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Cotidiano

Pandemia pode impactar até 30% das escolas particulares do Estado

Inadimplência, saída de alunos e até fechamento de unidades estão entre os problemas enfrentados pelas instituições privadas de ensino

10/07/2020 às 18:13  atualizado em 10/07/2020 às 20:44

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Sala de aula vazia da Planeta Azul Escola Infantil, localizada em Pinheiros, que teve que fechar

Sala de aula vazia da Planeta Azul Escola Infantil, localizada em Pinheiros, que teve que fechar | Divulgação

A pandemia do novo coronavírus pode impactar fortemente cerca de 30% das escolas particulares do estado de São Paulo. Ao menos, esta é a estimativa do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (SIEEESP). Entre os principais problemas enfrentados pelas instituições estão a inadimplência, a saída de alunos e a falta de apoio das autoridades governamentais, o que, somados, devem levar muitas unidades a encerrarem suas atividades.

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Foi exatamente o que aconteceu com a Planeta Azul Escola Infantil. Localizada na região de Pinheiros, na cidade de São Paulo, com mensalidades em torno de R$ 3 mil para o integral e foco na faixa etária de 0 a 3 anos, a escola foi perdendo alunos, conforme a pandemia foi avançando.

“Crianças de 0 a 3 anos você trabalha com interação o tempo inteiro, eu cheguei a adotar o ensino remoto, mas os pais diziam que não estava servindo. Dei 25% de desconto na mensalidade, mas, com o tempo, as famílias foram tirando da escola com a promessa de que voltariam quando a pandemia acabasse, mas as contas não congelam. Eu tentei fazer empréstimos, porém, a burocracia era muito grande”, conta Marli Pereira, que teve que fechar a escola após 41 anos de funcionamento.

Na opinião de Benjamim Ribeiro da Silva, presidente do SIEEESP, as escolas particulares foram esquecidas pelas autoridades, especialmente as infantis. “Até o ano 2000, a escola particular atendia principalmente às classes A e B. Porém, a partir daquele ano, houve uma demanda muito grande de escolas privadas pelas classes mais humildes, que hoje, são as mais penalizadas pela crise (...). Atualmente, 80% das instituições privadas de ensino de São Paulo possuem menos de 500 alunos e elas estão com um alto índice de inadimplência, não conseguem acesso a crédito, a financiamento para se sustentar. A verdade é que a escola particular foi o segmento com o qual as autoridades, em todas as instâncias, não se preocuparam.”

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Inadimplência

Uma pesquisa realizada pela Explora – Pesquisas, Métricas e Inferências Educacionais, a pedido da União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte, revela que 52% das escolas privadas no Brasil perceberam redução na receita em maio, o que significa que houve atraso, ou mesmo inadimplência no pagamento das mensalidades. Neste último caso, os números mostram que apenas 9% das famílias estavam inadimplentes antes da pandemia, percentual que passou para 21% em maio.

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No estado de São Paulo a situação não é diferente. De acordo com o SIEEESP, em janeiro, a inadimplência nas escolas ficava em torno de 6,37%, percentual que saltou para 19,7% em abril e atingiu 21,34% em maio. Quando considerada somente a capital paulista, a inadimplência no quinto mês do ano chegou a 32,11%.

Evasão

Tirar a filha Júlia, de 6 anos, de uma escola particular da Bela Vista, região central da Capital, foi a solução encontrada por Gleice Silva, após não conseguir negociar um abatimento na mensalidade. “Eu e meu esposo temos uma lanchonete de pequeno porte, que praticamente fechou depois da pandemia. Ficamos dois meses tentando negociar com a escola, mandei vários e-mails, mas não obtive resposta. A solução foi tirar ela de lá e matricular no município.”

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Segundo a Secretaria Estadual da Educação, a transferência da rede particular para a estadual de São Paulo cresceu mais de 10 vezes nos meses de abril e maio deste ano, na comparação com igual período de 2019, atingindo 2.388 transferências, contra 219 no ano passado.

Para Silva, entretanto, a quantidade de alunos perdidos é muito maior, visto que, a exemplo da pequena Júlia, grande parte dos estudantes do ensino fundamental I e da educação infantil vão para as prefeituras e não para as escolas do Estado.

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