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Em novo livro, Xico Sá lança olhar de cronista sobre política nacional

Em programa da Gazeta, Xico Sá revela histórias que inspiraram a escrever 15º livro da carreira, além de revelar mudança de tom na própria literatura

Bruno Hoffmann

05/07/2024 às 13:49  atualizado em 05/07/2024 às 16:07

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O escritor e jornalista Xico Sá

O escritor e jornalista Xico Sá | Monise Souza

O escritor Xico Sá acaba de lançar “Cão Mijando no Caos” (editora e-Galáxia), seu 15º livro, em que repassa a agitada vida política nacional dos últimos anos. A publicação descreve as Jornadas de Junho, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a eleição de Jair Bolsonaro e as sucessivas crises durante a pandemia da Covid-19, mas pela visão de um dos cronistas mais populares do País.

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“Não tive a pretensão de analisar esses fatos como um sociólogo, como um historiador, mas como um cronista”, disse o escritor, durante participação ao podcast Direto da Gazeta, nesta semana. Ele também é jornalista e apresentador do ICL Notícias.

Sobre as passeatas de junho de 2013, Xico conta a história de um casal que começou a se amar durante um protesto. Na tomada da avenida Paulista pela direita, revela um personagem nordestino que começou vendendo camisetas do Che Guevara e logo se adaptou ao desejo da nova clientela, ao ofertar camisas amarelas com o rosto de Bolsonaro.

Haters

Xico mantém uma atividade política clara: é de esquerda e defensor do presidente Lula (PT). Disse que conviveu com os “haters” por todo esse período. “Cansei de escutar ‘volta pra Bahia, comunista’. E eu não sou nem da Bahia e nem comunista”.

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Só se assustava de fato quando estava com a família e a discussão escalava para algo mais violento.

“Uma vez eu estava no centro de São Paulo com a minha mulher grávida, e sai um cara do meio dos camelôs me xingando. Eu tive até uma incompreensão na hora porque tenho amigos que me cumprimentam assim no Recife [risos]. Eu disse que não estava o reconhecendo, e ele: ‘Não vai reconhecer mesmo’, e veio numa violência muito grande”, lembrou.

“Esse foi um grande momento de grande tensão. Como a minha mulher é mais brava do que eu, ela que botou o cara para correr”.

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Houve casos, porém, que o entrevero com desconhecidos começava em política, mas acabava de forma mais calma, numa cerveja, após o interlocutor começar a lembrar das passagens de Xico em mesas redondas futebolísticas. “O poder do futebol diluí um pouco a porradaria política”.

Santista com tio corintiano

Xico nasceu na região do Crato, no sul do Ceará. A paixão pelo futebol surgiu logo depois, com o fascínio pelas notícias sobre o Santos na década de 1960, então o maior time do mundo.

“Virar santista era igual gostar de uma música dos Beatles nos anos 60. Era quase obrigação. Era o grande time do mundo”, relembrou. empolgado.

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Mais tarde, resolveu iniciar a carreira no Recife. Depois, resolveu vir para São Paulo. Primeiro ficou na casa de um tio, no Parque São Rafael, zona leste da cidade, que insistia que ele fosse corintiano.

O jovem cearense resistiu às investidas do tio Alberto, mas contou que sempre colocou em seu texto os personagens corintianos com especial atenção, considerados por ele como um dos grandes símbolos da cidade de São Paulo.

Alberto morreu em 2008, pouco antes do Corinthians sacramentar a volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Xico nunca esqueceu dos amigos do tio, sobre o caixão com a bandeira do Corinthians, dizendo: “Pô, Alberto, esperava mais uma semana. Você ia ver a volta do Corinthians”.

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Convívio com Sócrates

Um dos amigos de Xico Sá na cidade de São Paulo era Sócrates, ídolo eterno do Corinthians e da seleção brasileira. Ambos tinham em comum a afinidade com a esquerda e com o gosto de dividir mesas de bares.

Na entrevista, ele revelou o lado religioso do ex-jogador.

“Pouco antes de morrer o Doutor estava radicalmente espírita. Tanto que estava paz e amor, nem aí para a morte. Estava com uma consciência espírita muito grande, tranquilaço”, contou no podcast.

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Entre risos, Xico lembrou que há pessoas onde tratando o ídolo corintiano como uma espécie de santo popular. “Escrevi para ele que aqui na Terra estão fazendo promessas para parar de beber no seu túmulo, tirando uma onda, porque isso que fazia com ele a vida inteira”.

Revelou, também, que o parceiro era um contador de histórias.

“O Doutor era um cara do interior, contador de causo. Às vezes ficava irritado com a situação política, porque sonhou com um Brasil infinitamente melhor do que chegamos, mas em geral era um contador de histórias”, completou.

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Revisão do machismo

Conhecido pela literatura inicialmente com o tom de um homem urbano mais rústico, mais machista, Xico contou que hoje tem vergonha de certos textos que escreveu décadas atrás.

“Por mais que eu tivesse uma devoção às mulheres, hoje eu quero queimar [aquelas crônicas]. Todos passamos por uma revisão, principalmente os homens. A gente era machista às vezes sem vergonha nenhuma. Hoje até podemos incorrer em um caso ou outro, mas pelo menos temos vergonha”, explicou.

Ele chegou a escrever uma a coluna “Macho”, na Folha, que tirava sarro da onda metrossexual à época, mas também destilava um machismo então visto com naturalidade pelo grosso da sociedade.

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“Era um machismo que vinha em forma de humor, de uma certa tiração de onda, mas visto de hoje é uma excrescência [risos]. Eu saio roubando meu primeiro livro [Modos de Macho, Modinhas de Fêmea] na casa de amigos para esconder. Quero tirar ele de circulação”.

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