Crise na Argentina tem atraído brasileiros; veja como gastar menos

O peso desvalorizado em relação ao real foi um dos motivos que levou o modelo e influenciador digital Miqueias Leão, de 24 anos, a viajar para a Argentina com o namorado  no último mês de maio.

Miqueias ficou um mês no país vizinho, para onde já havia viajado anteriormente. Dessa vez, achou os preços mais atrativos, embora também tenha encontrado uma Argentina mais empobrecida.

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“Esta é a nossa segunda vez na Argentina. Achei o país empobrecido, menos pulsante e com uma vida noturna mais tímida do que da outra vez que nós fomos. Porém, os preços estavam realmente mais vantajosos. Conseguimos ir a vários locais considerados caros, para um público diferenciado, e pagamos menos do que esperávamos. Comprei bastante roupa e alguns acessórios, como joias e relógios por valores infinitamente melhores do que no Brasil. Uma bolsa grande de couro, por exemplo, saiu na faixa de uns R$ 350. No Brasil seria uns R$ 2 mil”, diz o influenciador.

Invasão brasileira
Miqueias faz parte de um número grande de brasileiros que tem visitado o país vizinho atraído pela desvalorização do peso. Segundo Patricia Mandarino, diretora comercial do ViajaNet, nos meses de maio e junho de 2023, Buenos Aires foi o destino internacional mais procurado na plataforma de viagens online, superando países como Chile e Estados Unidos em número de embarques.

Maria Eugenia Cornejo, diretora executiva do Inprotur Salta, também tem notado aumento expressivo de Brasileiros na região, o que atribui a um voo direto São Paulo-Salta e à desvalorização da moeda argentina.

“O Brasil é o principal mercado emissor para a Argentina e também para Salta. Do total de turistas estrangeiros que a província recebe o Brasil lidera o ranking com 16%. Somos um país que tem muita oferta turística que o brasileiro busca, como neve, vinho e gastronomia (...). A Argentina está passando por uma situação econômica que favorece o câmbio para os estrangeiros, então sim, mais que um atrativo, pode ser uma vantagem escolher um destino onde você possa aproveitar muito mais com um orçamento menor, o que nos torna muito competitivos”, comenta Maria Eugenia.

Peso x real
Conforme cotação oficial do dia 30 de junho de 2023, com um real é possível comprar 53 pesos argentinos. Porém, segundo Diana Carvalho, especialista em turismo, ao trocar no chamado câmbio Blue, uma espécie de câmbio paralelo, a vantagem pode ser ainda maior, chegando a cerca de 102 pesos para cada um real.

Entretanto, alerta a especialista,  é preciso toar alguns cuidados para  não cair em armadilhas, como não fazer câmbio em lugares “estranhos” para não correr risco de notas falsas. “O melhor  é usar contas internacionais ou ainda fazer uma transferência para si mesmo via Western Union. O problema é que como o dinheiro está muito desvalorizado, a pessoa acaba tendo que carregar uma quantidade enorme de notas. Isso é desconfortável, chama atenção e é inseguro. Por isso recomendo dinheiro virtual dos cartões. A pessoa perde um pouquinho na cotação, mas ganha muito em praticidade e segurança”, alerta Diana.

O professor Denis Medina, docente de Economia da Anhembi Morumbi, lembra que a viagem pode trazer um descontrole nas finanças, caso o turista não se informe ou se planeje. Assim, ele orienta evitar o uso do cartão de crédito, que continua sendo desvantajoso em viagens internacionais, mesmo com o real valorizado e, no caso da Argentina, ele sugere pagar o máximo de itens possíveis no próprio país.

“Se possível, vale pagar o hotel quando chegar lá, após trocar o dinheiro no câmbio paralelo, pois isso irá garantir um câmbio mais vantajoso. Obviamente, é preciso cuidados, antes de realizar a troca, é ideal conversar com alguém que já tenha ido e utilizado um determinado serviço de câmbio, que possa indicar, para não cair em golpes”, aconselha Denis.

Independentemente do câmbio, para a viagem ser mais segura e confortável, Patrícia lembra  que é interessante diversificar as opções de pagamento. “É aconselhável levar diferentes formas de pagamento, como dinheiro em espécie (tanto em pesos argentinos quanto em dólares americanos) e cartões de crédito ou débito. Ter opções variadas pode ser útil caso algum método de pagamento não seja aceito em determinado estabelecimento”, diz.

O que fazer?
Segundo os especialistas, a Argentina tem programas para todos os perfis de turistas, sendo que, além de Buenos Aires, Bariloche e Mendoza são destinos muito procurados pelos brasileiros.

“Nosso país vizinho tem muito a nos oferecer. Encontramos neve, cultura e uma gastronomia impecável. No verão ainda podermos desfrutar um cenário maravilhoso de belíssimas vinícolas para nos sentirmos literalmente na “Toscana da América do Sul!”, diz Yandra Gonçalves, sócia da Sports Trip Campinas.

Para quem quer sair do comum, Maria Eugenia ressalta os atrativos de Salta. “Salta tem opções para todos os tipos de viajantes, desde viajar em casal e desfrutar de hotéis exclusivos até relaxar e desconectar enquanto aprecia paisagens impressionantes. Já em família é possível partilhar atividades de aventura ao ar livre, como passeios a cavalo, trekking,  passeio de balão... E  até para os amantes de vinho há opções, como a colheita da uva nos meses de março/abril com atividades para toda a família. “

Documentação
De acordo com Yandra,  brasileiros conseguem embarcar para a Argentina somente com o RG, desde que com validade até 10 anos e fotos atualizadas. Passaportes também são válidos e é recomendável a contratação de um seguro-viagem.