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Cotidiano

Mais de 150 profissionais de saúde já morreram de Covid-19 em SP

Número inclui apenas médicos e profissionais de enfermagem atuantes no Estado. Desde março de 2020, quase 25 mil médicos e enfermeiros já tiveram a doença

Gladys Magalhães

26/03/2021 às 14:03

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Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, um total de 24,6 mil médicos e enfermeiros já foram contaminados pela Covid-19 nos municípios paulistas

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, um total de 24,6 mil médicos e enfermeiros já foram contaminados pela Covid-19 nos municípios paulistas | Felipe Barros/ExLibris/PMI2

“Trabalho na área da saúde há 20 anos e nunca vivi algo como essa pandemia. Viver tudo isso é muito triste. Por ser do interior, achava que jamais teria acesso a este campo de guerra. Hoje, vivenciamos uma realidade que há um ano parecia muito distante.”

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O desabafo é da enfermeira Gislaine Vergilio Pontes Terenciani, de 39 anos, que trabalha em um hospital privado na cidade de Bauru. Há 40 dias, ela faz parte do contingente de médicos e enfermeiros que já foram contaminados pela Covid-19 no Estado. Um número que engloba 165 médicos ou profissionais de enfermagem, que perderam a vida na guerra contra a doença.

Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), desde 22 de março de 2020, quando foi divulgada a primeira morte de um médico brasileiro por coronavírus, 624 médicos já perderam a batalha para a doença no Brasil, sendo 70 somente no estado de São Paulo.

No que diz respeito aos profissionais de enfermagem, dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) mostram que 689 profissionais morreram vítimas da Covid-19. São Paulo responde por 95 destes óbitos, sendo o estado mais letal para a categoria.

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“A falta e insuficiência de equipamentos de proteção individuais (EPIs) sem dúvida contribuiu para as mortes, sobretudo entre maio e setembro de 2020. A ausência inicial de protocolos eficazes de biossegurança, insuficiência de treinamento das equipes e sobrecarga de trabalho também são fatores que aumentam os riscos para os profissionais de enfermagem”, disse por meio de nota o Cofen.

Macaque in the trees
A enfermeira Gislaine se contaminou em fevereiro deste ano

“Foi a pior sensação que vivi”
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, um total de 24,6 mil médicos e enfermeiros já foram contaminados pela Covid-19 nos municípios paulistas. Gislaine se contaminou em fevereiro.

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“Iniciei com constipação nasal e cefaleia. Depois, começou a rouquidão, febre e dor no corpo. Senti muita fraqueza muscular, meus braços e minhas pernas pareciam não fazer parte do meu corpo e andar um quarteirão era o maior sacrifício. Ao ser examinada fui encaminhada direto para internação. Realizei tomografia e constataram que 50% do meu pulmão estava comprometido. Me ver como paciente e sabendo da realidade foi muito desesperador. Foi a pior sensação que vivi.”

A enfermeira precisou de oxigênio e teve alta três dias após ser internada. Ela desenvolveu síndrome do pânico e foi transferida de setor. Hoje, ela trabalha na área de gerenciamento de leitos do hospital.

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Proteção aos profissionais
Para a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), é preciso melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde, bem como garantir a concessão de auxílio indenizatório e pensão especial para profissionais vítimas do novo coronavírus. “Já chegamos à marca de um ano em que os profissionais da saúde estão nesta verdadeira guerra diária para tentar salvar vidas, com carga horária excessiva, muitos sem tirar férias, tendo que conviver com o estresse e o desgaste acima do que eles enfrentam em momentos não pandêmicos. Toda essa junção de fatores os expõem ao vírus, favorece o adoecimento e, consequentemente, os leva a uma conduta mais passível de erros”, alerta Raul Canal, presidente da Anadem e especialista em Direito Médico e Bioética.

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Procurado pela Gazeta, o Ministério da Saúde informou que “desde o início da pandemia trabalha para garantir a proteção de profissionais de saúde”. Segundo a pasta, o Ministério publicou uma série de protocolos para os profissionais do setor e enviou mais de 345,2 milhões de EPIs aos estados.

Saúde em números
Um estudo realizado pela Fiocruz, intitulado “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19” aponta que a pandemia alterou de modo significativo a vida de 95% dos profissionais do setor. Abaixo, outras conclusões do levantamento.

•50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial;
•43,2% não se sentem protegidos no trabalho de enfrentamento à Covid-19;
•64% tiveram que improvisar EPIs em algum momento da crise;
•18% têm medo de se contaminar no trabalho;
•15,8% relatam perturbação do sono;
•9,1% perderam a satisfação com a carreira.

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