A+

A-

Alternar Contraste

Sexta, 20 Setembro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Entretenimento

Susano Correia fala sobre subjetividade na sua arte e expectativa para abertura de galeria

Artista pretende usar o espaço da nova galeria, que terá abertura nesta sexta (18), como local de encontros com o público, e revela planos futuros

Natália Brito

18/08/2023 às 10:00  atualizado em 18/08/2023 às 12:01

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Susano Correia

Susano Correia | Lucio Consul/Divulgação

Um fenômeno nas redes sociais com mais de 1 milhão de seguidores, o artista catarinense Susano Correia tem hoje seu trabalho reconhecido por milhares de brasileiros que acreditavam que as artes visuais eram algo muito distante de suas realidades.

Em entrevista à Gazeta, Susano fala sobre a abertura de sua primeira galeria, o mercado de NFTs e, principalmente, sobre a sensibilidade encontrada nas suas obras e a vontade de se conectar e inspirar pessoas. “A principal mensagem da minha arte é subjetiva no sentido de inspiração, de que as pessoas se conectem, não só com consigo mesmo, mas com desejo de significar sua subjetividade”, afirma.

O artista abre sua primeira loja física, na Galeria Metrópole, em São Paulo, no dia 18 de agosto. O ateliê funcionará como espaço para venda, galeria e local de encontros. Ainda na entrevista, Susano revela que a expectativa é grande para esse novo passo na carreira: “Esta semana talvez seja uma das mais ansiosas na minha vida”.

Continua depois da publicidade



Leia a entrevista na íntegra abaixo:

Como surgiu o interesse em começar a desenhar e a pintar?

Essa pergunta vai muito longe. Porque, na verdade, se for falar do ponto de vista profissional, comecei com 15 anos trabalhando no jornal como ilustrador, mas desenho desde que me entendo por gente, desde a pré-escola. O desenho na minha vida e a pintura, mais tarde, foi uma evolução uma coisa da outra, mas ele vem como uma forma de me relacionar. Aprendi a me relacionar através do desenho. Meu melhor amigo eu fiz na pré-escola desenhando e levo ele para minha vida. Até hoje inclusive ele trabalha comigo, a gente faz parcerias, ele que editou meu livro. Realmente foi uma relação que perdurou e veio relacionada à arte. Nunca tive vontade de fazer outra coisa, na verdade. Sempre quis ser pintor.

Você cursou Artes Visuais. Como esse processo influenciou sua carreira?

Eu ingressei em artes visuais, meu sonho sempre foi desenvolver um projeto autoral e poder viver dele. Isso é uma questão também complicada, porque pintar as coisas que você quer pintar e conseguir se bancar é um equilíbrio delicado, que envolve questões mercadológicas. Estudei bastante desenho e pintura durante os anos de faculdade. Eu fiz coisas muito fora dessa série que as pessoas me conhecem. Em 2015, quando fiz o meu TCC, meu trabalho de conclusão de curso, comecei essa série escrevendo sobre ela, no ensaio teórico que foi meu TCC intitulado “Embruxados”. A partir de então essa série foi se desdobrando e virou dois livros de desenho. Depois virou o meu diário, que também tem desenhos e tem as ideias, a parte mais teórica. E agora estou transformando isso em pinturas, que é um trabalho muito mais lento. Agora eu lancei o livro de pintura, e tem sido esse o processo. 

Você falou sobre se conectar com outras pessoas ainda criança pintando. Acredita que essa forma de se comunicar pela arte é o que atinge tantas pessoas?

Eu acho que sim, passa por aí. Mas a formação em licenciatura também tem um grande papel, porque considero que faço um tipo de arte que tem o interesse de se conectar com as pessoas. Não é aquela arte que eu faço para mim mesmo. Eu faço com significantes, pensada mesmo para que ela se comunique com as pessoas e possa vestir, pegar emprestado, a subjetividade dos outros. E tudo isso foi pensado, já tava no meu TCC, a ideia da mimética, do desejo de se espalhar. 

Continua depois da publicidade

Obra: Trago no coração uma saudade atrás da outraObra: trago no coração uma saudade atrás da outra/Divulgação



Suas redes sociais têm um grande alcance, como você enxerga isso?

As redes sociais considero um meio democrático. Eu tinha muito em mente essa ideia de não ficar encastelado nos museus e em galerias mas antes um desejo muito genuíno de estar no mundo. Tanto que o meu trabalho quando faço exposições, muita gente vem e fala para mim “eu não gosto de arte, eu não entendo arte”. Então a pessoa vai no museu, a pessoa que não tem o hábito de frequentar essas galerias, vai porque meu trabalho chegou nela por outras vias. Tem vários fatores que ajudam nesse conexão.

Você imaginava que ia atingir tantas pessoas?

Isso não tinha como, não era uma coisa que eu ficava pensando. Mas com certeza era um desejo pessoal, e tenho me surpreendido muito quão longe e o quanto tem tocado as pessoas.

Quais são suas principais inspirações artísticas?

