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Wicked conta a história das bruxas de "O Mágico de Oz" | Divulgação/Universal Pictures
“Wicked”, lançado em 2024, é um filme infantil, à primeira vista. Com classificação indicativa a partir de dez anos, a obra embute mensagens importantes sobre racismo e luta de classes no meio de músicas e figurinos vibrantes.
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As atuações brilhantes e carismáticas de Cynthia Erivo e Ariana Grande conseguem trazer profundidade a personagens que originalmente seriam superficiais. Adaptado do musical “Wicked”, da Broadway, o filme é a primeira de duas partes da história.
Indicado a dez categorias no Oscar 2025 e ganhador de prêmios importantes da indústria cinematográfica, “Wicked” nem sempre é entendido do jeito que deveria. Venha conhecer interpretações possíveis sobre a primeira parte da história das bruxas de Oz!
“Wicked” é uma história complementar a “O Mágico de Oz”, contando os bastidores desse universo. O filme gira em torno de duas personagens: Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e Glinda, a Bruxa Boa do Norte.
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Elphaba, após uma traição de sua mãe, nasce com a pele verde e poderes sobrenaturais, impressionantes até mesmo para um mundo mágico. Por conta disso, ela é renegada por seu pai, um político importante, e humilhada por todos à sua volta.
Isso, por si só, já remete ao racismo. Aliás, Cinthya é a primeira atriz negra a interpretar a personagem. Nas versões anteriores do musical nos Estados Unidos, as atrizes que davam vida à Elphaba eram todas mulheres brancas.
Já Glinda é filha de figuras importantes no cenário econômico de Oz, herdeira de diversos privilégios. Personagem mimada, Glinda sempre consegue tudo que quer e é amada por todos à sua volta.
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A protagonista da história é Elphaba, mas somente no filme isso fica claro. Nas versões da Broadway, Glinda, por conta de seu carisma e músicas animadas, tem um destaque que ofusca a trajetória de superação da bruxa verde.
Cinthya, colocando elementos próprios na personagem, consegue trazer negritude à história, que sempre fez alusão ao racismo. O roteiro também dá mais destaque às conquistas da bruxa e mostra as consequências psicológicas trazidas pelo bullying à sua vida adulta.
Com esse destaque, fica mais clara a mensagem antirracista do filme, pelo menos na parte um da história.
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No universo do filme, o Mágico de Oz é a maior autoridade política e religiosa que existe. Como um ser místico, a figura dele é rodeada de lendas, ao mesmo tempo que detém todo o poder da cidade, ou seja, todos estão submetidos a ele.
O sonho da maioria dos personagens é conhecer o Mágico, que realizaria seu maior desejo. Quando essa oportunidade aparece para Elphaba, por conta de seus poderes, Glinda vê a possibilidade de conseguir vantagem e embarca em uma viagem com sua mais nova “amiga”.
A narrativa fica ainda mais interessante em seu clímax, quando as duas personagens descobrem que o tal mágico não possui poderes, mas sim manipula a todos para se manter no poder. É nesse momento que o filme revela seu lado político.
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Elphaba e Glinda vêm de mundos completamente diferentes. Enquanto a primeira é totalmente rodeada de privilégios, a segunda sempre teve que se provar para o mundo e nunca recebeu a devida atenção.
Essa diferença é o ponto chave para entender as reações diversas que elas tiveram com a revelação dos não-poderes do Mágico. Elphaba prontamente se revolta, pois acreditava que ele mudaria sua vida, mas, na realidade, ele só engana a população e a manipula.
Glinda, por outro lado, prefere fechar os olhos diante da injustiça. Ela acredita que pode mudar o sistema por dentro, enquanto usufrui de tudo que ele pode lhe oferecer. A bruxa verde, em um momento de grandiosidade, deixa a outra para trás e começa uma jornada de autoconhecimento, que será mostrada na parte dois da história.
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Esse ponto é o mais importante da trama e pode ser interpretado como uma luta de classes. Glinda, nesse caso, representa a classe mais rica da sociedade, enquanto Elphaba, aquela mais marginalizada e oprimida.
Glinda acredita que a injustiça pode ser mudada de dentro pois não quer, em hipótese alguma, deixar seus privilégios. Elphaba, por outro lado, entende o motivo de seu sofrimento da vida toda e quer destruir o sistema opressor.
A narrativa de amizade das duas personagens também pode ser interpretada dessa maneira. Glinda aproxima-se de Elphaba em um momento de humilhação desta, situação causada pela primeira.
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Para sentir-se melhor consigo mesma, Glinda dá atenção à Elphaba e a faz acreditar que elas são amigas. A futura Bruxa Boa tenta ensinar a outra a ser popular como ela, tentando encaixá-la no padrão da classe opressora.
A popularidade é uma característica comum entre ditadores e figuras históricas importantes — o que Glinda reforça em sua música tema, “Popular”. Tanto ela quanto o Mágico têm essa característica, e ambos manipulam os outros personagens.
Glinda aproxima-se de Elphaba por interesses próprios. Ela é a única chance que a primeira tem para conseguir seu objetivo maior do filme: ter poderes sobrenaturais. Então, usa de sua habilidade de influência, explorando Elphaba para que ela faça de tudo para agradá-la.
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No final do filme, acontece uma ruptura entre as protagonistas. Elphaba, que agora entende a estrutura opressora daquela sociedade, foge da perseguição do Mágico. Ela chama a amiga para acompanhá-la, que não aceita.
Glinda fica naquela situação pois sabe que será acolhida pelo Mágico e continuará com sua posição de destaque. Assim, apesar de demonstrar dor ao se separar da “amiga”, a bruxa novamente se mostra egoísta, como a classe favorecida.
Somente na segunda parte será possível entender qual dos dois lados será vencedor nessa disputa. A expectativa é que a produção e o roteiro explorem ainda mais essa luta de classes, de forma lúdica e visualmente agradável.
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Entretanto, “Wicked” ainda é um filme comercial dos Estados Unidos e, por isso, pode não ter o caráter revolucionário que dá indícios no primeiro filme. Apesar do final da história já ser conhecido pelo musical, ainda não é possível saber a posição do próximo longa.
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