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Cotidiano

'PAC do Doria' é ampliado para R$ 50 bi de olho na disputa para 2022

O governo João Doria (PSDB) ampliou o pacote de investimentos do estado de São Paulo previsto até o fim de 2022 para R$ 50 bilhões, um recorde na história recente

Matheus Herbert

29/09/2021 às 11:37

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O número redondo, acima dos R$ 47,5 bilhões previstos anteriormente, servirá como argumento na disputa interna que o governador trava no PSDB contra o gaúcho Eduardo Leite nas prévias

O número redondo, acima dos R$ 47,5 bilhões previstos anteriormente, servirá como argumento na disputa interna que o governador trava no PSDB contra o gaúcho Eduardo Leite nas prévias | Divulgação/Governo de SP

O governo João Doria (PSDB) ampliou o pacote de investimentos do estado de São Paulo previsto até o fim de 2022 para R$ 50 bilhões, um recorde na história recente.

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O número redondo, acima dos R$ 47,5 bilhões previstos anteriormente, servirá como argumento na disputa interna que o governador trava no PSDB contra o gaúcho Eduardo Leite nas prévias que decidirão o candidato do partido ao Planalto.

Além disso, o valor, incluído no apelidado "PAC do Doria", o programa Pró-SP, servirá como um dos pilares da prevista campanha do atual vice do tucano, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.

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Pelo plano de Doria, Garcia assume seu lugar em abril, quando o governador quer deixar o cargo para iniciar a disputa pela vaga hoje presumida de Jair Bolsonaro (sem partido) no segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ser mantido o cenário aferido hoje em pesquisas.

O vice foi nomeado gerente do Pró-SP, assim como a desconhecida Dilma Rousseff (Casa Civil) assumiu o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2007, de olho na eleição que venceria em 2010 para suceder a Lula.

Garcia irá anunciar os detalhes da proposta orçamentária estadual, que será enviada nesta quinta (30) para a Assembleia Legislativa paulista.

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O número mágico foi atingido na rubrica de investimentos do documento: serão R$ 27,5 bilhões, ante R$ 25 bilhões previstos antes.

De 2015 a 2017, São Paulo teve investimentos de R$ 16,9 a R$ 18,5 bilhões, caindo em 2018 para R$ 13,7 bilhões. Isso tudo refletiu os efeitos da crise econômica terminal do governo Dilma.

Em 2019, Doria e Garcia assumiram acusando o que chamam de herança maldita de Márcio França (PSB), o vice de Geraldo Alckmin (PSDB) que assumiu o governo e tentou a reeleição. Tanto ele como o tucano, que disputou a Presidência, fracassaram.

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Os investimentos caíram a R$ 11,8 bilhões em 2019. A pandemia afetou a arrecadação estadual no ano seguinte, e no número permaneceu estável, em R$ 12,4 bilhões). Para este ano, saltou 81% e chegou a R$ 22,5 bilhões.

O governo credita a evolução aos efeitos combinados de medidas de saneamento administrativo e da reforma previdenciária estadual, além da volta da arrecadação, o que acirra ainda mais a disputa federal em torno do preço dos combustíveis.

Bolsonaro quer espetar nos governadores a responsabilidade pelos altos preços –o ICMS, principal imposto estadual, responde contudo por 16% do valor do simbólico botijão de gás.

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O dinheiro extra para engordar a conta de investimentos de 2022 saiu de gastos correntes (R$ 1,5 bilhão) e operações financeiras (R$ 1 bilhão), e deverá ir basicamente para obras de mobilidade, como a linha 6-laranja do Metrô paulistano e recuperação de rodovias.

Elas são parte central do Pró-SP, que serve de guarda-chuvas para 8.000 obras, incluindo projetos como a finalização do Rodoanel e a despoluição do rio Pinheiros.

Agora, como é óbvio, o desafio da dupla tucana é tornar os números vistosos em realidade. Projetos de infraestrutura são notoriamente complexos, com processos que se arrastam por meses ou anos, e o propalado programa de privatizações de Doria vai a passos lentos.

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Assim, há dúvidas se a meta de gastar R$ 22,5 bilhões ainda neste ano é exequível. Garcia já disse que sim, citando execuções de licitações que viriam em cascata nessa reta final do ano. Mas até setembro o governo só tinha conseguido aplicar menos de R$ 5 bilhões deste valor.

Enquanto Doria tenta se viabilizar em seu partido, a condição de Garcia, que deixou o DEM e entrou no PSDB em maio, é mais tranquila: caso o governador deixe mesmo o cargo, como combinado, ele tem legenda garantida.

A disputa, contudo, será acirrada. Alckmin ainda não decidiu para qual partido vai, provavelmente o PSD de Gilberto Kassab ou a fusão DEM-PSL, mas conta com seu "recall" e lidera a corrida hoje.

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A esquerda vem com mais força, com o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) e/ou Guilherme Boulos (PSOL), a depender de arranjos nacionais.

Já Bolsonaro quer emplacar o ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura) como candidato, e ele obteve índices de saída semelhantes aos de Garcia, ao redor de 5%, no mais recente levantamento do Datafolha.

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