo lugar até hoje | Divulgação

O ano de 1922 ficou marcado na história pela realização da Semana de Arte Moderna, cujos alguns dos principais nomes foram Mário de Andrade e Anita Malfatti, frequentadores assíduos do Ponto Chic, o bar que ficou conhecido por criar o lanche bauru, elevado a patrimônio imaterial do estado de São Paulo no ano de 2018.

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Assim como a Semana, o bar nasceu em 1922, em um prédio de três andares no Largo do Paissandu, onde funciona até os dias de hoje. Seus fundadores foram Odílio Cecchini (filho de Carlo Cecchini, fundador do Carlino – tido como o restaurante mais antigo de São Paulo) e  Antonio Milanese, que desfrutou do bar por apenas 10 anos, já que morreu durante a Revolução Constitucionalista de 1932.  

Reunião dos alunos do curso de direito no Ponto Chic

Bauru                     
Montado com diversos elementos importados, além de artistas e intelectuais, naquela época, o bar costumava atrair muitos estudantes de Direito. O carro-chefe da casa eram as porções de rosbife, aliche e gorgonzola. Contudo, em uma noite de 1937, não foram as porções o pedido do radialista bauruense e estudante de direito Casimiro Pinto Neto.

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Segundo reportagem, publicada em 2012, pelo G1 Bauru, naquela noite, Casimiro estava atrasado para uma partida de sinuca e, querendo algo rápido, pediu o sanduíche para um funcionário do bar. Em um depoimento dado antes de sua morte, em 1983, o bauruense contou a história do sanduíche, que fez o Ponto Chic entrar no roteiro turístico e gastronômico de São Paulo.

O restaurante fez um busto em homenagem ao bauruense Casimiro

“Era um dia que eu estava com muita fome. Cheguei para o sanduicheiro Carlos - hoje já falecido - e falei: - Abre um pão francês, tira o miolo e bota um pouco de queijo derretido dentro. Depois disso, o Carlos já ia fechando o pão e eu falei: - Calma, falta um pouco de albumina e proteína nisso (eu tinha lido em um opúsculo livreto de alimentação para crianças, da Secretaria da Educação e Saúde, escrito pelo ex-prefeito Wladimir de Toledo Piza, também frequentador do Ponto Chic- que a carne era rica nesses dois elementos). Bota umas fatias de rosbife junto com o queijo e ele já ia fechando de novo quando eu tornei a falar: - Falta a vitamina, bota aí umas fatias de tomate. Quando eu estava comendo o segundo sanduíche, chegou o “Quico” - Antonio Boccini Jr. -, que era muito guloso e pegou um pedaço do meu sanduíche e gostou. Aí ele gritou para o garçom, que era um russo chamado Alex: - Me vê um desses do “Bauru”. Os amigos foram experimentando e o nome foi ficando. Todos quando iam pedir falavam: Me vê um do “Bauru” e assim ficou o nome de bauru para o sanduíche.”

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Em 2021, as quatro casas do grupo venderam 120 mil sanduíches bauru

100 mil
O lanche criado por Casimiro ganhou notoriedade e virou a principal iguaria da casa, vendendo 120 mil unidades durante o ano de 2021, segundo conta o atual proprietário do bar, Rodrigo Alves, cujo avô, que era garçom do estabelecimento desde a década de 1950, comprou o estabelecimento nos anos de 1970, quando o fundador Carlo Cecchini, já com idade avançada, anunciou que fecharia o bar, visto que não tinha herdeiros.

Após a compra, a família continuou o negócio e abriu mais três unidades, incluindo uma específica para delivery, no Morumbi.

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