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Entretenimento
Casal reabriu ponto de encontro histórico do cinema paulistano próximo ao fluxo da cracolândia
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Renata Forato e Marcelo Colaiácovo, sócios do Bar Soberano | Rodrigo Pivas/Gazeta de S.Paulo
Um casal decidiu ir na contramão do comércio local e abrir há dois meses um novo bar e restaurante na rua do Triunfo, a poucos metros do fluxo da cracolândia e pertinho da Estação da Luz, no centro de São Paulo. O Bar Soberano não é um espaço comum não só por isso. Está no mesmo endereço (e tem o mesmo nome) de um estabelecimento que marcou história por se tornar ponto de encontro da produção cinematográfica paulistana por mais de três décadas.
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O cineasta Marcelo Colaiácovo e a jornalista e produtora Renata Forato decidiram levar à frente a ideia de trazer de volta à vida o bar que existiu durante a década de 1960 e início da de 1990 na Boca do Lixo, região da cidade que produziu filmes aos borbotões. Além de comidas e bebidas, o salão de dois andares abriga também um pequeno museu sobre a história do cinema de São Paulo.
No espaço, inaugurado e comandado por um imigrante português, diretores, roteiristas, continuístas, câmeras, atores e atrizes almoçavam, bebiam e ali encontravam profissionais para a próxima produção das dezenas de produtoras e distribuidoras que existiam nas cercanias.
Entre os filmes havia todos os gêneros que caiam no gosto popular à época, como terror, faroeste e pornochanchada, além de outras películas mais densas. Quase todos foram discutidos nas mesas do Soberano.
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O casal decidiu ir ao local há mais de um ano, e conversou com órgãos da prefeitura, associações de bairro, comerciantes e até com o fluxo da cracolândia para anunciar a reabertura do Soberano. Agora, planeja inaugurar uma sala de cinema de película no último andar, para apresentar filmes históricos de diretores como Carlos Reichenbach, Julio Bressane e Rogério Sganzerla.
Eles garantem que nunca tiveram qualquer problema de segurança por estarem próximo ao fluxo de usuários de drogas, e garantem que a cercania não é tão perigosa quanto parece.
“Queremos mostrar, também, que é possível vir à rua do Triunfo, que aqui não é o fim do mundo de modo algum. Até porque hoje é o lugar mais policiado de São Paulo", disse o cineasta. “É muito mais perigosa a Praça da República ou a Praça Roosevelt do que aqui”, completou.
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Já Forato explicou que os cineastas das antigas já estão voltando a frequentar a rua, além de atrair estudantes de cinema.
“A intenção é que o Soberano volte a servir o que já servia antes: não só comida, mas ser um lugar de encontro dos profissionais de cinema”, disse ela.
A ideia de Colaiácovo e de Forato é a de promover, a partir do Soberano, uma série de melhorias para a rua, como na iluminação e na zeladoria. A proposta é até criar uma calçada da fama em celebração às personalidades que passaram pela Boca do Lixo.
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“Algo importante é ocupar espaços não ocupados. Isso pode requalificar, sim, este território que estamos agora. O importante é trazer mais pessoas para cá, não necessariamente em uma ação do governo”, afirmou Forato.
Uma das pretensões é marcar edifícios com placas referentes às produtoras que ali existiram, como MGM, Paramount e Fox. “Essa memória está soterrada, e a nossa ideia é tratar sobre a memória. Abrir o Soberano significa falar sobre a memória do cinema paulista”, disse a jornalista e produtora cultural.
Uma das personalidades mais conhecidas da Boca do Lixo é José Mojica Marins, o cineasta que ficou célebre pelo personagem Zé do Caixão. Colaiácovo foi assistente pessoal de Mojica durante décadas, que apresentou a ele outras figuras históricas da indústria cinematográfica paulistana.
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O sócio do Soberano também abriu a própria produtora: a Resistência Filmes. Já Folcato mantém a Levante_Plataforma de Ideias, para levar à frente projetos culturais.
Por meio das produtoras o Soberano passou a exibir filmes na Estação da Luz, a partir de uma parceria com o Museu da Língua Portuguesa. Os espectadores não pagam nada, e ainda recebem pipoca e guaraná para aproveitar o programa.
A casa abre de quarta a sábado, das 10h às 17h. A cada duas semanas, às sextas, há uma exibição de filme em película. A entrada também é gratuita. O endereço é rua do Triunfo, 155.
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