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Cotidiano
Grandes espetáculos que haviam acabado de estrear ou estavam prestes a entrar em cartaz quando começou a pandemia, retornam aos palcos, mas não sem desafios
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Donna Summer | /Caio Gallucci
Em março de 2020, a pandemia do novo coronavírus desembarcou no Brasil, obrigando teatros de todo Estado a fecharem as cortinas. Alguns espetáculos se adaptaram e conseguiram fazer transmissões on-line, mas a maior parte do setor está retornando agora, com o avanço da vacinação.
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Este é o caso, por exemplo, de “Donna Summer Musical”, que teve a temporada interrompida uma semana após a estreia em São Paulo. “Nós compramos os direitos do Donna Summer Musical em 2018 e conseguimos realizar só em 2020. Acreditamos muito no conteúdo e não tínhamos dúvidas de que seria um sucesso aqui no Brasil. Estreamos em Março de 2020 e as vendas estavam indo super bem, quando veio a pandemia”, conta a atriz e coreógrafa Barbara Guerra, da equipe de produção do espetáculo.
O musical, dirigido por Miguel Falabella e estrelado pelas atrizes Jeniffer Nascimento, Karin Hils e Amanda Souza, retornou no início do setembro e está em cartaz no Teatro Santander, localizado no Complexo JK Iguatemi, na capital paulista. “Assim que paramos já não sabíamos se conseguiríamos voltar, foi angustiante. Não tínhamos condições financeiras para a retomada. Em 2020 tínhamos patrocínio para levantar a peça e as despesas do primeiro mês, estávamos contando com a venda da bilheteria para pagar os custos e continuar com a temporada. A retomada só foi possível porque o Santander acredita no conteúdo e patrocinou novamente o espetáculo, somente por isso conseguimos voltar”, ressalta Guerra.
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Desafios
Ainda que o retorno esteja indo bem, com as pessoas voltando a buscar por diversão, esse novo momento ainda traz desafios e exige adaptações. “O que a pandemia realmente afetou foi a dinâmica no backstage. Foram estabelecidos protocolos de convivência tanto antes do show como durante”, explica a profissional, que acrescenta que os gastos com testes e equipamentos de proteção passaram a fazer parte do orçamento.
A produtora conta ainda que perdeu três membros da equipe para a Covid-19, entre eles o ator Edson Montenegro, que interpretava o pai de Donna Summer. Para a volta, além de contratar outro ator para o papel, foi preciso admitir uma camareira, um peruqueiro, um técnico de palco e dois atores swings (profissionais que ficam do lado de fora do espetáculo e entram quando há uma baixa no elenco), que se juntaram aos dois profissionais já contratados para a temporada de 2020. “As contratações foram necessárias para ficarmos seguros, caso houvesse alguma contaminação”, ressalta Guerra.
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Adaptações
Do lado artístico, “Donna Summer Musical” precisou cortar uma cena de beijo, por conta da pandemia, já “Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolates”, que estava prestes a entrar em cartaz, quando os casos de Coovid-19 começaram a se multiplicar, precisou fazer alterações maiores.
Em entrevista ao Fantástico, exibida no dia 12 de setembro, os produtores revelaram que foi necessário trocar um dos atores que interpretam Charlie, o protagonista, visto que o ator mirim cresceu e engrossou a voz.
Outra alteração foi o local da peça, que originalmente seria no Teatro Alfa, mas por conta do novo calendário, passou para o Teatro Renault. “Pretendíamos voltar em março de 2022. Porém, achamos importante participar dessa reabertura do teatro”, disse um dos produtores do espetáculo, durante coletiva de imprensa.
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Retomada festejada
Além dos produtores de grandes espetáculos, a volta da plateia também é comemorada pelos teatros. Isabella Oliveira, gerente-geral dos teatros Bradesco e Opus, conta que as casas tiveram mais de 20 atrações adiadas e, somadas, sete cancelamentos. “Levamos em conta apenas os que estavam com a venda de ingressos aberta. Se considerarmos os eventos que ainda não haviam sido divulgados, o número seria bem maior”, diz a profissional.
Agora, a programação está bastante diversificada até meados de 2022, com destaque para o espetáculo Candlelight, no Teatro Bradesco, e do musical “Barnum – O Rei do Show”, estrelado por Murilo Rosa, e que chega pela primeira vez ao Brasil, no Teatro Opus.
“Estamos contentes com essa retomada gradual às atividades. Foram meses de portas fechadas, mas sempre pensando em como iriamos receber o público da melhor forma possível e respeitando a segurança e saúde de todos”, diz Oliveira.
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A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, responsável pelo Teatro Sérgio Cardoso, que possui duas salas e teve cerca de nove temporadas canceladas ou adaptadas para transmissão on-line, de sua sala menor, também comemora a retomada e acredita que a vacinação deve trazer o público de volta. “A procura pelos espetáculos está crescendo aos poucos, a medida em que o processo de vacinação avança. O público vem retornando com interesse e cuidados. No momento estamos com dois espetáculos em cartaz, mas, até o final do ano, receberemos sete temporadas.”, disse, por meio de nota, Danielle Nigromonte, diretora-geral da Organização Social Amigos da Arte.
Outras cidades
Não é só a capital paulista que vê a cena cultural avançar, cidades do interior e litoral também já ensaiam uma retomada.
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Santos, por exemplo, que recebia, em média, 400 atividades artísticas por ano, está definindo os detalhes para reabertura de três dos quatro teatros públicos da cidade, com a implantação de todos os protocolos de segurança sanitária, tanto para o público quanto para produtores de espetáculos culturais.
Além disso, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult) finaliza em breve o processo de preparação das instalações dos teatros Municipal e Guarany, que receberam, entre outras coisas, melhorias no sistema de ar condicionado e camarins, além de reformas nos banheiros.
Segurança
De acordo com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, os teatros podem receber 100% do público. Contudo, é necessário respeitar o distanciamento de 1,5 m entre pessoas que não são do mesmo grupo, o que acaba impedindo a lotação máxima.
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No mais, os teatros, em geral, estão aferindo a temperatura das pessoas, disponibilizando álcool em gel, exigindo a comprovação de ao menos uma dose da vacina e o uso de máscara.
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