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Cotidiano
Na categoria de cinemas, R$ 1,4 bilhão deixaram de ser arrecadados somente em ingressos
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Museu Catavento | Alexandre Carvalho/A2img
Se por um lado as medidas de isolamento social usadas para conter a disseminação da Covid-19 salvaram milhares de vidas, por outro, elas impactaram fortemente a economia, e a cultura foi um dos setores mais atingidos pela crise.
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Pesquisa realizada pela FGV, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e o Sebrae, entre os meses de maio e junho, revela que 88,6% do setor registrou queda de faturamento, 19,3% realizaram demissões, 38% perderam patrocínios obtidos antes da crise, 40,8% possuem dívidas e 35,1% já buscaram empréstimos, mas apenas 4,6% conseguiram.
Ainda segundo o levantamento, em 2020, o PIB (Produto Interno Bruto) do setor criativo, o qual está inserido a cultura, será de R$ 129,9 bilhões, uma redução de 31,8% em relação a 2019. Para o próximo ano, a previsão é de fechamento em R$ 181,9 bilhões, o que significa uma perda de R$ 69,2 bilhões no biênio 2020-2021.
Vale lembrar que no Brasil, o setor de economia criativa corresponde a 2,64% do PIB e é responsável por 4,9 milhões de postos de trabalho. Em São Paulo, essa participação é de 3,9% do PIB do Estado e representa 1,5 milhão de empregos.
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Auxílio demorou.
Aprovada pelo Congresso no início de junho, a Lei Aldir Blanc, que prevê o repasse de R$ 3 bilhões aos estados e municípios, criando um auxílio de R$ 600 para artistas e produtores culturais, só teve o decreto que a regulamentava assinado pelo presidente Jair Bolsonaro em 18 agosto.
A demora, na opinião do professor Fernando Pereira, especialista em cultura brasileira da Universidade Presbiteriana Mackenzie, só prejudicou ainda mais o setor. “Vi várias pequenas empresas fecharem porque não conseguiram auxílio. Muitos trabalhadores também estão sofrendo, pois a maior parte é autônoma. Assim, acredito que o auxílio para o setor deveria ter saído há muito tempo. Em outros países, a situação foi muito diferente, com os governos prontamente atendendo ao setor. Mas, aqui, a cultura já vinha sofrendo com ataques antes da pandemia, sendo vista como algo supérfluo, o que é muito triste, pois um País sem cultura é um País sem memória e sem futuro”, diz
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A professora de pós-graduação em gestão cultural e de cursos de extensão universitária, Alice Coutinho, do Senac EAD concorda com Pereira e completa: “é preciso defender que haja ações e políticas públicas para a área, pois sabemos que muitos municípios pelo país não possuem nenhum tipo de política voltada à cultura. Também é preciso conhecer o seu território e as demandas locais para que as políticas tenham estratégias assertivas. De modo geral, ações de fomento, preservação, educação e acesso/democratização são sempre necessárias.”
Nem tudo foram espinhos
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Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, Coutinho acredita em pontos positivos trazidos pela crise. Um deles foi o maior consumo de cultura por meios digitais, algo, que na opinião dela, veio para ficar. “Acredito que o consumo digital que era uma tendência se firmou definitivamente. Já temos visto que o consumo de filmes, séries e música nos ambientes digitais já superou o consumo do ano anterior em apenas um semestre. Além disso, um evento local tem um interesse muitas vezes global, e com isso podemos ampliar tanto o público como a arrecadação”, finaliza.
Cinemas deixaram de arrecadar R$ 1,4 bilhão em ingressos
Fechados desde o dia 13 de março, os cinemas já deixaram de arrecadar R$ 1,4 bilhões somente em ingressos em todo o Brasil. Em termos de público, tendo como base 2019, cerca de 177 milhões de espectadores deixaram de frequentar as salas, sendo 60 milhões somente em São Paulo.
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Segundo Paulo Lui, presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas no Estado de São Paulo, as empresas “têm se virado como podem”, recorrendo a empréstimos bancários e aguardando a liberação de financiamento, já aprovado, do Fundo Setorial do Audiovisual.
Além disso, para tentar contornar a crise, empresas do segmento lançaram a campanha #Juntospelocinema, que inclui um manifesto pela volta das salas, discute protocolos de segurança e inclui até um festival, que gerou muitas críticas nas redes sociais por ser lançado em plena pandemia.
MIS
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Público em 2019: 619 mil, contando com o MIS Experience
Prejuízo: não houve, pois depende de recursos do Estado
Fechado desde: 16 de março
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CCBB
Público em 2019: 827.447
Prejuízo: Os CCBBs não obtêm recursos financeiros oriundos dos projetos culturais realizados.
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Fechado desde: 14 de março
Museu Catavento
Público: 665.452 visitantes
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Prejuízo: 7% do total do orçamento em 2020.
Fechado desde: 17 de março
MASP
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Público em 2019: 729.325
Prejuízo: 25% do orçamento previsto no início do ano
Fechado desde: 17 de março
Museu da Imaginação
Público em 2019: 49.246
Prejuízo: R$ 2 milhões bruto
Fechado desde: 18 de março
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