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Sala de aula vazia da Planeta Azul Escola Infantil, localizada em Pinheiros, que teve que fechar | Divulgação
A pandemia do novo coronavírus pode impactar fortemente cerca de 30% das escolas particulares do estado de São Paulo. Ao menos, esta é a estimativa do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP). Entre os principais problemas enfrentados pelas instituições estão a inadimplência, a saída de alunos e a falta de apoio das autoridades governamentais, o que, somados, devem levar muitas unidades a encerrarem suas atividades.
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Foi exatamente o que aconteceu com a Planeta Azul Escola Infantil. Localizada na região de Pinheiros, na cidade de São Paulo, com mensalidades em torno de R$ 3 mil para o integral e foco na faixa etária de 0 a 3 anos, a escola foi perdendo alunos, conforme a pandemia foi avançando.
“Crianças de 0 a 3 anos você trabalha com interação o tempo inteiro, eu cheguei a adotar o ensino remoto, mas os pais diziam que não estava servindo. Dei 25% de desconto na mensalidade, mas, com o tempo, as famílias foram tirando da escola com a promessa de que voltariam quando a pandemia acabasse, mas as contas não congelam. Eu tentei fazer empréstimos, porém, a burocracia era muito grande”, conta Marli Pereira, que teve que fechar a escola após 41 anos de funcionamento.
Na opinião de Benjamim Ribeiro da Silva, presidente do SIEEESP, as escolas particulares foram esquecidas pelas autoridades, especialmente as infantis. “Até o ano 2000, a escola particular atendia principalmente às classes A e B. Porém, a partir daquele ano, houve uma demanda muito grande de escolas privadas pelas classes mais humildes, que hoje, são as mais penalizadas pela crise (...). Atualmente, 80% das instituições privadas de ensino de São Paulo possuem menos de 500 alunos e elas estão com um alto índice de inadimplência, não conseguem acesso a crédito, a financiamento para se sustentar. A verdade é que a escola particular foi o segmento com o qual as autoridades, em todas as instâncias, não se preocuparam.”
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Inadimplência
Uma pesquisa realizada pela Explora – Pesquisas, Métricas e Inferências Educacionais, a pedido da União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte, revela que 52% das escolas privadas no Brasil perceberam redução na receita em maio, o que significa que houve atraso, ou mesmo inadimplência no pagamento das mensalidades. Neste último caso, os números mostram que apenas 9% das famílias estavam inadimplentes antes da pandemia, percentual que passou para 21% em maio.
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No estado de São Paulo a situação não é diferente. De acordo com o SIEEESP, em janeiro, a inadimplência nas escolas ficava em torno de 6,37%, percentual que saltou para 19,7% em abril e atingiu 21,34% em maio. Quando considerada somente a capital paulista, a inadimplência no quinto mês do ano chegou a 32,11%.
Evasão
Tirar a filha Júlia, de 6 anos, de uma escola particular da Bela Vista, região central da Capital, foi a solução encontrada por Gleice Silva, após não conseguir negociar um abatimento na mensalidade. “Eu e meu esposo temos uma lanchonete de pequeno porte, que praticamente fechou depois da pandemia. Ficamos dois meses tentando negociar com a escola, mandei vários e-mails, mas não obtive resposta. A solução foi tirar ela de lá e matricular no município.”
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Segundo a Secretaria Estadual da Educação, a transferência da rede particular para a estadual de São Paulo cresceu mais de 10 vezes nos meses de abril e maio deste ano, na comparação com igual período de 2019, atingindo 2.388 transferências, contra 219 no ano passado.
Para Silva, entretanto, a quantidade de alunos perdidos é muito maior, visto que, a exemplo da pequena Júlia, grande parte dos estudantes do ensino fundamental I e da educação infantil vão para as prefeituras e não para as escolas do Estado.
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