Premiado espetáculo 'Tatuagem' reestreia em São Paulo

Para comemorar seus 25 anos de trajetória, a Cia. da Revista, companhia teatral com sede na região central de São Paulo, reestreia o espetáculo "Tatuagem".

A adaptação é dirigida por Kleber Montanheiro do longa-metragem que levou Hilton Lacerda, cineasta recifense, ao Kikito de 'Melhor Filme' no Festival de Cinema de Gramado, em 2013. 

O musical, apresentado pela primeira vez no Espaço Cia. da Revista em 2022, entrou em cartaz neste sábado (1º/2), e a temporada vai até a segunda-feira (24/2).

No ano de sua estreia, "Tatuagem" venceu o Prêmio APCA de "Melhor Direção" e teve seis indicações ao Prêmio Bibi Ferreira, ganhando os troféus de "Ator Coadjuvante" e "Arranjo Original".

O elenco é composto pelos atores: André Torquato, John Seabra, Bia Rezi, Cleomácio Inácio, Pedro Arrais, Gustavo Rezende, Victor Barreto, Júlia Sanchez, Larissa Noel, Lua Negrão, Lucas Truta, João Victor Silva, Mateus Vicente, Natália Quadros, Roma Oliveira, Raphael Mota e Zé Gui Bueno.

A direção musical e os arranjos são assinados por Marco França, enquanto a direção geral fica a cargo de Kleber Montanheiro, vencedor do Prêmio Bibi Ferreira 2024 na categoria "Melhor Direção em Musicais" pelo espetáculo "Cabaret - Kit Kat Club" e também fundador do Cia. da Revista. 

Detalhes da peça 

A trama de "Tatuagem" acompanha a trupe teatral recifense "Chão de Estrelas", liderada pelo extravagante Clécio Wanderley. Em uma noite, no ano de 1978, os artistas recebem a visita do jovem militar Fininha, que é cunhado de Paulete, a estrela do grupo. Encantado com aquele universo marginal, ele logo é seduzido pelo charmoso líder da companhia.

Assim, os dois, Clécio Wanderley e Fininha, iniciam um tórrido relacionamento. Porém, o envolvimento com o extravagente artista coloca o jovem diante de um grande dilema: como viver esse amor e continuar trabalhando no repressivo ambiente militar em plena ditadura?

"Tatuagem" é um espetáculo sobre o amor e a liberdade em tempos de opressão. A peça é a segunda da trilogia "Conexão São Paulo-Pernambuco", que iniciou em 2021, com a estreia de "Nossos Ossos", criada a partir do romance do escritor Marcelino Freire. 

A montagem - de filme para peça 

A companhia teatral "Chão de Estrelas" é inspirada no "Teatro Vivencial", uma trupe pernambucana verdadeira que fez sua arte nos anos de 1970 e 1980 e ficou conhecida por sua militância poética e como ícone da contracultura.

De acordo com Kleber Montanheiro, os trabalhos feitos pela Cia. da Revista tem muitas semelhanças com os do grupo retratado pelo filme e pelo musical. 

“Nós todos temos essa ideia de junção de linguagens. A música sempre está muito presente em nossos espetáculos e exploramos outras possibilidades, como a dança, o circo, o circo-teatro e a própria revista como um gênero. Isso tem muito a ver com o Chão de Estrelas. E é interessante porque esse grupo estava inserido em um contexto de luta pela liberdade e nós estamos lutando para continuar com nosso espaço aberto, que ficou muito tempo fechado durante a pandemia”, compara o encenador.

Para transpor a atmosfera criada pelo "Chão de Estrelas" no filme, a Cia. da Revista modificou até a estrutura de seu espaço.

A plateia, por exemplo, é acomodada em cadeiras e mesas para duas pessoas e até o hall de entrada e a fachada do teatro foram repensados para lembrar a sede do grupo fictício.

Trilha sonora d’As Baías

"Acho que a música acabou sendo o ponto de partida. Eu estava assistindo ao filme e notei que as canções d’As Baías se encaixavam perfeitamente em várias cenas. Tenho amizade com a banda, principalmente com a Assucena, pois dirigi o show da turnê “Mulher”, do primeiro disco delas. E parecia que as músicas tinham sido feitas para o filme”, comenta Montanheiro sobre a escolha das músicas para a peça. 

Embora a adaptação seja fiel aos diálogos do longa, a trilha sonora passou a incorporar 23 canções de Raquel Virgínia, Rafael Acerbi e Assucena - que ainda compôs mais uma música inédita, “Tatuagem”, tema do espetáculo.

“Existem várias camadas da música dentro da peça. Como as canções das Baías não contam uma história com começo, meio e fim, mas falam sobre um tempo, muitas vezes, a música tem uma função narrativa. Às vezes, funciona como um pensamento de uma personagem, comenta uma ação anterior e até anuncia algo que está por vir”, acrescenta o diretor.

Ficha técnica 

Adaptação, direção, cenários e figurinos: Kleber Montanheiro
Direção musical e arranjos: Marco França
Músicas: As Baías - Raquel Virgínia, Rafael Acerbi e Assucena
Música composta - 'Tatuagem': Assucena
Iluminação: Gabriele Souza
Visagismo: Louise Heléne
Preparação 'Côco de Roda': Val Ribeiro 
Assistente de direção: João Victor Silva
Co-figurinista e direção de ateliê: Marcos Valadão
Costureira: Nonata Diniz
Aderecistas: Gustavo Zanela e Rebeca Oliveira
Cenotecnia: Evas Carretero
Pintura de telões: Victor Grizzo
Elenco: André Torquato/John Seabra, Bia Rezi, Cleomácio Inácio/Pedro Arrais, Gustavo Rezende/Victor Barreto, Júlia Sanchez/Larissa Noel, Lua Negrão, Lucas Truta/João Victor Silva, Mateus Vicente, Natália Quadros, Roma Oliveira/Raphael Mota e Zé Gui Bueno
Músico ensaiador: Gabriel Hernandes 
Guitarra: Canhestro
Bateria: Caro Pisco
Teclado: Wagner Passos
Baixo/Violão: Gabriel Hernandes
Projeto 'Feito Tatuagem': Louise Heléne e Sérgio Santoian
Fotos 'Feito Tatuagem': Sérgio Santoian
Fotos do elenco: Rodrigo Chueri 
Microfonista: Brenda Umbelino
Desenho de som: LABSOM - Kleber Marques
Direção de produção: Jota Rafaelli
Produção: Movicena Produções
Realização: Cia. da Revista

Serviço - Tatuagem 
Quando? De sábado (1º/2) a segunda (24/2) - sábados, domingos e segundas, às 20h
Onde? Cia da Revista - Alameda Nothmann, 1135 - Campos Elíseos, São Paulo
Quanto? Plateia: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)*
Mesa (ingresso individual): R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)
A mesa tem capacidade para três pessoas; cada ingresso garante apenas um lugar à mesa
Classificação: 16 anos 
Duração: 135 minutos, com 15 minutos de intervalo