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Clube enfrentou doenças, homicidas e submarinos para jogar bola

Segundo historiador Luiz Antonio Simas, clube brasileiro enfrentou 'a maior epopeia da história da humanidade' para poder jogar futebol

Bruno Hoffmann

09/07/2024 às 18:17  atualizado em 09/07/2024 às 18:26

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Recorte da revista placar com a equipe da época; com "x", os jogadores que morreram na epopeia

Recorte da revista placar com a equipe da época; com "x", os jogadores que morreram na epopeia | Reprodução/Placar

Duas mortes, dezenas de enfermos e três meses de uma aventura arriscada Brasil adentro. Parece história de exploradores, mas os acontecimentos fazem parte do que seria uma simples excursão do Santa Cruz à Amazônia, em 1943. 

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O plano era simples: o clube pernambucano faria amistosos em cidades do Norte para voltar com uns trocados a mais no caixa. Mas a saída do Recife parecia prenunciar o que viria pela frente.

Com a Segunda Guerra Mundial em curso, navios alemães pipocavam no litoral brasileiro. A embarcação com a equipe teve de ser escoltada às escuras pela Marinha até Belém, onde o Santa faria três amistosos. Depois dos jogos, seguiram para Manaus num navio que rebocava um batelão com alimentos.

A viagem era para ser rápida, mas durou 15 dias – um grupo de indígenas nada simpáticos e bem armados sequestrou a tripulação para roubar a comida.

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Duas mortes

Após os jogos em Manaus, parte dos jogadores foi acometida por uma infecção estomacal das bravas. O goleiro King e o centroavante Papeira foram diagnosticados com febre tifoide no barco, que seguia de volta a Belém. Os dois atletas voltaram a entrar em campo num jogo contra o Remo. Mas viria o pior. Dois dias depois, King morreria; no dia seguinte, seria a vez de Papeira.

Navio com homicidas

Era hora, mesmo assim, de voltar para casa. Devido à guerra, porém, o governo proibira o tráfego marítimo. Somente três semanas depois a viagem foi liberada e a delegação conseguiu se encaixar num navio para Pernambuco, com escala de quatro dias em São Luís.

Com pouco dinheiro, os jogadores viajaram de terceira classe, ao lado de 35 perigosos homicidas deportados para o Maranhão.

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Submarinos no caminho

Em São Luís, o clube se viu obrigado a entrar em campo para levantar alguma grana. Até o cozinheiro teve de vestir camisa de titular para compensar as baixas. Jogo feito, zarparam rumo ao lar, doce lar. Só que, quase no litoral do Ceará, o comandante recebeu a notícia de que submarinos alemães impediriam a passagem, e decidiu retornar ao Maranhão.

Os exauridos jogadores resolveram então voltar para casa por terra, pegando carona num trem de carga até Teresina – que atrasou a viagem por descarrilar duas vezes. Na capital do Piauí, fizeram um amistoso em troca de comida.

Um dos jogadores foi esfaqueado na zona do meretrício. Só então entraram num ônibus até Fortaleza, de onde conseguiram, enfim, chegar a Pernambuco, dando fim à aventura.

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O historiador Luiz Antonio Simas não tem dúvidas: “Para mim, é a maior epopeia da história da humanidade”. Não é para menos.

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