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Cotidiano
Entre os dias 1 e 6 de janeiro, a capital paulista notificou 10,1 mil casos; porém, no mesmo período, o governo do Estado registrou um número menor: 8,3 mil
11/01/2022 às 20:02 atualizado em 11/01/2022 às 20:24
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O prefeito de SP, Ricardo Nunes, e o governador João Doria, durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes | Divulgação/Governo de SP
O governo de São Paulo, da gestão João Doria (PSDB), tem divulgado um número muito menor de casos de Covid do que o total informado pela Prefeitura de São Paulo, da gestão Ricardo Nunes (MDB). A discrepância indica que a gestão estadual pode ainda estar sofrendo efeitos do ataque hacker sofrido pelo sistema do Ministério da Saúde, uma vez que o número de casos de Covid da Capital não poderia, pela lógica, superar a soma do Estado.
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A informação foi feita pelo g1 após terem sido comparados os dados dos sistemas Sivep-Gripe e e-SUS Notifica, considerando a informação disponibilizada pela Secretaria Municipal de Saúde, da cidade de São Paulo, e pela Secretaria Estadual de Saúde.
Na apuração, foi verificado que, entre os dias 1 e 6 de janeiro, a capital paulista notificou 10,1 mil casos com confirmação laboratorial para o novo coronavírus. Porém, no mesmo período, o governo do estado de São Paulo registrou um número muito menor que este total, com 8,3 mil, segundo os boletins divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde. O texto conta com informações do g1.
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Chama a atenção o fato de que tanto a pasta municipal quando a estadual utilizam os mesmos sistemas para compilação de dados sobre infecções por Covid. A divergência dos números também foi identificada nos dias subsequentes.
Diante da diferença ilógica, pesquisadores dizem que as autoridades precisam esclarecer o motivo pelo qual a Capital tem mais registros do que o Estado, considerando que os números são computados no mesmo sistema.
O governo do estado de São Paulo se pronunciou por meio de nota na qual admitiu falhas na extração, e argumentou que é dever das prefeituras inserir os dados corretamente. Em contrapartida, a Prefeitura de São Paulo se defendeu, em nota, dizendo que os números extraídos sobre o Município estão corretos e que, diferente do que afirma a gestão estadual, não tem enfrentado problemas para utilizar a plataforma (leia abaixo).
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As ferramentas do Ministério da Saúde contam com um processo para desconsiderar notificações duplicadas sobre novas infecções por Covid-19, o que vale tanto para o sistema da prefeitura quanto para o sistema do governo do Estado.
Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do programa Infogripe na Fiocruz, a discrepância de dados mostra que os números reais da pandemia ainda não estão sendo divulgados corretamente. O problema pode estar associado à falhas na extração de dados no sistema do Ministério da Saúde.
“Essa diferença entre os dois balanços é compatível, em certa medida, com o que o Ministério da Saúde está comunicando, de que ainda há correções a serem feitas na ferramenta de extração do banco de dados. Como isso impacta a extração do estado nós não sabemos, porque não sabemos quais são as ferramentas de extração usadas pela prefeitura ou pelo estado”, explica o especialista.
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Ainda segundo Gomes, as autoridades municipais e estaduais não podem se eximir da responsabilidade de informar a população quanto há falha nos dados.
“É preciso um posicionamento claro sobre o porquê ainda temos essa diferença [entre dados extraídos pela capital e pelo estado]. Infelizmente o dado que está sendo disponibilizado contrasta com as colocações dos governos a respeito dos sistemas, de que eles estão normalizados. Tem uma incompatibilidade entre as duas coisas”, complementou.
O que dizem as partes
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Nesta segunda-feira (11) o Ministério da Saúde informou que o sistema que contabiliza os dados sobre a pandemia do novo coronavírus foi reestabelecido na última sexta-feira (7) "possibilitando a recepção de novos dados."
Já o governo de São Paulo, informou também nesta segunda, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, que “atua com transparência com relação às estatísticas” e citou que a discrepância pode estar associada às prefeituras.
“A Prefeitura é responsável pelas notificações de casos e óbitos nos sistemas federais e o Estado apenas extrai desse sistema, filtrando os dados e evitando duplicidade entre os municípios, por exemplo. Toda notificação passa por investigação das equipes. É fundamental que os gestores no âmbito municipal atualizem e abasteçam corretamente os sistemas, contribuindo para o monitoramento de todas as esferas de governo.”
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Na sexta-feira (7), a prefeitura de São Paulo informou, por telefone, ao g1, que a extração de dados dos sistemas está normalizada, que os dados referentes a dezembro já foram computados e que o processo tem sido feito sem problemas pelos profissionais de saúde.
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