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Cotidiano
Deputados e vereadores chamam de 'perseguição' e 'desperdício de dinheiro público' a abertura da CPI das ONGs, articulada por Rubinho Nunes
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O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo | Rovena Rosa/Agência Brasil
Por articulação do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), a Câmara Municipal de São Paulo deve instalar a CPI das ONGs em fevereiro, assim que retomar os trabalhos. A comissão terá como foco a atuação do padre Júlio Lancellotti com pessoas em situação de rua na região da cracolândia, e foi alvo de críticas de lideranças de esquerda, que falam em “perseguição” e “desperdício de dinheiro público”.
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Já para Rubinho, parte das ONGs que atua na região age como "uma máfia da miséria", e deve ser investigada (leia mais abaixo).
Para a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), é “absurdo e obsceno” haver uma “perseguição” contra o religioso, conhecido por atuar diariamente com sem-teto e dependentes químicos na capital paulista.
“É simplesmente um absurdo e obsceno que a Câmara instale uma CPI para perseguir o Padre Júlio Lancelotti e demais organizações e figuras que, de maneira exemplar, doam seu tempo, sua força e sua vida para alimentar e acolher irmãos e irmãs em situação de rua, esquecidos pelo poder público”, escreveu a parlamentar pelas redes sociais.
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Na sequência, ela destacou, sem citar o nome do vereador, que Rubinho já fez parte do MBL (ele deixou o grupo liberal em 2022, para, segundo o parlamentar, poder apoiar a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro).
“Tinha que ser obra dos mimados e criados a danoninho do MBL. Investigar o desperdício de comida? A inação da prefeitura para criar políticas públicas de moradia, emprego e segurança alimentar? Não... os politiqueiros não ligam para isso. Querem desestimular a solidariedade com uma caça às bruxas que vai desperdiçar dinheiro público”, completou ela.
É simplesmente um ABSURDO e OBCENO que a @CamaraSaoPaulo (de vereadores) instale uma CPI para perseguir o Padre Júlio Lancelotti e demais organizações e figuras que, de maneira exemplar, doam seu tempo, sua força e sua vida para ALIMENTAR e ACOLHER irmãos e irmãs em situação de… pic.twitter.com/lpuePw71uc
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Os vereadores Luna Zarattini e Hélio Rodrigues (ambos do PT) denunciaram Rubinho na Corregedoria da Câmara, em dezembro, por uma suposta perseguição contra o religioso.
"Não é razoável que um vereador que foi eleito para representar os munícipes da cidade de São Paulo persiga e ofenda um padre que faz um trabalho reconhecido de socorro e acolhimento à população em situação de rua no Centro de São Paulo", disse Luna, em dezembro.
Há uma análise de que a investigação vai ganhar contornos eleitorais, pela proximidade do padre com Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.
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O União Brasil deve apoiar a reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). O deputado federal Kim Kataguiri pretende concorrer ao cargo pela legenda.
‘Cafetão da miséria’
Em entrevista à Gazeta, nesta quarta, Rubinho confirmou que a CPI deve ser instalada em fevereiro. Para ele, boa parte das ONGs recebe recursos públicos mas não enfrenta a miséria na região central da Capital, e isso deve ser apurado.
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"É uma máfia da miséria que recebe recursos e, em vez de realizar o trabalho de ajudar a tirar as pessoas das ruas, as mantém nas ruas, seja com alimentos ou com sabonetes. É o que essas ONGs querem, porque enquanto houver miséria vai haver dinheiro para elas", afirmou o vereador.
Segundo ele, padre Júlio é o rosto que ajuda a manutenção das ONGs, e atua como um "cafetão da miséria".
O parlamentar é presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Centro e aprovou no início de dezembro do ano passado a convocação de padre Júlio para prestar esclarecimentos na Câmara. Na ocasião, o pároco disse em entrevista à “Folha” que não precisaria ir, porque apenas CPIs teriam o poder de convocar pessoas para prestar esclarecimentos na Casa.
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"Ele não queria uma CPI? Está aí a CPI”, disse o vereador, nesta quarta.
Na Câmara Municipal paulistana, o prazo de funcionamento de uma CPI é de 120 dias, prorrogáveis por duas vezes, por igual período. É permitido o funcionamento de até cinco CPIs ao mesmo tempo.
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