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Cidade do litoral desiste de destruir pista de atletismo para Santos ter CT

Com pressão de atletas e esportistas formados em Cubatão e da oposição na Câmara, Prefeitura retirou projeto de lei que previa a concessão do Centro Educacional e Desportivo Professor Roberto Dick

Luana Fernandes

06/05/2022 às 16:50

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Luiz Guilherme treina no Roberto Dick, o tradicional Poliesportivo de Cubatão

Luiz Guilherme treina no Roberto Dick, o tradicional Poliesportivo de Cubatão | Divulgação/PMS

O projeto de lei, enviado à Câmara Municipal de Cubatão no início do mês passado, concedendo o centro de treinamento de atletismo tradicional na Cidade para a iniciativa privada, foi retirado pela Prefeitura após forte oposição de atletas e esportistas. O maior interessado na aprovação do projeto era o Santos Futebol Clube, que pretendia construir, na área de 42 mil metros quadrados, um centro de treinamento (CT) para a base e para o futebol feminino. As informações são da coluna Olhar Olímpico, da UOL.

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Enviado à Câmara no último dia de 4 de abril, o projeto foi retirado na quarta-feira da semana passada, na véspera de acontecer uma audiência pública convocada por uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) criada especialmente para o projeto de concessão do Centro Educacional e Desportivo Professor Roberto Dick.

Vereadores de oposição ao prefeito Ademário Oliveira (PSDB) reclamavam que o projeto era desenhado para os interesses dos Santos.

Além da oposição na Câmara, o prefeito enfrentou forte oposição do atletismo. O presidente da Confederação Brasileira (CBAt), Wlamir Motta Campos, foi campeão sul-americano em 1988 nesta pista, onde o atual vice-presidente da Federação Paulista (FPA), Rogério Bispo, iniciou sua carreira de atleta. Os dois lideram um movimento que inclui Juliana Gomes dos Santos, campeã pan-americana e cria da cidade, o marido dela, o ex-maratonista Marílson Gomes dos Santos, e a medalhista olímpica Rosemar Coelho, que também começou em Cubatão.

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A Cidade já foi uma referência no esporte e preparou muitos atletas. No passado, o estádio de Cubatão foi um dos mais importantes do país, recebendo inclusive competições internacionais. Com o abandono, foi perdendo espaço. Ainda assim, o Poliesportivo - como é conhecido entre os cubatenses - tem uma das 11 pistas oficiais do estado e uma das poucas áreas reservadas apenas à prática de atletismo, o que inclui a possibilidade de lançamentos de dardo, martelo e disco no gramado.

Segundo o presidente da confederação, o projeto de lei atende interesses do futebol, em prejuízo da população, do atletismo e desconsidera a história do atletismo de Cubatão e da importância dessa pista não apenas para a cidade, mas para a história do atletismo nacional nos últimos 35 anos. “A CBAt não pode se calar frente a aberrações como essa", reclama.

Pelo projeto enviado à Câmara, o vencedor da concessão por 30 anos, renováveis por mais 30, pagaria à cidade 30% do valor de avaliação do imóvel, que é cerca de R$ 60 milhões — isso é de R$ 18 milhões. O governador municipal argumenta que o centro de atletismo é "deficitário e ocioso", e que apenas cerca de 100 pessoas frequentam o local mensalmente. Segundo a Prefeitura, o custo para manter o espaço é de R$ 1 milhão por ano.

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Em audiência pública realizada após a retirada do projeto, a Prefeitura argumentou que os R$ 18 milhões recebidos pela concessão do local seriam investidos no esporte, como a construção de uma nova pista de atletismo, obrigação que não faz parte do projeto de lei.

Com a concessão engavetada, o atletismo se organiza para justificar a manutenção da área como centro esportivo, buscando recursos para que a pista seja reformada. De acordo com o levantamento da CBAt, o Roberto Dick é uma das pistas oficiais do estado de São Paulo, mas não conta com iluminação nem com material para competição, como barreiras e blocos de largada.

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