Bom, sou um amante da literatura, gosto de ler bastante e o meu principal autor é [Fiódor] Dostoiévski. Primeiramente, acho que ele é diferenciado e ele conversa comigo. Me influenciou muito principalmente nos aspectos psicológicos. Tem muita coisa na poesia também. Mário Quintana, Mário de Sá, Clarice Lispector. Na filosofia também, Freus, Nietzsche, Schopenhauer. E na pintura, Van Gogh, Frida Kahlo, tem muita coisa.

Seu trabalho transmite muito o sentir. A psicanálise é importante na sua produção?

Com certeza a psicanálise, principalmente, atravessou muito meu processo criativo e a minha vida. Mudou bastante e virou o eixo do meu trabalho. Por exemplo, antes eu tinha trabalhos como “Cante para Mim” que é um trabalho fundamental dessa série, inclusive o primeiro. É um homem cadeirante, foi uma cena que eu vi na verdade, e desenhei. Que era um homem cadeirante passeando com um pássaro engaiolado, inclusive é uma cultura para mim, os passarinheiros, é uma coisa que eu tenho muita intimidade porque permeou a minha criação, a minha história, e eu só consigo pintar um elemento que eu tenho muita afinidade. Quando eu desenhava esse tipo de coisa, já fazia parte dessa série o homem cadeirante. Apesar de ele ter uma forte penetração na internet, as pessoas não se identificavam com um homem, ninguém dizia “sou eu”.

Obra: mais uma vitória do coração, sem razão Obra "Mais uma vitória do coração, sem razão"/Divulgação


E como foi essa mudança?

Depois que eu fui para o divã de psicanálise, estou há 10 anos fazendo esse processo, não só estudando, mas como analisando, o personagem parece que virou o sujeito. Virou todos e ninguém, as pessoas passaram a não só compartilhar como dizer “essa personagem sou eu, é assim que eu me sinto”. Isso foi uma mudança considerável, entre tantas outras.

Você está transformando seus trabalhos em NFTs também. Acredita que esse possa ser um caminho pra democratização das artes visuais?

Eu acredito que sim, inclusive conheço muitos artistas que ganharam reconhecimento gigante nesse circuito das NFTs. Apesar de que ela passa por um processo ainda de entendimento, de aceitação, nem todo mundo compreende, ainda é um pouco burocrática. A pessoa tem que fazer uma carteira, nem todo mundo sabe fazer isso, eu acho que está no processo de simplificação disso, de virar um simples clique. Eu acho que vai melhorar muito essa coisa da democratização e vai ter um papel muito importante principalmente para autenticar as obras de arte, como se fosse uma espécie de cartório universal. Porque ali você acompanha quem comprou, por quem passou, e está tudo muito bem resolvido nesse sentido. As NFTs passam por um processo ainda de refinamento das coisas, mas vai ter uma importância muito grande.

E tem sido positivo para você?

Tem sido muito interessante e a gente teve experiências de muita aceitação muito rápido, é uma comunidade muito unida as pessoas que consomem NFT, as pessoas que participam desse circuito, é bem interessante. Eu cheguei agora, mas já tenho gostado muito mesmo. 

Você vai abrir sua galeria essa semana. Qual a expectativa para esse espaço?

Tenho a galeria on-line. A princípio ele se torna a forma física da galeria on-line, mas se mostra um lugar que será o local de encontros, onde posso expor as obras físicas que na pintura é muito importante. É diferente em vários aspectos, mas acredito que é um lugar que ainda vai ter vida própria. Vejo ele com muito potencial e eu ainda não sei os desdobramentos que ele vai ter, mas com certeza  vou me esforçar para fazer com que ele seja um lugar de muitos encontros, muitas celebração e de muita troca. Pretendo estar muito presente lá.

Está ansioso para esse novo passo?

Bastante, esta semana talvez seja uma das mais ansiosas na minha vida.

Você tem algum projeto futuro já engatilhado?

Conseguir expor muito mais no Brasil, a princípio a primeira exposição, muito provavelmente, no Rio de Janeiro. Depois a gente pretende fazer uma espécie de turnê por várias capitais do Brasil, essa é a minha vontade. Também lançar os livros, dois deles eu lancei durante a pandemia e não tive oportunidade de fazer um lançamento sequer e agora o terceiro, então tem três livros para fazer lançamentos que eu gostaria de encontrar as pessoas e de assinar, e desenhar para elas nos livros.

Continua depois da publicidade

Qual é a principal mensagem que você deseja transmitir com seu trabalho?

A principal mensagem da minha arte é subjetiva no sentido de inspiração, de que as pessoas se conectem, não só com consigo mesmo, mas com desejo de significar sua subjetividade, talvez até de explorar ela artisticamente. Apesar dos meus trabalhos muitas vezes serem dolorosos e bastante existencialista, acredito que há uma mensagem também de esperança e de fé na beleza e na arte e num futuro melhor. A beleza salvará o mundo, já dizia meu autor favorito. 

*Assistente de Redação, sob supervisão

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados