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Denis Brean: Compositor campineiro encantou até João Gilberto

Denis Brean viveu 52 anos, tempo suficiente para criar clássicos da música brasileira, como Bahia com H e Boogie Woogie na Favela

Bruno Hoffmann

13/02/2023 às 14:16  atualizado em 13/02/2023 às 14:24

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João Gilberto durante execução de Bahia com H, de Denis Brean

João Gilberto durante execução de Bahia com H, de Denis Brean | Reprodução

Uma série de clássicos da música brasileira foi composta por Denis Brean. Nascido em Campinas em 1917, ele criou canções que  ficariam famosas nas vozes de João Gilberto, Cyro Monteiro, Maysa, Elizeth Cardoso, Carlos Galhardo, Nora Ney e outros nomes populares da cena artística nacional.

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A verdade, porém, é que o campineiro tinha a música como uma atividade secundária, quase um hobby. A sua profissão original era de jornalista e de radialista, pelas quais era tratado como Augusto Duarte Ribeiro, seu nome de batismo.

“Achando seu nome ótimo para intitular uma casa de secos e molhados, mas péssimo para ser usado por alguém que pretendia seguir uma carreira artística, o compositor Augusto Duarte Ribeiro adotou o pseudônimo de Denis Brean. E deu sorte, pois com esse pseudônimo assinaria grandes sucessos que o credenciariam como um dos melhores compositores paulistas de música popular”, diz o livro "A Canção no Tempo" (editora 34), de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello.

O comunicador descobriu a verve de compositor ao ser premiado em 1934 pelo Festival da Uva de Jundiaí. Sua obra “Poesia da Uva” ganharia mais tarde uma gravação de Cyro Monteiro. Nesse mesmo ano ele se mudaria para a capital paulista.

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Ele ainda comporia outros sucessos, como Boogie Woogie na Favela, No Tempo do Onça, Grande Caruso, Conselho e Franqueza. As três últimas foram feitas em parceria com Oswaldo Guilherme, outro jornalista que, como ele, tinha na música popular uma profissão secundária.

Uma das suas canções mais conhecidas é Bahia com H, uma declaração de amor a Salvador gravada por Francisco Alves e que conta com uma gravação antológica de João Gilberto.

A letra exalta com intimidade os cenários soteropolitanos: “Deixa ver / Com meus olhos de amante saudoso a Bahia do meu coração / Deixa ver, Baixa do Sapateiro, Chariot, Barroquinha, Calçada, Taboão...”

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Em um show em São Paulo, em 2008, João Gilberto disse: “Denis Brean, eu adoro ele, meu amigo. Já foi pro céu...”. Então, iniciou os primeiros acordes de Bahia com H.

Ao fim da música, João revelou uma história que teve com Brean, na TV Excelsior, na década de 1960: “Conheci Denis Brean um dia na TV Excelsior. Eu disse: "Você é Denis Brean? Puxa, eu sou louco pela sua música, que música bonita Bahia com H. Ele disse: 'Eu nunca fui lá'. Ele tinha medo de viajar. Nunca foi lá, e olha o que ele fez”. O baiano então cantou de forma didática a pequena obra-prima do amigo campineiro.

Denis Brean morreu em 16 de agosto de 1969. Ele tinha apenas 52 anos de vida e um bocado de sucessos da música popular.

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