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Entretenimento
Rapper paulistano revela encontro profundo com sua identidade em novo projeto
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Rashid lança álbum intimista | Renato Nascimento
Com um álbum que atravessa sentimentos e constrói uma passagem por momentos distintos da vida, o rapper paulistano Rashid revela um encontro profundo com sua identidade no seu novo álbum Portal. O projeto do músico e letrista chega às plataformas digitais de áudio nesta quinta-feira (8/8), às 21h.
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O artista começou no rap rimando nas batalhas de MCs do Santa Cruz, na zona sul de São Paulo. A partir disso, ao longo dos últimos 16 anos, Rashid construiu uma carreira que soma três EPs, três mixtapes e quatro discos de estúdio.
Neste novo álbum, a visão do rapper se expande em uma fusão de tudo que ele consumiu musicalmente em sua trajetória.
Trazendo para a superfície momentos que marcaram sua vida, ao longo de 9 faixas o músico fala sobre paternidade, frustração, fim de relacionamentos e todos os portais que as pessoas atravessam durante a vida.
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Portal tem participações de Lenine, Péricles, Melly e Lagum, e mostra um olhar mais intimista do cantor, revelando suas vulnerabilidades e trazendo um novo lado de si tanto nas letras quantos nas melodias. “Sinto que trabalhei a vida toda para conseguir fazer essas músicas, este é meu encontro comigo mesmo”, ressaltou.
Em entrevista a Gazeta, Rashid falou sobre o projeto, e como até o nome do álbum traz a mensagem de uma nova fase tanto na questão da musicalidade quanto no amadurecimento pessoal.
“É um momento de transição, de atravessamento de questões, musicalmente a gente faz uma curva, no sentido de amadurecimento das ideias e dos conceitos musicais. É um disco que de fato traz um pouco das coisas que escutei e estudei nesses últimos anos. Aconteceu naturalmente, sinto que essas coisas de fato entraram na minha cabeça e na minha forma de fazer música.”
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A primeira canção leva o nome do disco e sintetiza o sentimento da materialidade do projeto. “Todas as músicas do disco tratam sobre situações limite, que a gente tem chamado de situações portais, pelas quais a gente precisa passar para se encontrar com o que é nosso.”
O lançamento do álbum sucede o single “Cairo”, que é a segunda faixa do álbum, e fala sobre o filho do músico e a relação com a paternidade, que, segundo ele, foi um dos momentos mais intensos de sua vida. “É o maior portal que atravessei, a coisa mais transformadora que vivi até o momento foi ter me tornado pai.”
Em “Levante”, com a participação da cantora baiana Melly, o artista fala sobre o encontro com a espiritualidade com uma música dançante, e diferente de tudo que ele já fez até hoje, explorando novas sonoridades.
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Já em “Castelos de Papel” começa uma tríade sobre rompimentos e frustrações que também é o título da quinta faixa do álbum. Além de retratar o término, a faixa fala sobre a decepção de alguns artistas com a indústria musical.
“No primeiro olhar é uma música sobre o término de um relacionamento, e de fato é. O segundo olhar é uma carta para indústria, alguém que se depara com a desilusão da fama e percebe que foi mais um nesse relacionamento abusivo, com o suposto estrelato. Tipo ‘você jurou que com a gente era diferente, sabe?’ Tem essa camada também.”
Ele ainda revela que também passou por essa frustração enquanto artista. “Parte dessa desilusão é a minha perspectiva também, achei que a gente só tava aqui porque a gente ama música e não é necessariamente assim”, ressaltou.
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A quinta faixa “Frustração” marca a metade do álbum e é a composição mais antiga de Rashid, criada em 2018, inicialmente como um trap. No novo álbum, a faixa ganhou uma proposta completamente diferente.
“Ela divide o disco propositalmente em vários aspectos, é uma letra mais pesada de fato e tem a ver com um momento da vida. Todas as músicas são totalmente inspiradas em momentos. Não diria que foi difícil de escrever porque era um momento que as coisas estavam a flor da pele, ela só saiu. São coisas que tinha que dizer, ela não é uma música sobre técnica, não é uma música sobre sofisticação da escrita, é uma música completamente emocional”
Em “Depois do Depois”, que tem participação do pernambucano Lenine, o rapper fecha a tríade sobre rompimentos abordando a dor do afastamento entre grandes amigos.
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Na sequência, vem a parceria com os mineiros da banda Lagum na "Sem Norte", que trata das mudanças vivenciadas com a descoberta de um grande amor.
E em "Um Tom de Azul" o rapper vem acompanhado de um dos principais nomes do pagode, Péricles. O título faz referência direta ao álbum Kind of Blue (1959), do ícone do jazz Miles Davis, falando sobre um dos temas pouco abordados socialmente que é a relação com o dinheiro, fazendo uma alusão a cor azul das notas de cem reais.
Também é um retrato sobre a ascensão de pessoas que vem da periferia, ressaltando a busca por esse lugar no mundo. “Só num quer melhora quem nasceu melhor/ Quem num viu embora toda chance afora ao seu redor”.
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“A música fala principalmente do que pessoas que vende de periferia sentem quando acendem minimamente financeiramente. Uma hora você não tem nada, de repente você passa a ter alguma coisa e quando você acha que as coisas mudaram a realidade te mostra que você continua sendo visto da mesma forma ainda, isso causa um choque. Ao mesmo tempo que causa um sentimento de vingança, de você se vingar ganhando dinheiro”
O álbum encerra com a música “Olha Quem Voltou”, depois de todos os portais atravessados, Rashid expressa seu retorno e até um novo reencontro com quem ele deseja ser.
“A última música encerra o ciclo completando a volta sobre reencontro. O reencontro é um portal também. Talvez até pouco falado no sentido de ser um momento transformador. Quando você tá longe de uma pessoa por muito tempo, esse é um momento de reencontro. Você quando você não sabe a pessoa que volta. A pessoa que recebe porque os dois mudaram”, refletiu o rapper sobre a canção.
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“Também tem a coisa do meu próprio retorno, um retorno a uma versão de mim que eu ainda não tinha acessado, especialmente nessa questão artística de tanta intimidade e de tanto amadurecimento”, conclui o músico.
Rashid ainda reflete sobre o encontro do público com o novo projeto, e vê com otimismo esse momento. “Espero que essa curva musical não espante, mas acho que não, meu público vem amadurecendo comigo. O álbum é sobre tocar as pessoas e provocar reações, acho que a gente vai conseguir isso.”
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