Relembre incêndio que destruiu Teatro Cultura Artística, há 16 anos

Na manhã do dia 17 de agosto de 2008, um domingo, o Teatro Cultura Artística, na região da Consolação, em São Paulo, foi atingido por um incêndio de grandes proporções. 

As duas salas de apresentação do espaço cultural, a Esther Mesquita, com 1.156 poltronas, e a Rubens Sverner, com 339, foram completamente destruídas pelo fogo. Já os arquivos históricos, os foyers do térreo e do primeiro andar e o mural de Di Cavalcanti conseguiram escapar das chamas.

Na época, foi informado pelo Corpo de Bombeiros que as chamas começaram a consumir o edifício por volta das 5h da manhã, e até hoje, não se sabe qual foi exatamente o motivo do incêndio. Ninguém se feriu.

No ano seguinte as chamas, 2009, a “Sociedade de Cultura Artística”, ‘instituição criada em 1912 com a missão de “promover e divulgar obras de artes plásticas e performáticas tais como exposições, concertos, recitais, conferências e espetáculos teatrais e de dança de elevado nível técnico, cultural e artístico”, iniciou uma campanha de arrecadação de recursos para a reconstrução do prédio, que, apesar de não estar completamente destruído, precisaria passar por uma obra de grandes proporções. 

Naquele ano, em entrevista ao G1, Eric Klug, que cuidava das relações institucionais da “Sociedade de Cultura Artística”, afirmou que a data prevista para finalizar a reconstrução, que ainda não havia nem começado, era 2012, ano em que a Sociedade completaria seu centenário. 

As obras estruturais no prédio começaram em 2010, com previsão para serem finalizadas em 2021. Durante esse período, o mural de Di Cavalcanti, o maior já feito pelo artista, foi totalmente restaurado, recuperando suas características originais. 

A reforma do Cultura Artística demorou bem mais do que o esperado e, só agora, em 2024, o teatro será reaberto para a sociedade. A reinauguração do espaço histórico será neste domingo (25/8) e diversos concertos já estão programados para a ‘temporada 2024’ da casa. 

Detalhes da reconstrução 

Assinada por Paulo Bruna, arquiteto que trabalhou no escritório de Rino Lévi, responsável pelo desenho original do prédio do Cultura Artística, a reconstrução do teatro recuperou parte do projeto original de 1950 e atualizou as salas de espetáculos, circulações e áreas de apoio. 

Agora, serão duas salas de espetáculo, com 750 e 150 lugares, e haverá ainda a inclusão de diversos espaços de prática e estúdios equipados com tecnologia digital. 

O térreo contará ainda com um café e uma filial da livraria Megafauna, que permanecerão abertos ao longo do dia, mesmo nos momentos em que não houver espetáculos. 

Além do painel “Alegoria das Artes”, de Di Cavalcanti, que integra a fachada do Teatro original, a artista Sandra Cinto assinou duas tapeçarias que serão colocadas em um novo foyer, com uma cortina de vidro de quatro andares, aberta para a Praça Roosevelt.

O Teatro

Construído entre os anos de 1947 e 1950, no terreno do antigo Velódromo de São Paulo, primeiro estádio de futebol do país, o prédio do Cultura Artística simbolizava a materialização do sonho da “Sociedade” de ter um espaço próprio. 

O Teatro foi inaugurado oficialmente nos dias 8 e 9/3 de 1950, com apresentações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência de Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri. 

Ao longo dos anos, o espaço passou a sofrer alguns danos estruturais graves, como a queda de parte do telhado em 1955, e a “Sociedade” não possuía investimentos suficientes para reformá-lo. Assim, no começo da década de 60, parte do teatro foi alugada para a extinta TV Excelsior. 

Em 1977, após o fechamento da Excelsior, os arquitetos Rino Levi, dono do projeto inicial do Cultura Artística, e Roberto Cerqueira César, reabriram o teatro, que permaneceu em funcionamento até o incêndio de 2008.

O Cultura Artística é tombado desde 2016 pelo Ministério da Cultura, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 

A Sociedade de Cultura Artística

Fundada em 1912, a “Sociedade de Cultura Artística”, ou apenas “Cultura Artística”, foi criada com o intuito de promover e divulgar obras de arte como exposições, peças de teatro, concertos, entre outras atividades culturais. 

A “Sociedade” nasceu através de saraus, que eram realizados nas casas de membros da elite econômica e cultural paulistana. Entre os seus fundadores estavam Vicente de Carvalho, Arnaldo Vieira de Carvalho, Frederico Vergueiro Steidel, Roberto dos Santos Moreira, Júlio de Mesquita e Nestor Pestana, que dá nome à rua em que o Teatro foi construído.

Antes da construção do Cultura Artística, o grupo de intelectuais utilizava os espaços do Theatro Municipal de São Paulo para realizar suas atividades.

Temporada 2024 

Após reaberto, o Cultura Artística se dedicará exclusivamente à musica. As peças de teatro, que chegavam a ocupar 200 dias por ano da agenda, deixarão de ocorrer. 

Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen, Lang Lang, Joshua Bell, Hélène Grimaud, Amsterdam Sinfonietta, João Camarero e Duo Siqueira Lima são alguns dos nomes que poderão ser assistidos no Cultura Artística durante o segundo semestre.

O projeto reúne ainda uma série de concertos matinais, com apresentações da nova geração da música clássica, uma residência com a São Paulo Chamber Soloists e a estreia de composições de Clarice Assad, Esteban Benzecry, João Luiz Rezende e André Mehmari. 

Embora as assinaturas para a temporada estejam esgotadas, ingressos avulsos estarão disponíveis para compra um mês antes de cada concerto. 

Confira o livreto com a programação completa. 

Serviço
Teatro Cultura Artística
Onde? Rua Nestor Pestana, 196 - Consolação
Mais informações em culturaartistica.org