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Cotidiano

Memória: 'Ataques do PCC' paravam São Paulo há 15 anos

Um total de 564 pessoas, entre civis e agentes públicos, foram mortas no Estado em maio de 2006. Na última quarta-feira, Brasil foi denunciado à OEA pelas Mães de Maio

Gladys Magalhães

13/05/2021 às 15:10

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Rebelião PCC cadeião de Pinheiros; na época, 25 mil detentos em 73 unidades prisionais se rebelaram

Rebelião PCC cadeião de Pinheiros; na época, 25 mil detentos em 73 unidades prisionais se rebelaram | /MOACYR LOPES JÚNIOR/FOLHAPRESS

Há 15 anos, a cidade São Paulo parou. As ruas ficaram vazias, o comércio fechou e o transporte público deixou de circular. O motivo? Uma onda de ataques do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) contra bases da polícia, policiais de folga, bombeiros e agentes penitenciários.

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A ação durou dois dias, entre 12 e 13 de maio. Contudo, nos dias seguintes, as mortes não cessaram, pois uma suposta retaliação policial se espalhou pelo Estado. O conflito durou mais 13 dias, resultando na morte de 564 pessoas (505 civis e 59 agentes) e deixando centenas de feridos, além de quatro desaparecidos.

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Rebelião PCC cadeião de Pinheiros. Na época, 25 mil detentos em 73 unidades prisionais paulistas se rebelaram - MOACYR LOPES JÚNIOR/FOLHAPRESS

Como tudo começou?
Segundo informações da época, o conflito teria se originado por conta de um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito das Armas, em Brasília, na qual dois delegados paulistas, em sessão secreta, anteciparam aos parlamentares que 765 presos da facção criminosa seriam transferidos para penitenciárias de segurança máxima, no dia 11 maio, pois a Secretaria de Administração Penitenciária tinha a informação de que o grupo estava organizando uma grande rebelião para os meses seguintes. A informação teria vazado e chegado aos ouvidos dos líderes do PCC, que ordenaram os ataques e rebeliões em presídios, em retaliação às transferências .

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Dessa forma, a partir do dia 12 de maio de 2006, 25 mil detentos em 73 unidades prisionais paulistas se rebelaram, mantendo funcionários como reféns. Nas ruas, foram registrados mais de 60 ataques contra agentes de segurança, somente na Capital, e mais de 50 ônibus foram incendiados em todo Estado.

Em 2011, uma pesquisa da Clínica Internacional de Direitos Humanos de Harvard, em parceria com a ONG Justiça Global, deu outra versão para a motivação dos ataques. Segundo o levantamento, ele teria acontecido em revide ao sequestro do enteado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola (suposto líder da facção). O rapaz foi sequestrado em 2005, por policiais civis de Suzano, e solto após o pagamento de R$ 300 mil de resgate.

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Cidade vazia
Na segunda-feira, 15 de maio de 2006, boatos de que escolas, faculdades e shoppings seriam atacados se espalharam rapidamente, o que levou a Capital a registrar um congestionamento recorde de 212 km, às 18h, pois muitas empresas dispensaram funcionários, escolas e o comércio fecharam e o transporte público parou.

“Me lembro de estar na escola, quando veio a ordem para dispensar os alunos, falavam em toque de recolher. Todo mundo entrou em pânico e demorei horas para chegar em casa em um trajeto que levava não mais do que 20 minutos. Uma história que me marcou foi a de uma aluna do ensino de jovens e adultos, que morava em Parelheiros, e teve que dormir no terminal de ônibus porque não havia mais transporte”, lembra o professor Paulo Gouveia, que na época dava aulas em uma escola estadual no bairro do Itaim Bibi.

Crimes de Maio
Nos dias que sucederam o final de semana dos ataques, as notícias que passaram a estampar as manchetes dos jornais descreviam centenas de execuções nas periferias das cidades. No geral, homens encapuzados, em motos, carros pretos ou prata, disparavam tiros contra supostos integrantes da facção, o que ficou conhecido como Crimes de Maio.

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Segundo o relatório São Paulo sob Achaque, o fim do conflito coincidiu com um encontro secreto entre a cúpula do governo paulista e Marcola. O governador da época, Cláudio Lembo, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 2015, entretanto, negou que tenha havido qualquer acordo com o crime organizado.

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Movimento Mães de Maio nasceu para pedir justiça para as mortes das vítimas civis - MARLENE BERGAMO/FOLHAPRESS

Mães de Maio
Em agosto de 2006, 33 suspeitos de ligação com os ataques foram presos. De lá para cá, contudo, somente um agente público foi responsabilizado por eventuais mortes e teve a condenação anulada tempos depois. Segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo, em 2019, a entidade interpôs Recurso Especial para reverter a decisão. Esse recurso, porém, encontra-se na Presidência da Seção Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.

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A falta de justiça para as mortes civis deu origem ao movimento Mães de Maio, que pede investigação e punição para os envolvidos. Na última quarta-feira (12), o Movimento, junto com a Defensoria de São Paulo e a ONG Conectas Direitos Humanos, apresentou uma petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciando o Brasil pela ausência de respostas dos desaparecimentos.

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