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Filme infantil? Conheça as críticas contra racismo e classes sociais em 'Wicked'

Com dez indicações ao Oscar 2025, o musical coloca críticas sociais embutidas em seu mundo mágico

Gabriela Barbosa

27/02/2025 às 17:01

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Wicked conta a história das bruxas de "O Mágico de Oz"

Wicked conta a história das bruxas de "O Mágico de Oz" | Divulgação/Universal Pictures

“Wicked”, lançado em 2024, é um filme infantil, à primeira vista. Com classificação indicativa a partir de dez anos, a obra embute mensagens importantes sobre racismo e luta de classes no meio de músicas e figurinos vibrantes.

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As atuações brilhantes e carismáticas de Cynthia Erivo e Ariana Grande conseguem trazer profundidade a personagens que originalmente seriam superficiais. Adaptado do musical “Wicked”, da Broadway, o filme é a primeira de duas partes da história.

Glinda e Elphaba vão juntas visitar o Mágico em Oz
Glinda e Elphaba vão juntas visitar o Mágico em Oz
Elphaba usa seus poderes para fazer uma vassoura voadora
Elphaba usa seus poderes para fazer uma vassoura voadora
No começo do filme, Glinda não gosta de dividir seu quarto com Elphaba
No começo do filme, Glinda não gosta de dividir seu quarto com Elphaba
Glinda dá um chapéu que todos acham feio para Elphaba, propositalmente
Glinda dá um chapéu que todos acham feio para Elphaba, propositalmente
Glinda vira a Bruxa Boa do Norte, amada por toda a população
Glinda vira a Bruxa Boa do Norte, amada por toda a população
O filme começa com a morte da Bruxa Má do Oeste, a Elpahaba (Fonte de todas as imagens: Reprodução/Universal Pictures)
O filme começa com a morte da Bruxa Má do Oeste, a Elpahaba (Fonte de todas as imagens: Reprodução/Universal Pictures)

Indicado a dez categorias no Oscar 2025 e ganhador de prêmios importantes da indústria cinematográfica, “Wicked” nem sempre é entendido do jeito que deveria. Venha conhecer interpretações possíveis sobre a primeira parte da história das bruxas de Oz!

Glinda e Elphaba

“Wicked” é uma história complementar a “O Mágico de Oz”, contando os bastidores desse universo. O filme gira em torno de duas personagens: Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Norte. 

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Elphaba, após uma traição de sua mãe, nasce com a pele verde e poderes sobrenaturais, impressionantes até mesmo para um mundo mágico. Por conta disso, ela é renegada por seu pai, um político importante, e humilhada por todos à sua volta.

Isso, por si só, já remete ao racismo. Aliás, Cinthya é a primeira atriz negra a interpretar a personagem. Nas versões anteriores do musical nos Estados Unidos, as atrizes que davam vida à Elphaba eram todas mulheres brancas.

Já Glinda é filha de figuras importantes no cenário econômico de Oz, herdeira de diversos privilégios. Personagem mimada, Glinda sempre consegue tudo que quer e é amada por todos à sua volta.

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Combate ao racismo na nova versão

A protagonista da história é Elphaba, mas somente no filme isso fica claro. Nas versões da Broadway, Glinda, por conta de seu carisma e músicas animadas, tem um destaque que ofusca a trajetória de superação da bruxa verde.

Cinthya, colocando elementos próprios na personagem, consegue trazer negritude à história, que sempre fez alusão ao racismo. O roteiro também dá mais destaque às conquistas da bruxa e mostra as consequências psicológicas trazidas pelo bullying à sua vida adulta.

Elphaba é julgada por Glinda quando chega à Universidade Shiz Elphaba é julgada por Glinda quando chega à Universidade Shiz. (Fonte: Reprodução/Universal Pictures)

Com esse destaque, fica mais clara a mensagem antirracista do filme, pelo menos na parte um da história.

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O Mágico como poder opressor

No universo do filme, o Mágico de Oz é a maior autoridade política e religiosa que existe. Como um ser místico, a figura dele é rodeada de lendas, ao mesmo tempo que detém todo o poder da cidade, ou seja, todos estão submetidos a ele.

