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Esportes
Treinadores colocaram uma mão sobre a outra antes da final entre São Paulo e Barcelona e selaram pacto por jogo bonito e, sobretudo, leal
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O histórico treinador Telê Santana | Reprodução/TV Cultura
São Paulo e Barcelona se enfrentariam pela Copa Intercontinental, o correspondente ao atual Mundial Interclubes da Fifa, em 13 de dezembro de 1992. Na antevéspera da partida, em Tóquio, no Japão, os técnicos Telê Santana e Johan Cruyff fizeram um pacto no hotel em que as duas equipes se concentravam: com uma mão sobre a outra, sacramentaram que os clubes deveriam jogar de forma bonita e leal, independentemente do resultado.
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Ambos haviam se consagrado durante a carreira por priorizar o jogo envolvente até mais do que o resultado. Em 1974, Cruyff foi o maior atleta da equipe conhecida como Carrossel Holandês, que perdeu a final da Copa para a Alemanha mas mostrou uma forma de jogar impressionante, nunca antes vista, que influenciaria o futebol mundial para sempre. Já Telê encantou ao comandar a seleção brasileira na Copa de 1982, que não ganhou o caneco mas nunca mais foi esquecida.
Quem selou o acordo no hotel foi o árbitro argentino Juan Carlos Loustau, que apitaria a final, convidado pelos treinadores a participar da conversa. A testemunha privilegiada afirmou, em entrevista à agência EFE em 2017, que os técnicos passaram quase quatro horas falando de futebol como se fosse algo sagrado.
Ele revelou que os treinadores disseram que interromper uma partida por lesão inventada, esconder a bola ou fazer uma substituição apenas para ganhar tempo não era algo aceitável. Combinaram que tirariam de campo o atleta que burlasse qualquer regra do bom futebol. “Estavam convencidos de que perder jogando bem não é fracassar e de que, em uma partida leal, não há vencedores nem derrotados”, contou Loustau.
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Em campo, o acordo de cavalheiros foi colocado em prática. Os catalães abriram o placar com Stoichkov, e o tricolor virou com dois gols de Raí. Mais do que da partida, o argentino nunca esqueceu daquele papo no hotel. “Em 40 anos de carreira nada me tocou mais do que ter participado dessa conversa entre Telê e Cruyff. Foi a coisa mais enriquecedora que o futebol me deu”.
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