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Entretenimento
Comando de Caça aos Comunistas espancou atores durante apresentação do Roda Viva8; eles não suportaram estilo provocativo de Zé Celso
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Zé Celso Martinez Corrêa | Reprodução
O ano era 1968. A peça Roda Viva, escrita por Chico Buarque sobre a trajetória de um cantor popular, estava em cartaz no teatro Ruth Escobar, em São Paulo. Após o fim de uma das apresentações membros do Comando de Caça ao Comunista (CCC), um grupo paramilitar de extrema-direita, invadiram teatro atrás dos artistas, e não era para pegar autógrafos.
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Os homens destruíram o cenário e agrediram os atores, entre eles Marília Pêra. Na apresentação no Rio também ocorreram agressões. Em Porto Alegre, uma atriz chegou a ser sequestrada. Mas por que fariam isso numa peça que não tinha nenhuma referência explícita sobre política? A resposta: a extrema-direita sentia-se ofendida com a montagem provocativa, visceral e desconcertante do Oficina, comandada por seu diretor, Zé Celso Martinez Corrêa.
Chocar o público com apresentações psicologicamente incômodas era a característica das obras comandadas por Zé Celso e deu seu grupo fundado em 1958 na Faculdade de Direto de Largo de São Francisco, o Oficina, que está de pé e ativo até hoje na região da Bela Vista.
O Oficina se marcou por interação agressiva com a plateia, atores nus e de textos complexos. Em um momento de “Roda Viva”, por exemplo, o elenco devorava um fígado de boi cru, o público da primeira fila invariavelmente era sujo de sangue.
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A companhia ultrapassou o tempo (e o assombro dos mais conservadores) e existe até hoje, sempre comandado por seu inventivo diretor, que morreu nesta quinta-feira, após ser vítima de um incêndio em seu apartamento.
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