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Cotidiano
Com calendário reprimido, setor espera a realização de ao menos 100 feiras no Estado até o fim do ano. Esperança na realização de eventos vem na esteira da vacinação e do sucesso de eventos-teste, como a Fórmula 1
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Setor de eventos espera forte retomada em 2022 | /Divulgação
Na última segunda-feira (16), o governo de São Paulo, junto com a Prefeitura da Capital, anunciou a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1 no mês de novembro no Autódromo de Interlagos. O evento contará com 100% do público (em torno de 70 mil pessoas) e deve movimentar cerca de R$ 670 milhões, gerando aproximadamente 8 mil empregos temporários.
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O Grande Prêmio São Paulo, antes conhecido como Grande Prêmio do Brasil, é um dos eventos-modelos, anunciados em julho pelo governo paulista, com protocolos de segurança para auxiliar a retomada econômica do setor. Dessa forma, todos que forem ao autódromo terão a temperatura aferida e deverão permanecer de máscara durante todo o tempo no local.
Para o setor, o eventual sucesso da realização da Fórmula 1, bem como de outros eventos programados, somados ao avanço da vacinação, representam esperança para um dos seguimentos mais prejudicados pela pandemia.
“Estamos muito otimistas com a realização do evento teste com 30% de pista de dança em outubro e as previsões do governo com F1 em novembro e réveillon (...). Os eventos-testes vão oferecer a possibilidade de refinar os protocolos e, principalmente, mostrar que pode ser bem planejado por organizadores de eventos qualificados”, declara a Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta).
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Prejuízos e expectativas
Segundo dados da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), desde março do ano passado, 97% das atividades do setor de eventos estão completamente paralisadas em todo o Brasil. Em 2020, mais de 350 mil eventos deixaram de ser realizados, incluindo shows, festas, congressos, rodeios, eventos esportivos e sociais, entre outros, fazendo com que o setor perdesse mais de 335 mil empregos formais.
Assim como ocorreu no restante do país, em São Paulo, os impactos da pandemia no seguimento também foram grandes, visto que, de acordo com o sub-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Eduardo Aranibar, a estimativa era de que o setor rodasse cerca de R$ 300 bilhões e atraísse mais de 19 milhões de visitantes. “Foi um colapso de um setor extremamente fundamental para o Estado, uma vez que temos uma capital de negócios e turismo. Agora, acredito que com o incentivo do estado, a Fórmula 1 dando certo, as expectativas são positivas.”
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O diretor do Sindicato das Empresas de Promoção, Organização e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos do Estado de São Paulo (SINDIPROM), Armando Arruda Pereira Campos Mello, acredita que a retomada dos eventos possa permitir a realização de cerca de 100 feiras no Estado, até o fim do ano, devido ao calendário reprimido pela pandemia. Para ele, o setor deve apresentar uma forte retomada em 2022, chegando aos patamares de antes da crise em 2023. Contudo, alerta, a recuperação pode ser acelerada, caso o poder público auxilie o setor com a carência de créditos.
“O setor não foi plenamente contemplado com crédito. Agora, o governo poderia nos ajudar dando uma carência de três anos no pagamento de impostos para a recuperação do capital de giro”, ressalta Mello, que também é consultor da União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios (Ubrafe).
Houve ajuda?
Segundo Aranibar, além de promover os eventos-modelo, o governo de São Paulo tomou diversas medidas para auxiliar o setor de eventos no Estado, desde o início da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, entre os quais está a liberação de linhas de crédito específicas para o setor.
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Já o Governo Federal, informa a Abrape, criou o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos - PERSE, que inclui a promoção de crédito, preservação dos empregos, manutenção do capital de giro das empresas, financiamento de tributos e desoneração fiscal.
Outras entidades, contudo, argumentam que poucos tiveram acesso a tais benefícios. “Poucos conseguiram recursos financeiros. Muitos se reinventaram dentro da sua própria atividade, enquanto outros foram para novos segmentos”, alerta a Abrafesta.
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Eventos-modelos
Uma das apostas do governo paulista para a retomada gradual do setor está na realização de eventos-modelos, que têm como objetivo ajustar os protocolos de segurança para a retomada da economia.
Em julho, o governador João Doria anunciou a realização de 30 eventos, sendo que o primeiro ocorreu nos dias 21 e 22 de julho, na cidade de Santos, no litoral paulista. Batizado de Expo Retomada, o evento reuniu os principais players do setor de eventos e cerca de 1,2 mil visitantes, que foram testados para participar da feira e acompanhados por 14 dias, quando um percentual destas pessoas foram novamente testadas. Além disso, a exposição contou com distanciamento, sinalização adequada, disponibilização de álcool em gel e exigiu o uso de máscara constante.
“ Na Expo Retomada detectamos apenas dois infectados na primeira testagem, em um universo de 1,2 mil. Um na montagem e outro na entrada, que já foi prontamente encaminhado para uma unidade de saúde. Ou seja, eles nem tiveram contato com as outras pessoas. Depois, testamos cerca de 400 pessoas e tivemos três casos confirmados, porém, os próprios doentes associaram o contágio com outras exposições/contatos com o vírus”, conta Aranibar.
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Dentre os próximos eventos-modelos agendados estão a Feira da Economia Criativa, nos dias 21 e 22 de agosto, no Memorial da América Latina; a SP-Arte, de 20 a 24 de outubro, no Galpão da Arca, a Campus Party, entre os dias 28 de outubro e 02 de novembro no Anhembi, e a SP Oktoberfest, de 25 de novembro a 12 de dezembro, a ser realizada em um espaço no Brooklin.
É seguro?
Ainda que a retomada do setor de eventos esteja sendo festejada por muitos, ela ainda gera preocupação em uma parcela considerável da população. Na opinião do infectologista Ricardo Cantarin, do hospital HSANP, o receio é justificável.
“Atualmente, temos por volta de 30% da população do estado de São Paulo vacinada completamente contra a COVID-19, ou seja, ainda temos uma grande parcela da população susceptível a se contaminar pelo vírus, ser internada, ter doença grave, ou até evoluir para óbito. Temos visto países com um avanço maior de vacinados completamente, como Israel e os Estados Unidos, que diminuíram suas restrições e estão vendo, principalmente nas populações não vacinadas completamente, surtos de COVID. Portanto, acho precoce uma abertura maior do comércio e de eventos neste momento. Deveríamos manter a abertura de uma forma mais gradual para garantir que não tenhamos novos surtos de COVID-19, sobretudo entre os não vacinados ou os com vacinação incompletas”, esclarece o médico.
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