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Apresentador entrevistou ícones de diferentes fases para o documentário radiofônico | Renata Fernandes/Gazeta de S. Paulo
O apresentador Edgard Piccoli produziu um documentário em 13 episódios sobre a história do rock brasileiro, intitulado Caixa Acústica. O episódio inaugural será lançado em 9 de fevereiro pela Rádio Cultura Brasil.
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Nos programas, o apresentador repassa a epopeia do gênero musical no País desde o início, na década de 1990 até a primeira década de 2000. Os episódios inéditos serão transmitidos aos domingos, às 19h, com reprises às sextas-feiras, a partir das 22h.
Entre os tópicos da atração estarão a Jovem Guarda, o punk e o rock de Brasília, entre outros temas do gênero. O apresentador entrevistou ícones de diferentes fases para o documentário radiofônico.
“Trabalho com música desde os 17 anos, em Campinas, e desde então estou acumulando informações. Fazer esse documentário foi uma forma de eu ordenar o entendimento, a cronologia e as circunstâncias em que esses acontecimentos se deram”, explicou Edgard, em entrevista ao podcast Direto da Gazeta, na última semana.
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A conversa também tocou em temas como a polarização política no Brasil e a experiência de Picolli na MTV, no Grupo Globo e na Jovem Pan, de onde saiu após uma série de desgastes com seus colegas de bancada.
Edgar comentou sobre a polarização que existia em relação à Jovem Guarda, que era vista por alguns como música menor e alienada, em uma época de tensões políticas e estéticas no País. Ao mesmo tempo, o gênero tinha grande apelo popular.
“O pessoal torcia o nariz, acusava de ser uma geração alienada. Mas, na verdade, os músicos da Jovem Guarda estavam em uma busca de uma realização, de um sonho de ser artista, fazendo entretenimento”, destacou, lembrando que havia uma ingenuidade positiva no estilo.
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As grandes referências para os roqueiros dessa época, lembrou, eram Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richard.
“Eles se espelhavam nisso e procuravam replicar no Brasil. As gravadoras, por sua vez, vendo nesse produto uma possibilidade comercial, fizeram esse mercado girar”, destacou.
Na sua visão, o rock se tornou de fato música de massa no Brasil na década de 1980, com investimentos de gravadoras e uso das rádios.
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Ele também falou sobre subgêneros surgidos durante a década, como o punk, e os estilos em diferentes regiões do País, como no Sul e em Brasília.
Na entrevista, o comunicador disse que considera a música brasileira de forma geral a melhor do mundo, superior à feita nos Estados Unidos, por exemplo.
“Em termos culturais, de variação, os Estados Unidos são uma pobreza comparados ao Brasil”, afirmou ele, que destacou como “enormes” as carreiras de nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Milton Nascimento.
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Entre os gêneros musicais que demonstram a diversidade do País, segundo ele, o samba, o maracatu, o samba de roda, “trazidos principalmente pelo negro africano escravizado”, destacou.
Um dos rostos mais conhecidos da MTV, Edgard disse que nunca foi reconhecido como um VJ de um estilo específico. O lado bom disso era que podia transitar entre gêneros diversos, do pop mais meloso ao punk.
Num dia, lembrou, conseguiu entrevistar no mesmo dia Ozzy Osbourne e Mariah Carey, e a satisfação foi semelhante ao falar com ambos.
O comunicador descreveu o período na emissora, entre 1992 e 2006, como de grande alegria. “Eu era feliz e sabia”, desmanchou-se.
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Apesar de seu DNA estar na MTV, Edgar considera o Circo do Edgar como o programa que melhor representou sua identidade profissional, no Multishow, entre 2006 e 2009.
Ele descreve o programa como um espaço onde podia ser um "Chacrinha moderno", misturando diversas facetas de sua carreira.
Para uma geração mais recente, Edgard ficou conhecido como um dos apresentadores da Jovem Pan, na qual foi elogiado e criticado tanto pela esquerda quanto pela direita.
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Ele entrou na emissora para apresentar o Morning Show, um programa que, inicialmente, tinha uma proposta de jornalismo leve e de entretenimento. No entanto, com o aumento da polarização no país, a política passou a dominar a pauta do programa.
“As discussões davam audiência, mas acabavam ficando numa superfície, nivelado por baixo, sem aprofundamento”, lembrou.
Ele disse que o cancelamento da extrema direita não o incomodava tanto. Ficava pior quando as críticas vinham de pessoas das quais ele admirava, como aconteceu quando ele fez uma entrevista provocativa com o então prefeito Fernando Haddad (PT).
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“Aquilo me machucou, muito mais do que essa horda de pessoas da extrema-direita que me atacaram em massa depois”, disse que ele, que garantiu admirar Haddad, atualmente ministro da Economia do governo Lula (PT), até hoje.
Questionado sobre a relação que tinha com parte dos comentaristas do programa, muitos com perfil polêmico dentro da direita política, disse que não eram seus amigos. Pelo contrário.
“Essas pessoas não eram minhas amigas, mas meus inimigos que estavam lá na minha frente. Essa turma que vinha polemizar no programa. Meu senso de justiça era agredido quando me deparava com mentiras e com falsas premissas para basear um argumento”, lamentou.
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