O sonho da maioria dos personagens é conhecer o Mágico, que realizaria seu maior desejo. Quando essa oportunidade aparece para Elphaba, por conta de seus poderes, Glinda vê a possibilidade de conseguir vantagem e embarca em uma viagem com sua mais nova “amiga”.

A narrativa fica ainda mais interessante em seu clímax, quando as duas personagens descobrem que o tal mágico não possui poderes, mas sim manipula a todos para se manter no poder. É nesse momento que o filme revela seu lado político.

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O Mágico chega em Oz de balão, segundo a história do próprio filmeO Mágico chega em Oz de balão, segundo a história do próprio filme (Fonte: Reprodução/Universal Pictures)

Diferença social muda a percepção das personagens

Elphaba e Glinda vêm de mundos completamente diferentes. Enquanto a primeira é totalmente rodeada de privilégios, a segunda sempre teve que se provar para o mundo e nunca recebeu a devida atenção.

Essa diferença é o ponto chave para entender as reações diversas que elas tiveram com a revelação dos não-poderes do Mágico. Elphaba prontamente se revolta, pois acreditava que ele mudaria sua vida, mas, na realidade, ele só engana a população e a manipula.

Glinda, por outro lado, prefere fechar os olhos diante da injustiça. Ela acredita que pode mudar o sistema por dentro, enquanto usufrui de tudo que ele pode lhe oferecer. A bruxa verde, em um momento de grandiosidade, deixa a outra para trás e começa uma jornada de autoconhecimento, que será mostrada na parte dois da história.

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Elphaba rouba o livro sagrado do Mágico para fugirElphaba rouba o livro sagrado do Mágico para fugir (Fonte: Reprodução/Universal Pictures)

Luta de classes

Esse ponto é o mais importante da trama e pode ser interpretado como uma luta de classes. Glinda, nesse caso, representa a classe mais rica da sociedade, enquanto Elphaba, aquela mais marginalizada e oprimida. 

Glinda acredita que a injustiça pode ser mudada de dentro pois não quer, em hipótese alguma, deixar seus privilégios. Elphaba, por outro lado, entende o motivo de seu sofrimento da vida toda e quer destruir o sistema opressor.

Amizade falsa

A narrativa de amizade das duas personagens também pode ser interpretada dessa maneira. Glinda aproxima-se de Elphaba em um momento de humilhação desta, situação causada pela primeira. 

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Para sentir-se melhor consigo mesma, Glinda dá atenção à Elphaba e a faz acreditar que elas são amigas. A futura Bruxa Boa tenta ensinar a outra a ser popular como ela, tentando encaixá-la no padrão da classe opressora. 

Glinda começa a ser gentil com Elphaba depois de fazê-la passar por uma humilhação públicaGlinda começa a ser gentil com Elphaba depois de fazê-la passar por uma humilhação pública (Fonte: Reprodução/Universal Pictures)

A popularidade é uma característica comum entre ditadores e figuras históricas importantes — o que Glinda reforça em sua música tema, “Popular”. Tanto ela quanto o Mágico têm essa característica, e ambos manipulam os outros personagens.

Glinda aproxima-se de Elphaba por interesses próprios. Ela é a única chance que a primeira tem para conseguir seu objetivo maior do filme: ter poderes sobrenaturais. Então, usa de sua habilidade de influência, explorando Elphaba para que ela faça de tudo para agradá-la.

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Final expressivo

No final do filme, acontece uma ruptura entre as protagonistas. Elphaba, que agora entende a estrutura opressora daquela sociedade, foge da perseguição do Mágico. Ela chama a amiga para acompanhá-la, que não aceita.

Glinda fica naquela situação pois sabe que será acolhida pelo Mágico e continuará com sua posição de destaque. Assim, apesar de demonstrar dor ao se separar da “amiga”, a bruxa novamente se mostra egoísta, como a classe favorecida.

Somente na segunda parte será possível entender qual dos dois lados será vencedor nessa disputa. A expectativa é que a produção e o roteiro explorem ainda mais essa luta de classes, de forma lúdica e visualmente agradável.

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Entretanto, “Wicked” ainda é um filme comercial dos Estados Unidos e, por isso, pode não ter o caráter revolucionário que dá indícios no primeiro filme. Apesar do final da história já ser conhecido pelo musical, ainda não é possível saber a posição do próximo longa.


 

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