Teatro Cultura Artística reabre em São Paulo com novo foco

Após 16 anos fechado, o Teatro Cultura Artística será reaberto neste domingo (25/8), em São Paulo, com uma programação especial. 

O teatro ficou fechado porque em agosto de 2008 foi atingido por um incêndio de grandes proporções. Na época, as duas salas de espetáculo foram destruídas, mas a fachada com o mural de Di Cavalcanti, arquivos históricos e os foyers do térreo e do primeiro andar foram salvos. 

Ao longo de seus 112 anos de existência (e resistência), o Cultura Artística nunca deixou de oferecer a São Paulo o melhor da arte. Sua reabertura, no entanto, mudará o foco de atuação. As peças de teatro, que chegavam a ocupar 200 dias por ano da agenda do espaço, deixarão de ocorrer. A partir deste domingo, o Cultura Artística se dedicará exclusivamente à música.

Temporada 2024 

Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen, Lang Lang, Joshua Bell, Hélène Grimaud, Amsterdam Sinfonietta, João Camarero e Duo Siqueira Lima são alguns dos nomes que poderão ser assistidos no Cultura Artística durante o segundo semestre.

O projeto reúne ainda uma série de concertos matinais, com apresentações da nova geração da música clássica, uma residência com a São Paulo Chamber Soloists e a estreia de composições de Clarice Assad, Esteban Benzecry, João Luiz Rezende e André Mehmari. 

Embora as assinaturas para a temporada estejam esgotadas, ingressos avulsos estarão disponíveis para compra um mês antes de cada concerto. Confira o livreto com a programação completa. 

A reconstrução 

Nos anos seguintes ao incêndio, o arquiteto Paulo Bruna, autor do projeto de renovação do Cultura Artística, buscou preservar e recuperar todas as áreas remanescentes do histórico edifício.

Além da recuperação de parte do projeto original de 1950, do arquiteto Rino Levi, o arquiteto atualizou as salas de espetáculos, circulações e áreas de apoio, conforme os mais modernos preceitos de tecnologia, acústica, conforto e respeito ao meio ambiente. 

Serão duas salas de espetáculo, com 750 e 150 lugares, e a inclusão de diversos espaços de prática e estúdios equipados com tecnologia digital. 

O térreo contará ainda com um café e uma filial da livraria Megafauna, que permanecerão abertos ao longo do dia, mesmo nos momentos em que não houver espetáculos. 

Além do painel "Alegoria das Artes", de Di Cavalcanti, que integra a fachada do Teatro original, a artista Sandra Cinto assina duas tapeçarias que serão colocadas em um novo foyer, com uma cortina de vidro de quatro andares, aberta para a Praça Roosevelt. 

O mural de Di Cavalcanti 

Durante o projeto de construção do prédio, por volta de 1947, o arquiteto Rino Levi escolheu Di Cavalcanti para criar um painel de grande dimensão que decoraria a fachada do teatro.

O artista, que dedicava grande parte do seu trabalho à arte muralista na cidade de São Paulo, fez um projeto minucioso para a escolha das pastilhas e das cores que comporiam o mosaico. Em março de 1950, o mural intitulado “Alegoria das Artes” ficou pronto.

Di Cavalcanti retratou no painel dez musas da mitologia grega, inspiradoras das artes e das ciências.

Este trabalho foi um marco na carreira do artista e, até hoje, a obra é considerada uma das maiores artes expostas em espaço público na capital paulista. 

Com 48 metros de comprimento e 8 metros de altura, a obra “Alegoria das Artes” é o maior painel concebido por Di Cavalcanti.

Foram necessários 18 meses para restaurar as cerca de 1,2 milhões de pastilhas de vidro, trabalho que recebeu do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade como melhor obra de restauro de 2012.

Serviço
Teatro Cultura Artística
Onde? Rua Nestor Pestana, 196 - Consolação
Mais informações em culturaartistica.org