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Magrão, um dos MCs de batalha mais populares do Brasil, durante entrevista | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo
As batalhas de MCs são popularíssimas nas redes sociais e um dos nomes em evidência é o de Magrão, conhecido pelo estilo sério e contundente de enfrentar adversários pelo País.
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Nesta semana, o artista foi entrevistado pelo podcast Direto da Gazeta e falou sobre a origem humilde em Taboão da Serra, a ascensão na cena e o futuro que pretende construir.
Para ele, é um erro achar que estar nas batalhas é somente uma etapa e que a longevidade artística é conquistada apenas com a gravação de álbuns, como era visto antigamente.
“Isso vem mudando. Os MCs de batalha têm mirado uma carreira no estilo. Tem se criado campeonatos, ligas, times para isso. O freestyle também está sendo reconhecido como uma carreira de respeito, de trabalho, assim como qualquer artista da música”, defendeu.
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Mesmo assim, o artista lançou singles e um EP no ano passado, além de participar de projetos de outros artistas. Também é contratado pela equipe de E-Sports do Corinthians para representar o clube em batalhas da modalidade.
Com quase 1 milhão de seguidores no Instagram, o artista afirmou que a visibilidade ainda não resultou no retorno financeiro pretendido, que ainda trabalha para pagar o aluguel da casa onde mora, mas que espera ascender nos próximos anos.
Ele explicou que falar de dinheiro dentro do hip hop sempre é um assunto complicado, mas que as novas gerações estão aprendendo a lidar melhor com o tema.
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Na música “Não É Brincadeira”, Magrão canta: “Eu faço um som comercial para vender, fazer fama e ficar rico?/Ou eu faço um clássico para ser reconhecido depois de eu morrer?” Ao ser questionado qual foi a decisão dele, respondeu: “Estou buscando esse equilíbrio, irmão. Preciso. Tem ‘uma pá’ de MC pior que eu ganhando dinheiro com o ‘bagulho’. Esse pensamento me botou para frente, fez eu buscar”, destacou.
O cantor também disse que os MCs ainda estão aprendendo a cobrar dos organizadores das batalhas de maneira mais justa, mas que a situação melhorou bastante. “Antigamente, quando tinha uma batalha por mês valendo R$ 100, o lugar lotava”, lembrou.
Nascido e criado na região de Pirajussara, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, ele recordou ter tido uma infância extremamente humilde, em meio a uma favela da região. Ele precisou se mudar diversas vezes, mas quase sempre permaneceu na região.
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A mãe, doméstica, morreu quando ele tinha 8 anos. O pai, motoboy, nunca teve uma relação próxima. Abner Augusto (o nome real de Magrão) foi criado pelos avôs, e começou a ouvir rap pela influência de um tio.
Detalhe: os avôs, evangélicos, não viam com bons olhos o apreço do neto pelo rap.
“Só tocava hino [gospel] em casa, e quanto tocava rap já diziam que era coisa do demônio. Minha vó brigava com meu tio: 'Isso fala de morte, de tiro'. Por haver essa desavença, ser algo que incomodava, o rap me chamou a atenção”, lembrou.
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Com o tempo, a vontade do adolescente falou mais alto, e ele criou um grupo chamado Evolução MCs.
Nos intervalos das aulas, também costumava rimar de improviso para zombar dos amigos da escola, e ali viu que tinha a habilidade.
Foi quando soube que havia uma batalha no Taboão organizado pela TSP. Visitou, gostou e nunca mais deixou as rodas de MCs. Hoje, se emociona ao destacar que já fez uma apresentação ao lado de Mano Brown e participou do álbum de Max B.O., além de outras parcerias com nomes clássicos do hip hop nacional.
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Magrão pontuou que há uma diferença evidente entre os MCs de São Paulo e do Rio, a principal rivalidade dentro da cena. Enquanto os primeiros são mais “sérios”, ideológicos, os cariocas seriam mais de “gastação”, de brincadeira, e que acha legal o estilo desde que não passe do ponto.
Há ainda os chamados “fora do eixo”, que, para ele, muitas vezes são mais criativos que os de São Paulo e do Rio justamente por saberem misturar os estilos.
“Essa banca dos fora do eixo é muito interessante. Muitos deles são mais anos-luz mais criativos que os paulistas e que os cariocas”, destacou.
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Na entrevista, Magrão confessou que hoje é bastante difícil sair às ruas sem ser reconhecido, e que ainda tem dificuldade de imaginar quantas pessoas sabem quem ele é.
Ele contou que o lado ruim disso é que uma parte do público se sente à vontade para criar mentiras sobre a sua vida pessoal.
“Isso é complicado, é um pouco invasivo. As pessoas criam fanfics e teorias sobre a minha vida, dizem que tomei tal decisão por A ou por B. É invasivo porque não estão mais falando do meu trabalho. Quando partem para a minha vida entram em um lado que eu não sei lidar”, contou.
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Sobre o futuro, revelou que pretende dirigir curta-metragens e mais para frente fazer faculdade de sociologia e se especializar em ciências políticas.
Ao ser questionado como se imagina em 10 anos, respondeu: “Voltando aqui para dizer que muita coisa deu certo”.
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