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Manga: conheça a trajetória de um dos maiores goleiros do Brasil

Da ascensão no Sport ao auge no Internacional, passando por glórias no Uruguai e dramas pessoais, a história do lendário jogador marcou o futebol sul-americano

Raphael Miras

08/04/2025 às 14:42  atualizado em 08/04/2025 às 14:43

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Dono da camisa número 1 do Botafogo, o eterno Manga foi campeão carioca 4 vezes

Dono da camisa número 1 do Botafogo, o eterno Manga foi campeão carioca 4 vezes | Wikimedia Commons

O ex-goleiro Manga foi um dos principais jogadores que marcaram a geração do futebol na década de 60 e 70. Conhecido por sempre jogar sem luvas, Manga foi o brasileiro que teve o recorde de participação em edições na Copa Libertadores.

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Além disso, ele foi um dos melhores goleiros da história do futebol brasileiro, segundo a crítica especializada. Em sua homenagem, foi instituído 26 de abril como o "Dia do Goleiro". 

Na década de 60, Manga se destacou no Botafogo, onde jogou durante dez anos de sua vida. Foto: Arquivo Nacional
Na década de 60, Manga se destacou no Botafogo, onde jogou durante dez anos de sua vida. Foto: Arquivo Nacional
A estreia de Manga no time principal aconteceu em 1955, quando ele tinha apenas 18 anos. Foto: Wikimedia Commons
A estreia de Manga no time principal aconteceu em 1955, quando ele tinha apenas 18 anos. Foto: Wikimedia Commons
Manga encerrou sua longa e vitoriosa carreira no Equador, atuando pelo Barcelona de Guayaquil. Lá, sagrou-se campeão nacional em 1981 e aposentou-se em 1982, aos 45 anos. Foto: Reprodução/ESPN
Manga encerrou sua longa e vitoriosa carreira no Equador, atuando pelo Barcelona de Guayaquil. Lá, sagrou-se campeão nacional em 1981 e aposentou-se em 1982, aos 45 anos. Foto: Reprodução/ESPN

Início de carreira

Ainda nas categorias de base do Sport Club do Recife, Haílton Corrêa de Arruda já chamava atenção por seu talento como goleiro. 

Em 1954, foi peça-chave na conquista do Campeonato Pernambucano de Juniores, com 0 gols sofridos. A atuação lhe rendeu comparações com o goleiro Manga, do Santos, e acabou adotando o apelido que carregaria por toda a carreira.

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Seu desempenho chamou a atenção do técnico Gentil Cardoso, que não hesitou em promovê-lo à equipe principal do Sport. 

Antes disso, o jovem goleiro quase trocou de clube: chegou a visitar o Vasco, mas um contrato informal com o Sport e a pedida de trezentos mil cruzeiros (aproximadamente R$ 109) pelo seu passe fizeram com que permanecesse no time pernambucano.

Estreia de Manga no profissional 

A estreia de Manga no time principal aconteceu em 1955, quando ele tinha apenas 18 anos. Entrou em campo substituindo o goleiro Carijó, durante um amistoso contra o Náutico, na Ilha do Retiro. 

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O primeiro jogo dele foi promissor: vitória por 5 a 2. Somente no ano seguinte voltaria a atuar, novamente entrando no lugar de Carijó, em um amistoso contra o Fluminense de Feira de Santana.

Foi em 1957, durante uma excursão do Sport pela Europa e Oriente Médio, que Manga começou a se firmar como titular. Durante a viagem, revezou a posição com outros dois goleiros experientes, Carijó e Osvaldo Baliza, mas suas atuações consistentes garantiram a vaga no time principal, onde permaneceu como titular.

No ano seguinte, em 1958, conquistou o título do Campeonato Pernambucano como goleiro titular. A equipe, comandada pelo técnico argentino Dante Bianchi, contava com nomes como o uruguaio Walter Morel e os atacantes Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e Geo.

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Sua despedida do Sport veio em 1959, em uma partida contra o Ferroviário, válida pelo estadual. Para encerrar sua trajetória no clube com chave de ouro, Manga ainda marcou um gol. Em seguida, transferiu-se para o Botafogo, iniciando uma nova fase de sua carreira.

Chegada no Botafogo

Na década de 60, Manga se destacou no Botafogo, onde jogou durante dez anos de sua vida. Além disso, foi convocado para ser goleiro titular na seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1966.

Manga foi o maior goleiro da história do clube, sendo campeão quatro vezes do Campeonato Carioca e três vezes do Torneio Rio-São Paulo. Sua característica como jogador era ser veloz ao repor a bola e ágil debaixo das traves. Com todas essas qualidades de goleiro, Manga fez muitos milagres pelo Glorioso. 

