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Ronaldo assina pré-acordo de compra da SAF do Cruzeiro | Divulgação/ XP Investimentos
Desde que anunciou a compra da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Cruzeiro em dezembro, o ex-jogador Ronaldo vive uma série de entraves nas negociações. Isso porque o craque impôs novas condições para avançar na aquisição do clube e, por sua vez, os diretores do Cruzeiro se demonstram insatisfeitos com essas novas requisições. Em meio a este cenário, o contrato que regula a transação foi divulgado e revela que os termos estão mais favoráveis à parte compradora do que para a SAF.
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Quando a notícia de que Ronaldo apostaria no futuro do clube e passaria a ser dono de 90% da Sociedade veio a público, o clube comemorou, como uma oportunidade de renovo à organização e também à equipe. A cifra de R$ 400 milhões divulgada à época seria a chance de recuperação financeira, novos investimentos e uma renovação de fôlego para os jogadores. Agora, os dirigentes do Cruzeiro parecem perceber que a diferença entre expectativa e realidade pode ser grande, pois o contrato possui cláusulas que podem tornar este aporte milionário muito menor do que o prometido.
Os próprios diretores da SAF do Cruzeiro quebraram o sigilo do contrato e trouxeram à tona o que acreditam ser desvantagens para eles. Os conselheiros revelaram que, dos R$ 400 milhões anunciados como investimentos, somente R$ 50 milhões terão de ser investidos por Ronaldo no momento de assinatura definitiva do contrato de compra. Os R$ 350 milhões restantes poderão ser investidos mediante "receitas incrementais".
Acontece que estas receitas incrementais são condicionadas à contabilidade do clube. Se a média de receitas da SAF, entre 2017 e 2021, não alcançar uma meta pré-determinada, Ronaldo terá de fazer investimentos. Mas não significa que o craque terá de mexer na sua conta bancária. Isso porque existe uma cláusula do contrato que permite ele devolva parte dos 90% do capital da Sociedade. Veja abaixo a página do contrato, obtida pelo "ge", que trata desta condição:
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Uma equação matemática do contrato determina quanto Ronaldo teria de desembolsar caso as receitas do clube não atinjam a expectativa determinada. De acordo com a fórmula, o ex-jogador da seleção pode não pagar nenhum centavo a mais além dos R$ 50 milhões iniciais, se optar pela devolução de percentuais de sua participação na sociedade.
Condições contratuais como estas não são muito usuais no mundo do futebol. Outras aquisições similares como a do Botafogo, que também prevê investimentos de R$ 400 milhões de John Textor; e do Vasco, que espera R$ 700 da 777 Partners, não possuem cláusulas de contrato similares às que compõem o acordo entre Ronaldo e a SAF do Cruzeiro. Nestes casos, a "devolução" de percentuais de propriedade da SAF não está considerada.
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Cruzeiro SAF é maior responsável pelo futuro do clube
Além de Ronaldo estar protegido contra a obrigatoriedade de aportar os R$ 400 milhões iniciamente previstos, o craque também ficou resgardado de eventuais riscos financeiros caso a contabilidade da associação não se recupere. O clube tem hoje R$ 1 bilhão em dívidas e precisa criar um plano de pagamento factível, para que elas não prejudiquem o futebol e nem o novo comprador.
A condição acordada no documento é de que a associação está responsável por "envidar seus melhores esforços para promover a reestruturação de seu passivo". Assim, ficou registrado no contrato que o Cruzeiro SAF é obrigado a destinar 20% das receitas e 50% de dividendos (lucros distribuídos a sócios) para o pagamento de dívidas. Caso a entidade não adote "providências concretas para promover a reestruturação de seu passivo", Ronaldo pode obrigá-la a recomprar dele todas as ações da SAF, pelo mesmo preço que ele pagou. Veja abaixo:
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O que dizem as partes
Sobre a divulgação dos termos do contrato final, que ainda não foi assinado, a equipe de Ronaldo se posicionou por meio do seguinte texto:
"Ronaldo recebeu da XP (contratada pelo Cruzeiro), assim como outros players do mercado, um cenário de oferta para a possível aquisição da SAF. Dentro do que entendeu justo, considerando a gigantesca dívida do clube, fez sua proposta formal."
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Por sua vez, a XP também se pronunciou:
"O Cruzeiro contratou a XP considerando a idoneidade que possui e tem convicção de que a empresa só assessora o clube em todo o processo. Tivemos conhecimento de uma segunda proposta, mas confiamos na qualidade da XP para nos indicar a melhor entre elas, que foi aceita exatamente por ser a melhor e mais sustentável para o clube ao longo do tempo."
Sobre a atitude de alguns conselheiros do Clube, de quebrarem a confidencialidade do contrato e exporem as condições com as quais não concordam, a empresa afirmou que houve "imprecisões técnicas e interpretações errôneas" na descrição do contrato feita por conselheiros insatisfeitos.
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