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Cotidiano

Linha 17-ouro do monotrilho completa 10 anos de atraso

Hoje o trilho suspenso da linha 17 está atravessados por árvores que cresceram acima da sua altura, ao longo da avenida Roberto Marinho, na zona sul da capital

Natália Brito

12/02/2024 às 12:00

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Vigas da Linha 17Ouro do Monotrilho do Metrô de São Paulo em obra na Marginal Pinheiros

Vigas da Linha 17Ouro do Monotrilho do Metrô de São Paulo em obra na Marginal Pinheiros | Divulgação

A promessa era que as obras seriam mais rápidas, em comparação a uma linha convencional de metrô, e em três anos a linha 17-ouro do monotrilho estaria pronta para a Copa do Mundo de 2014, ligando o aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi. Neste ano, completa-se uma década de atrasos na previsão de entrega.

Hoje o trilho suspenso da linha 17 está atravessados por árvores que cresceram acima da sua altura, ao longo da avenida Roberto Marinho, na zona sul da capital. O aspecto é de obras abandonadas - e elas já foram paralisadas diversas vezes -, mas o governo estadual ressalta que elas estão em andamento, principalmente nas áreas internas de estações e no pátio de trens.

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Rompimento de contrato por fornecedores, construtoras envolvidas no escândalo da Lava Jato, questionamentos jurídicos, pandemia de Covid-19: uma série de dificuldades contribuiu para que o atraso fosse tão grande. Especialistas apontam, no entanto, que os maiores problemas da linha 17-ouro são o modal escolhido e os termos do contrato.

Segundo o consultor em transportes Flamínio Fichmann, há poucos monotrilhos no mundo e novos empreendimentos desse tipo são cada vez mais raros. É comum que esse tipo de trem tenha problemas estruturais, como trepidação e excesso de peso pressionando os pneus - na linha 15, por exemplo, já houve um pneu estourado e choque entre veículos.

"O monotrilho está servindo como exemplo de como não tomar uma decisão política", diz Fichmann. "O projeto é péssimo porque tem um grande impacto visual, é muito caro comparando com o VLT [Veículo Leve sobre Trilhos, o bonde moderno], ou com o BRT [Bus Rapid Transit, um corredor de ônibus com mais capacidade], e a ideia quando era que custaria um valor não muito grande por quilômetro e ficaria pronto mais rápido. Tudo isso caiu por terra."

O engenheiro Peter Alouche, ex-assessor técnico do Metrô de São Paulo para projetos estratégicos, também já escreveu que faltou "um debate público e sincero na adoção da tecnologia de monotrilho nas linhas 15, 17 e 18". Dessas três linhas, apenas a 15-prata está em operação, e em 2019 o governo estadual anunciou que havia desistido da linha 18-bronze, que foi substituída por um BRT.

No caso da linha 17-ouro, uma das principais dificuldades foi a desistência da fornecedora de trens, a empresa malasiana Scomi, em 2019. O trilho havia sido projetado especificamente para o trem da empresa --o formato é diferente da linha 15, por exemplo-- e não havia uma alternativa à disposição.

A gestão João Doria (à época no PSDB) assinou um contrato com a fabricante chinesa BYD para que ela desenvolvesse um modelo de trem. A intenção era entregar a linha até o fim de 2022. O impacto nas cadeias de fornecimento no mundo todo pela pandemia de Covid-19 atrasou a entrega.

Além disso, o Consórcio Monotrilho Integração, liderado pela Andrade Gutierrez, foi retirado da obra por não cumprir o cronograma e multado em R$ 88 milhões.

No ano passado, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) rompeu unilateralmente o contrato com o segundo consórcio, o Monotrilho Ouro. As obras estavam paralisadas.

Quando houver a inauguração da linha 17, agora prevista para 2026, a perspectiva é de que o funcionamento nos primeiros meses seja de longos e imprevisíveis testes. Será necessário realizar uma série de etapas de homologação e operação assistida antes que o monotrilho funcione plenamente.

Responsáveis pela pasta dos Transportes Metropolitanos durante as gestões de Geraldo Alckmin (2011-2018) no estado, os ex-secretários Jurandir Fernandes e Clodoaldo Pelissioni enviaram nota em que dizem ter empenhado "todos os esforços, garantindo inclusive todos os recursos financeiros, para executar as obras do monotrilho da linha 17-ouro, iniciadas pelo governo anterior".

Eles disseram que a "execução das obras, no entanto, foi prejudicada pela investigação das empresas contratadas pela Operação Lava-Jato. O governo de São Paulo, nesse contexto, adotou todos os procedimentos cabíveis para rescisão dos contratos e realização de nova licitação".

O ex-governador João Doria, procurado por meio de sua assessoria de imprensa, não quis comentar o assunto.

A gestão Tarcísio informou que "retomou as obras das estações, via e pátio" da linha, e que isso foi possível por meio de rescisão e assinatura de novo contrato. O governo estadual também disse que a vegetação que atravessa a via dos trens será cortada em outra etapa da obra.

"Em paralelo são fabricados os trens, sendo que a primeira unidade vai chegar ainda neste ano. "

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