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Piauí divulga novos detalhes sobre caso Marcius Melhem

Revista soltou segunda matéria sobre o tema após conseguir liberação no STF

Gustavo Cavalcante

15/02/2022 às 11:41

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Marcius Melhem

Marcius Melhem | Reprodução

Avançar sobre uma atriz, só de toalha e com o pênis ereto; pedir um boquete para outra, como recompensa por tê-la trazido para a Globo; levar as mãos de mulheres para suas genitálias e dizer frases como "Você faz parte das minhas fantasias sexuais" ou "Como você está gostosa com essa roupa". Essas são algumas das descrições dadas por oito mulheres, que se dizem vítimas de abuso sexual por Marcius Melhem, ex-chefe do departamento de humor da Globo.

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As informações foram publicadas em reportagem da revista Piauí nesta segunda (14), após ficar proibida por 172 dias, isto é, desde o dia 12 de agosto de 2021. A decisão havia sido tomada pela juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, a pedido da defesa de Melhem por suposta violação do sigilo do processo judicial. Em 31 de janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes derrubou a medida, considerando que a censura prévia à imprensa viola a Constituição.

Em dezembro de 2020, a Piauí trouxe à tona o caso envolvendo a atriz Dani Calabresa, que, afinal, não era a única pessoa a relatar esse tipo de violência por parte do humorista.

Todas as mulheres depuseram à promotora Gabriela Manssur, coordenadora da Ouvidoria Nacional do Ministério Público, seja em vídeo ou texto. Suas identidades estão sob sigilo.

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Segundo os relatos, o flat alugado pela Globo, que funcionava como redação do departamento de humor, é um dos lugares recorrentes onde ocorreram esses abusos, datados entre 2010 e 2019. Melhem receberia as atrizes só de cuecas, ou ainda com as calças abaixadas, ou sem calças. Uma relata ter sido chamada de "piranha", outra que lembra de ele apontar para o banheiro e dizer "Vamos?", em tom convidativo, propondo sexo.

Outra atriz relembra ainda a vez em que Melhem pediu para tomar um banho na flat dela antes de ir para uma festa. Uma amiga estaria por lá na ocasião, mas teve um contratempo. Nisso, o humorista teria saído do banheiro, ereto, e tentado agarrá-la. Diante da resistência, soltou-a, mas fez menção ao episódio, em conversa por WhatsApp com a atriz, dando uma nova chance para que ela aceitasse a relação sexual.

No início de novembro de 2021, Melhem falou também à Delegacia de Atendimento à Mulher, no Centro do Rio, mas na transcrição do depoimento, ele gasta apenas duas linhas –de um total de oito páginas– se referindo a esse último caso. Nega que tenha deixado o banheiro só de toalha e que tentou agarrar a atriz à força.

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Quando perguntado se recebia atrizes de "cuecas, com as calças abaixadas ou sem calças", respondeu que isso ocorreu apenas uma vez e que "se tratava de brincadeira e também não tinha conotação sexual." O termo "brincadeira", aliás, é recorrente na sua defesa.

Os casos envolvem também o bar Vizinha 123, em Botafogo, onde testemunhas relembram quando Dani Calabresa foi assediada.

E apesar das denúncias internas à Globo, a emissora e Melhem dizem que ele deixou a empresa "de comum acordo". Ele estava afastado desde março de 2020. Após cinco meses no exterior, voltou ao país, mas não foi reincorporado à televisão.

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A revista, no entanto, teve acesso a documentos que descrevem que o humorista foi punido com demissão após o Compliance da emissora ter encontrado "alegações de práticas abusivas" graves.
Sem previsão de encerramento do caso, Melhem já teve depoimentos favoráveis de pelo menos cinco colegas, como as atrizes Flavia Reis, Patricia Pinho e Renata Castro Barbosa, e a diretora Alice Demier, do Zorra, e o humorista Welder Rodrigues.

Outras dez testemunhas deram relatos contra Melhem. Entre elas, os atores Marcelo Adnet, ex-marido de Dani Calabresa, George Sauma, Eduardo Sterblitch, a atriz Maria Clara Gueiros e o diretor Mauro Farias, que comandou o Zorra e o Tá no Ar.

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