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Cotidiano

Buscas por imóveis no interior cresceram mais de 200% em 2020

Segundo especialistas, tendência já vinha ocorrendo nos últimos anos, mas foi acentuada pela pandemia

Gladys Magalhães

22/01/2021 às 16:03

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Gladis trocou a vida em um apartamento de 50 m² em São Paulo, para viver em uma chácara em Cabreúva

Gladis trocou a vida em um apartamento de 50 m² em São Paulo, para viver em uma chácara em Cabreúva | /Arquivo pessoal

Quando a pandemia do novo coronavírus começou, em março de 2020, a jornalista Gladis Henne Éboli, de 57 anos, se viu sem poder sair do apartamento de 50 m², onde morava com a mãe e a filha caçula, no bairro do Morumbi, em São Paulo.

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O apê, além de moradia, passou a ser o escritório e o local de lazer de Gladis, que com o passar dos meses percebeu que a necessidade de espaço se tornava imperativa e que o home office, antes temporário, poderia ser definitivo. “Em outubro, decidi vender meu apartamento e buscar uma casa com quintal, espaço para meus netos brincarem quando me visitarem, para praticar jardinagem nas horas vagas. A venda do meu imóvel foi muito rápida e passei a buscar uma casa perto da minha irmã, em Itupeva, mas meu orçamento não era suficiente. Acabei achando uma chácara em Cabreúva”, conta.

Hoje, Gladis mora em uma casa de 220 m² em um terreno de 1000 m² aos pés da Serra do Japi. “A mudança, certamente, foi para melhor (...). Quando a pandemia passar quero continuar trabalhando em home office. Pretendo ficar aqui em Cabreúva e ir para São Paulo apenas para uma reunião ou para visitar meus netos”, diz.

O movimento que a jornalista fez não é isolado. Segundo levantamento do Imovelweb, feito a pedido da Gazeta, entre 2019 e 2020, a busca pelos chamados imóveis rurais cresceu 203%, sendo que as cidades mais buscadas foram Bragança Paulista, Campinas, Jundiaí, São José dos Campos e Itu.

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“Houve um aumento de procura por imóveis maiores devido ao impacto da pandemia. Mas, o principal motivo é a procura por qualidade de vida. São pessoas que não gostam de trânsito caótico, não gostam de filas. Buscam mais conforto, segurança (pois o índice de criminalidade é menor) e maior contato com a natureza”, explica a gerente de marketing do Imovelweb, Angélica Quintela.

Tendência continua
Ainda que a mudança para o interior tenha se acentuado durante a pandemia, segundo o vice-presidente do interior do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Frederico Marcondes César, o fenômeno não é novo e deve continuar em alta em 2021.

“Nos últimos 40 anos, a população do interior paulista passou de 16 milhões para 32,6 milhões de pessoas, um acréscimo de 104%. No mesmo período, o aumento na cidade de São Paulo foi de 35%. As cidades do entorno de São Paulo, em um raio de 100 km, vem recebendo pessoas que moram na Capital há alguns anos e isso se intensificou em 2020, por conta da pandemia. Mas a nossa expectativa é que este cenário continue, pois o interior tem diversas vantagens, entre elas o valor do metro quadrado. Para se ter ideia, a média do metro quadrado na Capital é de R$ 11 mil, enquanto no interior é de R$ 4,6 mil.”

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Imóveis maiores
Na corrida para o interior do Estado, a classe média alta procurou imóveis para comprar ou alugar em condomínios horizontais de alto padrão residencial, enquanto que a classe média e média baixa buscou imóveis mais baratos, porém maiores do que os que tinham na Capital.

Macaque in the trees
Guadalupe, que sempre morou na região central e oeste da cidade, hoje mora em uma casa maior em Santana

Contudo, engana-se quem pensa que na cidade de São Paulo nada mudou, no município, explica César, houve um aumento nos lançamentos e procura por imóveis maiores, de três e quatro dormitórios, e há quem tenha ido além, como a advogada Guadalupe Nascimento, de 40 anos.

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Guadalupe, que sempre morou na região central e oeste da cidade, resolveu trocar o apartamento de 42 m², próximo à avenida Consolação, por uma casa de 150 m² no bairro de Santana, após uma grave crise de ansiedade na pandemia. “A pandemia foi bem traumática porque eu sempre fui muito ativa, estava me preparando para fazer minha primeira maratona em Berlim, quando tudo parou. Comecei a me sentir extremamente sozinha, quando, por indicação médica, adotei um cachorro. Hoje, eu tenho quintal, uma ventilação incrível, adotei mais um cachorro e pretendo colocar uma piscina inflável no próximo verão.”

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