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O goleiro estreou pelo clube em julho de 1959, aos 22 anos. Por seu estilo arrojado, teve as mãos deformadas devido a tanto trabalho. Depois de 8 anos, foi negociado com o Nacional do Uruguai acusado de ter se vendido a Castor de Andrade, patrono do Bangu. No total foram 442 jogos defendendo a camisa alvinegra, sofrendo 394 gols.

Participação na Seleção Brasileira

Manga teve passagens marcantes pela Seleção Brasileira, mas também viveu momentos difíceis com a camisa canarinho. Um dos episódios mais lembrados ocorreu em 21 de novembro de 1965, durante um amistoso contra a União Soviética, no Maracanã. 

O Brasil vencia por 2 a 0, mas duas falhas do goleiro permitiram o empate em 2 a 2. Na primeira, ao cobrar um tiro de meta, acertou a cabeça de um adversário, virou de costas para o campo e, quando se deu conta, a bola já estava no gol. 

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Na segunda, tentou sair jogando com os pés, mas entregou a bola para um atacante soviético, que marcou o segundo gol.

Sucesso no Uruguai e nos clubes do Sul

Apesar de ter resistido inicialmente à ideia de jogar no exterior, Manga acabou acertando com o Nacional, do Uruguai, após não concretizar uma negociação com o Atlético Mineiro. Sua chegada a Montevidéu marcou o início de uma fase vitoriosa. 

Desde sua estreia, em 7 de setembro de 1968, passaram-se 339 minutos até que sofresse o primeiro gol. No Nacional, foi multicampeão uruguaio, venceu a Taça Libertadores da América e também conquistou o título da Copa Intercontinental.

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No retorno ao Brasil, destacou-se no Internacional, onde foi bicampeão brasileiro, em 1975 e 1976, e tornou-se um dos maiores ídolos da história colorada. Em 1975, mesmo com dois dedos quebrados, entrou em campo na final do Brasileirão, contra o Cruzeiro. 

Sua defesa em um chute potente do lateral Nelinho é, até hoje, lembrada como a mais difícil de sua carreira. Na memória dos torcedores, ficou registrada a sólida linha defensiva com Manga, Cláudio, Figueroa, Hermínio e Vacaria.

A polêmica ida ao Grêmio

Após atuar pelo Operário-MS (1977) e Coritiba (1978), Manga acertou com o Grêmio (1978–1979), o que gerou controvérsia no futebol gaúcho. Havia um acordo informal entre os rivais Inter e Grêmio para não contratar jogadores diretamente um do outro. 

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No entanto, como Manga estava no Coritiba antes de chegar ao Tricolor, o Grêmio alegou que não havia violado esse pacto. 

Ainda assim, muitos colorados consideraram o gesto uma quebra de confiança. A partir desse episódio, a movimentação de jogadores entre os dois clubes tornou-se mais frequente.

No Grêmio, Manga também teve uma passagem marcante, sendo lembrado pela retaguarda sólida formada com Eurico, Ancheta, Vantuir e Dirceu.

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O fim da carreira e o título no Equador

Manga encerrou sua longa e vitoriosa carreira no Equador, atuando pelo Barcelona de Guayaquil. Lá, sagrou-se campeão nacional em 1981 e pendurou as chuteiras em 1982, aos 45 anos.

Após a aposentadoria, fixou residência em Salinas, no Equador, onde viveu por muitos anos.

Vida após os gramados

Por motivos de saúde, mudou-se para o Uruguai. Sofrendo de insuficiência renal aguda, contou com o apoio de torcedores e de um grupo chamado "Campeón Para Toda La Historia", que arrecadou fundos para viabilizar seu tratamento médico. 

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Durante esse período, chegou a viver na casa de um torcedor até se mudar para um apartamento alugado em Montevidéu. A solidariedade cruzou fronteiras: uma torcedora do Botafogo organizou uma vaquinha virtual que arrecadou cinco mil reais para ajudá-lo.

Além de prestar serviços como embaixador em eventos promovidos por consulados e torcidas, Manga também atuou como supervisor de treinadores de goleiros do Internacional, até 2012. A partir de 2019, voltou a enfrentar sérios problemas de saúde, com recorrentes internações em Quito. 

Mais recentemente, viveu com sua esposa Maria Cecília no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, após uma mobilização liderada pelo jornalista Marcelo Gomes, da ESPN, em 2020, que ajudou a garantir ao ex-goleiro melhores condições de vida em seus últimos anos.

Infelizmente, um dos maiores goleiros do Brasil morreu no dia 8 de abril de 2025,. Ele estava internado no Hospital Rio Barra e lutava contra um câncer de próstata. Mas sua história debaixo das traves, nunca será esquecida.

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